Margaret Mahler e as fases do desenvolvimento infantil

Margaret Mahler foi uma psicanalista proeminente que desenvolveu um modelo da evolução das crianças, desde o nascimento até a primeira infância. Ela também introduziu novas técnicas terapêuticas que se mostraram eficazes.
Margaret Mahler e as fases do desenvolvimento infantil
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 01 agosto, 2021

Margaret Mahler foi uma das figuras da psicanálise que deu grandes contribuições para a compreensão do desenvolvimento infantil. Ela era médica e pediatra, mas sua própria experiência e algumas situações que presenciou a levaram a se inclinar para a prática analítica.

Em particular, a maior contribuição de Margaret Mahler foi para a psicologia evolucionista. Ela conseguiu definir e caracterizar as etapas pelas quais a criança passa, desde o nascimento até a primeira infância. Em sua teoria, a relação do filho com a mãe é de fundamental importância.

Para elaborar seu modelo de desenvolvimento emocional, Mahler partiu da teoria do desenvolvimento psicossexual da criança de Sigmund Freud. No entanto, ela também contou com outros autores, como Sandor Ferenczi e Donald Winnicott, além de sua própria prática clínica.

“A eclosão é o que permite que a criança fique mais alerta aos seus sentidos, ficando alerta quando está acordada”.
-Margaret Mahler-

Menino brincando

O contexto inicial

Margaret Mahler nasceu em Sopron (Império Austro-Húngaro) em 10 de maio de 1897. Seu pai era um médico de prestígio, que buscava educá-la como se fosse um menino e não uma menina. Naquela época, o mundo do conhecimento não era para as mulheres, mas o pai de Margaret via de forma diferente e isso, de uma forma ou de outra, a marcou.

Logo nasceu sua irmã Suzanne. Sua mãe era uma dona de casa infeliz com a vida. Ela tinha alguma apreensão em relação a Margaret e desenvolveu um profundo apego por Suzanne. É muito provável que essa situação tenha sido a origem da teoria que Mahler desenvolveu anos depois.

Seu pai a encorajou a ir para Budapeste com apenas 16 anos para estudar na universidade. Lá, entrou em contato com o Círculo de Budapeste, grupo psicanalítico criado e dirigido por Sandor Ferenczi, na companhia de Michael Balint e Imre Hermann. Embora gostasse das ideias freudianas, ela decidiu não seguir a psicanálise.

Um ponto de inflexão na vida de Margaret Mahler

Margaret Mahler começou a estudar história da arte na Universidade de Budapeste. No entanto, ela logo percebeu que seu espírito científico era mais forte do que suas preocupações artísticas. Assim surgiu seu desejo de aprender sobre medicina. Ela se transferiu para a Universidade de Munique e fez estágio em pediatria lá.

A essa altura, o antissemitismo estava começando a ganhar força. Ela e sua irmã foram presas simplesmente por serem judias. Isso a levou a se mudar para Jena, onde terminou os estudos em 1922. Nesse mesmo ano, ela viveu um acontecimento que marcou sua vida para sempre.

Tudo aconteceu em uma clínica noturna onde Margaret Mahler prestou seus serviços. Um homem veio hospitalizar seu filho pequeno, pois ele tinha um crescimento fraco. Naquela mesma noite, a criança morreu sem uma causa médica identificada que justificasse a morte. Isso fez Mahler começar a pensar sobre o papel da mente.

Criança em janela

O exílio de Margaret Mahler e seu trabalho sobre o desenvolvimento infantil

Em 1922, ela teve que deixar a Alemanha e se estabelecer em Viena. Lá, ela fez uma análise de supervisão com Helen Deutsch e se dedicou inteiramente à psicanálise. Aos 39 anos, ela se casou com um químico chamado Paul Mahler, que levava uma vida complicada. Pouco depois os nazistas invadiram a Áustria. Graças aos bons ofícios da viúva do vice-rei da Índia, que fora sua paciente, os Mahlers puderam fugir para a Inglaterra.

Depois, se mudaram para os Estados Unidos, onde Margaret não foi muito bem recebida. Além disso, ela tentou fazer com que seus pais se juntassem a ela, mas eles não aceitaram. Seu pai faleceu durante aqueles anos e sua mãe foi transferida para o campo de Auschwitz, onde morreu.

Apesar de tudo, a carreira de Margaret Mahler começou a decolar em solo americano. Recebeu um cargo de professora no Instituto Psicanalítico da Filadélfia em 1950. Lá, ela desenvolveu sua teoria do desenvolvimento infantil e também criou um método psicanalítico para o atendimento de crianças, que incluía a presença da mãe.

Durante a maior parte de sua vida, Margaret Mahler passou por sucessivos episódios de depressão. Porém, sua inteligência e a fé em seu trabalho sempre lhe permitiram vencer. Seu trabalho paciente e constante lhe permitiu criar a famosa teoria da separação-individuação. Trabalhou até a sua morte em 1985, aos 88 anos.


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  • Mahler, M. S., Pine, F., & Bergman, A. (1977). El nacimiento psicológico del infante humano: simbiosis e individuación. Marymar.

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