A inteligência é uma realidade coletiva

A inteligência é uma realidade coletiva
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 24 outubro, 2018

Os momentos mais brilhantes da história da humanidade nos mostram que as pessoas que chamamos de “gênios” não costumam ser figuras isoladas que surgem sozinhas. Por isso, afirma-se que a inteligência é uma realidade coletiva.

Sempre que uma dessas mentes privilegiadas aparece, ao seu redor há muitos homens e mulheres que também se destacam intelectualmente.

A história da ciência é um exemplo disso. Os avanços de alguns são impossíveis sem os avanços de outros. A ciência tem sido uma cadeia de descobertas, na qual cada elo contribuiu com o necessário para continuar. Sem Copérnico não haveria Newton, e sem Newton Einstein não teria surgido.

“Inteligência militar são dois termos contraditórios.”
-Groucho Marx-

O mesmo acontece em todas as áreas. É por isso que surgem as “eras de ouro” em um ou outro campo. São momentos em que alguma descoberta ou alguma proposta faz com que muitas inteligências produzam simultaneamente grandes avanços ou desenvolvimentos.

Isso também ocorre em núcleos menores, como ambientes de trabalho, famílias ou grupos de amigos.

Inteligência, uma realidade coletiva

Ao entrar em contato com mentes inteligentes, sua inteligência é aprimorada. Ninguém consegue ser verdadeiramente inteligente em isolamento total. No raciocínio, na capacidade de ver e encontrar soluções, aqueles que nos rodeiam sempre têm muita influência. De certa forma, eles estimulam ou prejudicam nosso intelecto.

Comunicação e troca de ideias

As ideias têm asas maiores quando são compartilhadas. A razão e a sensibilidade dos outros contribuem para que cresçam e fluam. A inteligência dos outros nos torna mais inteligentes e vice-versa. Neste campo, os ambientes também são definitivos.

Essa realidade tem várias consequências. A primeira e mais importante delas é ter consciência de que os vínculos que estabelecemos com os outros não afetam apenas nossa vida emocional, mas também nosso nível de inteligência. Nós também contribuímos para tornar os outros mais ou menos inteligentes.

A estupidez também é uma realidade coletiva

Somos indivíduos, mas também somos uma comunidade. Ambos os fatos estão gravados em nossa essência. A sociedade atual, no entanto, enfatiza muito sobre o indivíduo e pouco sobre a comunidade.

De fato, um dos ideais promovidos é o da grande façanha individual. Fazer algo que leve alguém a se sobressair acima dos outros e que marque seu nome na história com letras douradas.

A parte egoísta do nosso ser, que todos nós temos, não é precisamente a mais inteligente. De fato, chegamos ao mundo egoístas. O bebê não pode fazer nada além de viver em função de si mesmo e de tudo aquilo que atenda às suas necessidades.

Assim, ao sustentar o egoísmo em idades mais avançadas, o que estamos fazendo é sustentar os territórios mais primitivos do que somos.

A inteligência é uma realidade coletiva

Há interesses que promovem a estupidez coletiva. Boa parte dessa estupidez consiste em acreditar que nossa tarefa no mundo é buscar a exaltação do nosso Eu a todo custo, esquecendo ou negligenciando o poder do grupo.

Muitos veem a sociedade como um todo desarticulado, composta por indivíduos que apenas competem uns com os outros. Acreditam que o propósito de tudo está apenas em se impor, mas isso não é verdade.

A inteligência colaborativa

Jean Piaget alegou que um dos traços morais daqueles que desenvolveram sua inteligência no mais alto nível é a busca de soluções cooperativas. Isso implica ter compreendido que somos interdependentes e que qualquer bem individual é irrelevante, se não beneficiar os outros também.

As conquistas individuais criam uma satisfação invejosa e passageira. Há uma grande dose de agressividade latente no desejo de tornar os outros inferiores para exaltar a si mesmo. Sempre tem a ver com sentimentos de inferioridade e insegurança.

Queremos estar acima dos outros para reafirmar que nós valemos alguma coisa, que podemos alguma coisa. No entanto, essa convicção é diluída tão rapidamente quanto surge.

Os grandes gênios da história não se recusaram, nem se recusam, a aprender com os outros. Pelo contrário. Aqueles que fizeram grandes avanços no pensamento sempre partiram das contribuições dos outros para construir suas próprias ideias.

Eles sempre foram encorajados a seguir adiante com o desejo de resolver problemas universais, não pessoais. Esse é, precisamente, um dos sinais da sua inteligência.

As conexões com o mundo atual


Embora a ciência seja o maior paradigma da inteligência coletiva, ou colaborativa, a mesma lógica pode ser aplicada ao nosso dia a dia. Como? Entendendo que todos nós fazemos parte da mesma aventura: compreender e resolver para viver de forma mais plena e feliz.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.