Inteligência cultural: como nos relacionamos com culturas diferentes da nossa

Inteligência cultural: como nos relacionamos com culturas diferentes da nossa

Última atualização: 04 dezembro, 2016

Pouco se fala de inteligência cultural e muito da inteligência emocional. Esta última é considerada uma habilidade para perceber, assimilar, compreender e equilibrar as próprias emoções e as dos outros, promovendo um crescimento emocional e intelectual. A partir dessa informação interpretamos o mundo que nos rodeia, o que determina nossa forma de pensar e de nos comportar.

Normalmente damos uma grande importância a ela quando falamos de relacionamentos entre pessoas, mas quando os relacionamentos se estabelecem com pessoas de diferentes culturas, é preciso considerar outra inteligência: a inteligência cultural.

A inteligência cultural

Mas, o que é a inteligência cultural? Nada mais é do a capacidade de se adaptar quando se interage com pessoas de culturas diferentes.

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Componentes da inteligência cultural

A inteligência cultural é formada por quatro fatores. Um fator motivacional, um fator cognitivo, outro metacognitivo e, por fim, um fator comportamental.

  • O fator motivacional enfatiza o interesse intrínseco de experimentar outras culturas e interagir com pessoas diferentes. Um desejo de conhecer e entender coisas diferentes.
  • Por sua vez, o fator cognitivo compreende o conhecimento das normas de outras culturas. Você conhece o sistema econômico e jurídico de outras culturas? Você sabe como se comportar com pessoas de outras culturas segundo suas normas sociais?
  • O fator metacognitivo se refere à consciência transcultural. Compreender os aspectos culturais quando as pessoas fazem julgamentos sobre os seus pensamentos e os dos outros. Em resumo, compreender as ideias dos outros a partir da sua própria cultura.
  • Por fim, o fator comportamental se refere à capacidade de falar e gesticular corretamente segundo as normas de outras culturas. É preciso se perguntar quanto conhecemos de outras culturas. Você sabe outras línguas? Sabe quais rituais praticam outras religiões? Que gestos usam para dizer “ok”? Por outro lado, somos capazes de adaptar nossa linguagem quando falamos com alguém de outra cultura? Respeitamos suas atitudes? Somos capazes de encontrar semelhanças com a nossa própria cultura?

“Quando deixo de ser o que eu sou, me transformo no que poderia ser.”
-Lao-Tsé-

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Talvez, nestes tempos caracterizados pela globalização, à insistência em desenvolver a inteligência emocional deveríamos acrescentar a aprendizagem da inteligência cultural, pois assim conseguiríamos compreender melhor as outras culturas e, no fim das contas, conhecer melhor a nós mesmos porque conhecer o outro nada mais é do que conhecermos a nós mesmos.

“Quem não compreende um olhar também não compreenderá uma longa explicação.”
-Provérbio árabe-

A inteligência cultural no Afeganistão

O que você acharia de alguém que desse um pontapé na porta da sua casa? Isto seria um comportamento esquisito, mas talvez não tanto quanto para os habitantes do Afeganistão, que veem neste gesto muito mais do que um insulto.

Um caso onde as diferenças culturais ficaram evidentes e que fez com que a inteligência cultural passasse a ser considerada pelo exército foi a guerra do Afeganistão.

Um dos gestos que os soldados realizavam constantemente e que era muito mal visto pelos habitantes do Afeganistão era que colocassem cães dentro das suas casas. No Brasil isto pode incomodar muito ou nada, dependendo da pessoa, mas certamente, se em vez de um cão fosse um porco que passeasse pelas nossas casas, surgiriam mais ressalvas.

A princípio, os soldados norte-americanos não eram conscientes de que os cães não eram bem quistos e não eram considerados animais de companhia, e então os introduziam nas casas das pessoas.

Estes dois comportamentos, dentre outras muitas diferenças que foram aparecendo, são exemplos de como uma mesma conduta não é percebida da mesma forma em diferentes culturas. Por sorte o General David Petraeus, encarregado das tropas naquele momento, percebeu as deficiências que os homens sob o seu comando tinham quanto à inteligência cultural e pôde remediá-las.


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