A inveja feminina

A inveja feminina está principalmente relacionada aos aspectos culturais e educacionais que às vezes as colocaram em uma situação de inferioridade em relação aos homens.

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 20 abril, 2022

Como é a inveja feminina? É talvez diferente do que os homens experimentam? Por mais curioso que nos pareça, existem estudos que nos fornecem dados interessantes. Por exemplo, o gênero masculino é conhecido por ficar chateado quando alguém os rivaliza em status e poder. As mulheres, por sua vez, apresentam processos muito mais complexos.

Vivemos em uma sociedade onde, gostemos ou não, as mulheres devem trabalhar mais para conseguir algo. Às vezes, mesmo exercendo o mesmo trabalho profissional, elas devem demonstrar que são mais válidas que os homens para manter o cargo. Suas habilidades, resistência, assertividade, capacidade de negociação, disponibilidade, engenhosidade são colocadas em observação.

A inveja feminina não se expressa apenas entre as mulheres. O físico de amigas, de outras mulheres mais bonitas ou com vestidos mais caros não é exclusivamente invejado. Essa emoção também é direcionada ao gênero masculino. Também se estende ao nível familiar, para aqueles membros que têm maior reconhecimento do que elas. Também aparece em relação ao próprio parceiro, quando socialmente, por exemplo, eles têm maior respeito ou admiração.

A gênese da inveja

Inveja não é exatamente sentir aflição porque o outro tem algo que não possuímos, seja um objeto, um estado ou uma condição. Às vezes você também inveja alguém que nem tem nada. A inveja funciona mais na lógica de desejar a satisfação que outra pessoa experimenta.

Alguém pode ter, por exemplo, roupas muito modestas. Mas essa pessoa gosta delas. Isso pode fazer alguém invejar, mesmo quando essa outra pessoa é quem usa vestidos mais caros. Não é que ela queira ter as roupas da outra, mas ela quer experimentar a gratificação que ela sente.

Inveja é ver que os outros alcançam o reconhecimento que nós não obtemos fazendo o mesmo. Também é não ter as habilidades que outras pessoas demonstram e que você não possui. Da mesma forma, estudos como o realizado na Universidade da Califórnia indicam o seguinte:

• É um fenômeno que todo ser humano vivencia e que muitas vezes surge inconscientemente.
• É também uma emoção reprimida que tentamos esconder até de nós mesmos.

Da mesma forma, e no caso das mulheres, a inveja torna-se mais uma dessas cargas culturais, produto de vários séculos de desprezo e exploração a que o gênero foi submetido.

A inveja feminina

A inveja feminina está no repertório das excluídas. Não se fala disso e até as próprias mulheres evitam reconhecer esses processos internos em si mesmas. Assim, em trabalhos como os publicados na revista Human Behavior and Evolution Society, nos apontam, por exemplo, que o gênero feminino vivencia essa realidade habitualmente no seio da família.

É comum sentir inveja quando os pais, por exemplo, valorizam mais os irmãos. O aspecto cultural costuma estar muito arraigado e, sem dúvida, orquestra essa inveja feminina para aspectos quase insuspeitos. Por exemplo, as psicólogas britânicas Susie Orbach e Luise Eichebam apontam o seguinte:

• Há mulheres que têm dificuldade em reconhecer suas próprias necessidades e desejos devido à sua educação. O fato de ver, por exemplo, outras mulheres mais autoconfiantes, assertivas e que sabem reivindicar o que querem, gera inveja.
• Muitas vezes, o gênero feminino olha para as habilidades que outras pessoas têm e que elas não trabalharam em si mesmas. É um aspecto comum que deve, sem dúvida, nos convidar a refletir.

Os estudos sobre a inveja feminina nos apontam para outro aspecto. As mulheres não invejam mais do que os homens e vice-versa. Todos nós vivenciamos essa realidade. Ambos observam, e às vezes anseiam, o sucesso social de outros, bem como a atratividade física de outros, é algo comum.

No entanto, no caso dos homens, apresentam pontuações mais altas no aspecto da inveja centrada no status. As mulheres em todos os aspectos mencionados acima. Ainda assim, ao contrário dos homens, a hostilidade entre as mulheres geralmente é inofensiva.

Ela se limita a esses pequenos ódios cotidianos, mas raramente ultrapassa esses limites. De fato, é comum que a solidariedade e a sororidade prevaleçam sobre a rejeição em momentos decisivos. Essa é a natureza feminina.