Os efeitos psicológicos da poluição sonora

O barulho do trânsito, da construção ou de uma rua movimentada nos afeta mais do que pensamos. Neste artigo queremos falar sobre as consequências da poluição sonora, bem como algumas estratégias para minimizar suas consequências.
Os efeitos psicológicos da poluição sonora
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Você já ouviu falar que viver no campo é mais saudável do que viver na cidade? Isso não se deve apenas à melhor qualidade do ar ou ao ritmo de vida mais calmo e tranquilo. Existe um fator relevante para a nossa saúde mental e psicológica que muitas vezes negligenciamos: a poluição sonora.

Este termo refere-se à presença no ambiente de ruídos ou vibrações de qualquer tipo que causem desconforto, interfiram no funcionamento diário ou representem risco ao bem-estar. Suas principais causas são o trânsito, obras ou vida noturna; entidades que todos conhecemos bem e com as quais convivemos diariamente.

Se você quiser saber mais sobre como a poluição sonora pode afetá-lo, convidamos você a continuar lendo esse artigo.

Que tipo de ruídos geram poluição sonora?

Normalmente, tendemos a considerar nocivos ou perigosos apenas aqueles ruídos que se apresentam com alta intensidade. Por exemplo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que o limite superior desejável é de 65 dB. A partir daqui, podemos falar de ruído ou poluição sonora que é prejudicial.

No entanto, isso não é nada extraordinário considerando que um motor de ônibus gera cerca de 70 dB e 80 dB é alcançado com uma rua barulhenta ou um bar animado. Em outras palavras, muitas vezes convivemos com níveis de ruído perigosos; de fato, estima-se que um quarto da população esteja exposta a níveis de poluição sonora acima do desejável.

No entanto, além da intensidade, existem outros fatores que influenciam os danos causados pelo ruído. Considere que um dos aspectos determinantes é a resposta psicológica causados por ele ou o nível de estresse que ela gera em nós.

Assim, podemos dizer que um ruído gera maior incômodo ou respostas emocionais negativas se atender aos seguintes requisitos:

  • É percebido como desnecessário.
  • Gera respostas psicológicas negativas, como medo ou pânico.
  • A pessoa o percebe como prejudicial à sua saúde.
  • O ruído é intermitente. Em geral, os sons contínuos nos permitem até certo ponto nos acostumarmos com sua presença; no entanto, quando são intermitentes, são experimentados como mais agressivos e intrusivos.
  • É imprevisível. Novamente, é mais fácil nos adaptarmos a um som que, embora intermitente, ocorre com certa periodicidade. Quando aparece aleatoriamente, nos alerta repetidamente, nos tira o foco, chama toda a nossa atenção  e parece mais ameaçador.
Mulher cobrindo os ouvidos por causa da poluição sonora
Uma grande parte da população está diariamente exposta a elevados níveis de poluição sonora.

Efeitos psicológicos da poluição sonora

Sabemos que a poluição sonora pode causar danos auditivos (temporários ou permanentes) e inclusive já foi associada a problemas cardiovasculares e endócrinos. Mas seus efeitos negativos em nível psicológico também são importantes e facilmente perceptíveis.

Uma das mais comuns e preocupantes é o seu efeito no repouso. O ruído impede o sono tranquilo e pode gerar diversos distúrbios relacionados, como insônia ou sono fragmentado e de má qualidade. Algo que, sem dúvida, também afeta o funcionamento diário e pode causar mau desempenho no trabalho e um estado de espírito negativo.

Por outro lado, dificulta a concentração e interfere no funcionamento cognitivo e na memória. Quando estamos expostos a ruídos ambientais, não conseguimos pensar com clareza, cometemos mais erros de execução e demoramos a concluir nossas tarefas.

Além disso, a poluição sonora, sem dúvida, afeta nossas emoções, gerando irritabilidade, agressividade e desagrado. Os altos níveis de estresse a que nos submete não só levam ao desconforto pessoal, mas também afetam nossas relações sociais, aumentando a presença de conflitos e também inibindo o desejo sexual.

Se a exposição ao ruído for prolongada ou contínua (algo que acontece frequentemente em grandes centros populacionais), aumenta o risco de sofrer de transtornos de ansiedade ou depressivos.

mulher estressada
A irritabilidade é um dos efeitos psicológicos mais comuns da poluição sonora.

Prevenir as consequências

Infelizmente, não há muito que possamos fazer em nível pessoal para nos livrarmos desses efeitos desagradáveis. Mudar para áreas rurais ou áreas com pouco tráfego nem sempre é uma opção e são principalmente as regulamentações comunitárias que devem restringir as emissões de ruído.

Mesmo assim, um dos pontos fundamentais é preservar o descanso, por isso é conveniente colocar o quarto em cômodos internos ou até mesmo recorrer a recursos como o ruído branco que pode mascarar outros sons ambientais.

Da mesma forma, nossa atitude também é relevante, por isso devemos tentar manter nossos níveis de estresse baixos, talvez incluindo hábitos como respiração ou mindfulness em nossa prática diária.


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