John Hughlings Jackson, precursor da neurologia

John Hughlings Jackson era um cientista rigoroso, que empregava métodos de observação e análise muito eficazes, apesar das grandes limitações de seu tempo. Charcot, Freud e muitos psiquiatras o consultaram como fonte.
John Hughlings Jackson, precursor da neurologia
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 07 setembro, 2020

John Hughlings Jackson é considerado um dos pais da neurologia, embora suas contribuições tenham sido muito aplicadas na psiquiatria.

A maior parte de sua vida se passou no século XIX, época em que quase não havia meios de estudar o cérebro. Por isso, é surpreendente que ele tenha chegado a conclusões tão válidas.

John Hughlings Jackson é lembrado, principalmente, porque seus estudos permitiram compreender a epilepsia. De fato, suas pesquisas sobre as crises psicomotoras temporárias permanecem válidas e basicamente não se expandiram.

“Tudo que fazemos, cada pensamento que temos, é produzido pelo cérebro humano. No entanto, a forma exata como isso funciona continua sendo um dos maiores mistérios não resolvidos”.
– Neil deGrasse Tyson-

O destaque deste grande pioneiro foi a sua capacidade de observação e análise. Ele mantinha registros extremamente detalhados de casos clínicos e, a partir deles, chegava a conclusões surpreendentemente precisas.

Ele também foi membro da Royal Society, grupo científico de maior prestígio no Reino Unido.

Estudos de John Hughlings Jackson sobre o cérebro

As origens de John Hughlings Jackson

John Hughlings Jackson nasceu em 4 de abril de 1835 em York, Inglaterra. Ele era o mais novo de cinco irmãos. No total, foram quatro homens e uma mulher.

Seu pai era um fazendeiro próspero que também fabricava cerveja. Sua mãe veio de uma rica família de coletores de impostos.

Jackson veio ao mundo em um momento de grandes mudanças. As ciências estavam em plena efervescência, mas muitas delas ainda não haviam se consolidado como disciplinas formais.

A medicina, por exemplo, era vista como uma área derivada de algo que estava entre a barbearia e o ofício dos boticários.

John Hughlings Jackson terminou sua educação formal aos 15 anos, depois de ter passado por várias escolas provinciais. Então, ele se matriculou como aprendiz de um médico chamado William Charles Anderson.

Mais tarde, foi para a Faculdade de Medicina de York e, finalmente, recebeu lições no Hospital de São Bartolomeu, em Londres.

Um médico notável

John Hughlings Jackson se estabeleceu como médico residente no dispensário de York. Mudou-se para Londres em 1859, e nesse mesmo ano publicou seu primeiro artigo de neurologia sobre paralisia facial.

Ele também se tornou repórter médico, junto com seu amigo de longa data, Jonathan Hutchinson.

Em 1860, Jackson apresentou uma tese na Universidade de St. Andrews para obter um doutorado em medicina. Ele obteve o título e isso impulsionou sua carreira.

Em 1863, tornou-se médico assistente no Hospital de Londres, onde foi encarregado de dirigir o programa de Diagnóstico Neurológico.

Desde então, começou a fazer publicações frequentes e periódicas, em que chamava a atenção para a solidez de suas teses. Sua metodologia para a análise dos quadros clínicos e seus estudos sobre a afasia de Broca lhe trouxeram uma grande prestígio.

No entanto, foi em 1869 que ele publicou Um Estudo de Convulsões, obra que se tornou um clássico da medicina.

Grandes contribuições para a medicina

John Hughlings Jackson postulou que o sistema nervoso era dividido em três níveis.

O nível inferior incluía os movimentos mais elementares e dependia da medula espinhal. O nível médio correspondia ao que ele chamou de área motora e estava ligado ao córtex cerebral. O nível superior envolvia as funções mais complexas e estava associado à área pré-frontal.

Suas pesquisas também nos permitiram entender a epilepsia como nunca antes. Ele fez uma boa análise de seus sintomas, tipologias e variedades. Também conseguiu associar algumas manifestações desta doença com transtornos mentais e comportamentais, o que foi uma inovação.

Jackson também foi o fundador de uma revista científica de prestígio chamada Brain. Surpreendentemente, esta iniciativa nasceu em 1878 e continua vigente até os dias de hoje. Nela, são publicados trabalhos tanto de neurologia clínica quanto de neurologia experimental.

Os nervos do corpo humano

O legado de John Hughlings Jackson para a neurologia

John Hughlings Jackson recebeu grandes homenagens ao longo de sua vida. Ele foi presidente da Sociedade de Oftalmologia do Reino Unido, da Sociedade Médica de Londres e da Sociedade Clínica de Londres. Além disso, foi nomeado membro da Royal Society em 1978.

Mais tarde, se tornou o primeiro presidente da Sociedade Neurológica de Londres e recebeu títulos honorários de diferentes universidades da época. Sua influência no estudo do cérebro e do sistema nervoso foi enorme.

Tanto é assim que grandes figuras como Charcot, Sigmund Freud, Henry Ey e os psiquiatras William Osler e Joseph Lister, entre outros, partiram de seus trabalhos.

John Hughlings Jackson morreu aos 71 anos, em 7 de outubro de 1911. Durante seus últimos anos ele sofreu de surdez, mas permaneceu ativo até o fim de sua vida.


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  • Covo, P. C. (2006). John Hughlings Jackson, un científico victoriano. Acta Neurol Colomb, 22(3).

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