Ir de casa para o trabalho afeta a nossa saúde

Quanto tempo você perde para ir e voltar do trabalho? A ciência nos diz que essas horas gastas no deslocamento são uma importante fonte de estresse e ansiedade.
Ir de casa para o trabalho afeta a nossa saúde
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Todos os dias, podemos perder 1 ou 2 horas em média para ir e voltar do trabalho. Isso se torna não apenas uma perda de tempo, como também uma fonte de estresse e uma forma de colocar as nossas vidas em risco, sobretudo se formos de carro. Por esse motivo, pesquisas recentes insistem que ir de casa para o trabalho afeta a nossa saúde.

É verdade que o teletrabalho está se tornando cada vez mais comum. No entanto, também é fato que grande parte do mercado de trabalho consiste em funções obrigatoriamente presenciais. É o que ocorre, por exemplo, em hospitais, escolas, fábricas, supermercados, etc. Dessa forma, milhões de pessoas se deslocam todos os dias da tranquilidade de suas casas para os seus respectivos trabalhos.

Isso supõe desde um importante gasto financeiro (seja em combustível ou na tarifa do transporte público), até um sério impacto no nosso bem-estar mental. Sente-se cansaço, falta de sono, estresse e ansiedade. A pessoa tem a sensação de estar perdendo tempo, um tempo que não pode compartilhar com a família nem usar para descansar.

“Um minuto que passa é irrecuperável. Sabendo disso, como podemos perder tantas horas?”

-Mahatma Gandhi-

Mulher com ansiedade por ir de casa para o trabalho
Cada vez precisamos ir mais longe para trabalhar, em áreas cada vez mais congestionadas.

É assim que ir de casa para o trabalho nos afeta

Ter um emprego nos permite ter um sustento, construir um projeto de vida e até mesmo nos sentirmos realizados. No entanto, às vezes, o custo desse trabalho e responsabilidade é alto demais. Por exemplo, para muitas pessoas, ir de casa para o local de trabalho implica gastar uma parte valiosa do seu tempo.

Da mesma forma, há outro aspecto não menos notável. Cada vez moramos mais longe do local onde realizamos o nosso trabalho. Nem todos têm a sorte de poder ir a pé para o trabalho. Por isso, o mais comum é ter que pegar o carro, ou usar o transporte público e programar os nossos alarmes para madrugar todos os dias.

Além disso, outro fator notável é o aumento de veículos e do trânsito. As estradas e rodovias são autênticas selvas de asfalto nas quais são frequentes os engarrafamentos, a pressa, as derrapagens e descuidos. É necessário manter todos os nossos sentidos bem apurados para evitar qualquer contratempo. Algo difícil de conseguir quando o sono e as remelas ainda pesam nos olhos…

Ir e voltar do trabalho: um caminho para o mal-estar

Geralmente se diz que criamos um sistema laboral que impõe irremediavelmente a direção ou a dependência de algum meio de transporte. Gastamos cada vez mais tempo nestes deslocamentos e, apesar de tentarmos promover o uso de bicicletas ou patinetes elétricos, a verdade é que estes recursos nem sempre são úteis.

Uma pesquisa da Universidade de Alicante insiste que ir de casa para o trabalho afeta a nossa saúde. Quanto maior o tempo investido, maior o impacto negativo na vida da pessoa. Além disso, também se observou que as viagens mais longas afetam as mulheres com maior intensidade.

Talvez isso ocorra porque, em geral, são elas que continuam a assumir as tarefas que vão além do próprio trabalho. Assim, ter que perder uma ou duas horas para ir e voltar do trabalho tira o tempo de cuidar dos filhos, da casa, etc.

Gatilhos para o estresse e a ansiedade ao ir de casa para o trabalho

É verdade que há quem goste dos deslocamentos ao ir de casa para o trabalho. Talvez aqueles que precisam dirigir apreciem esses minutos de solidão consigo mesmos. Por sua vez, quem vai de metro ou de ônibus tem a oportunidade de se desconectar por meio de uma leitura ou da música.

No entanto, a verdade é que são muito poucos os que apreciam esses intervalos forçados de tempo.

  • Em primeiro lugar, essas viagens exigem madrugar antes, assim como chegar em casa mais tarde.
  • Dirigir é uma atividade que exige grande concentração; algo que, às vezes, é estressante. Estradas congestionadas, trânsito, atrasos ou manobras ruins dos outros motoristas intensificam o mau humor. Também há a incerteza: nunca sabemos o que vamos encontrar quando pegamos o carro.
  • O transporte público está cada vez mais lotado. Os atrasos são frequentes e essa é outra variável que pode gerar ansiedade.
  • Quando o deslocamento de casa para o trabalho é longo, a pessoa chega ao trabalho com uma grande carga de exaustão. Esse cansaço se acumula dia após dia, enfraquecendo assim a saúde da pessoa.
  • Da mesma forma, também devemos acrescentar outros dois fatores preocupantes: a poluição sonora e ambiental. Ambas as dimensões têm um grande impacto no nosso bem-estar.
Mulher gritando no carro para ir de casa para o trabalho
Quando percorremos longas distâncias para ir ao trabalho, muitas vezes chegamos exaustos e de mau humor.

Ir de casa para o trabalho aumenta o risco de doenças cardiovasculares

Quando passamos uma ou duas horas (às vezes mais) no caminho para ir ao trabalho todos os dias, a última coisa que queremos fazer é praticar esportes. Obviamente, sempre há exceções. No entanto, uma pesquisa da Dra. Christine M. Hoehnr, da Universidade de Washington, aponta para uma relação importante.

Quando o deslocamento é longo, há um maior risco de ter doenças cardíacas. A razão? Essa exaustão acumulada aumenta o sedentarismo. Afinal, chegamos em casa sem vontade de nos mexer e praticar esportes. Juntamente com isso, há também a sempre perigosa falta de sono. Tudo isso leva à hipertensão, ganho de peso, maus hábitos alimentares… Além disso, também aparece outra variável não menos relevante.

Essas horas perdidas tiram tempo com a família, de lazer e de descanso. A mente cai no desânimo, vendo como os dias passam e a rotina sufocante e repetitiva continua a mesma. Tudo isso acaba prejudicando não só a saúde física, mas também a saúde psicológica.

De fato, ir e voltar do trabalho é, em muitos casos, um caminho direto para o mal-estar. Isso é algo difícil de remediar, mas que devemos ter em mente. O trabalho deveria ser uma dimensão que oferece projeção, sustento e bem-estar, e não um fator para nos roubar a qualidade de vida.


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