Mentalidade de crescimento: você é o que você pode chegar a ser

Mentalidade de crescimento: você é o que você pode chegar a ser
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Além do que você é e além do que os outros dizem a seu respeito, existe também o que você pode vir a ser, todo o seu potencial e determinação que podem ser mostrados ao mundo. Se aplicarmos uma mentalidade de crescimento, podemos romper com condicionamentos e amarras para avançar com maior confiança e otimismo.

Poucas estratégias podem ajudar tanto a promover a mudança e alcançar o bem-estar quanto desenvolver uma mentalidade de crescimento e se dedicar a aplicá-la no nosso dia a dia.

Há quem diga que as pessoas, assim como qualquer organização, podem ser caracterizadas por dois enfoques diferentes. Por um lado temos quem está aplicando a mentalidade de crescimento, por outro, temos quem faz uso de uma mentalidade mais fixa.

Quando estamos entre as pessoas que se identificam com a primeira dimensão, acabamos nos constituindo como entidades que confiam no seu próprio talento, e que assim podem melhorar e se desenvolver mais ainda.

Ou seja, podem despertar seu próprio potencial através do trabalho, da constância e da inovação para alcançar sucesso e bem-estar.

“Se você acredita totalmente em si mesmo, não haverá nada que não esteja ao seu alcance”.
-Wayne Dyer-

No polo contrário, temos uma outra dinâmica bastante comum: aquela em que uma pessoa acha que já tem tudo de que precisa e já chegou aonde poderia chegar. Ao aplicar essa perspectiva na vida, essa mentalidade fixa, esquivam-se de qualquer tentativa de mudança ou de melhora.

Essas pessoas fecham as portas da mudança e do desafio, nunca estão dispostas a ir mais além, pois preferem ficar em solo firme e seguro, alimentando as mesmas coisas, as mesma estratégias obsoletas.

Desse modo, e por mais curioso que pareça, essa última mentalidade acaba sendo a dinâmica diária de muitos de nós – e também de muitas empresas. Claro que elas não costumam evoluir muito.

Assim, quando menos esperamos surge em nossa mente aquela voz que nos diz algo como: “Você não precisa mudar. Não mude! Não faça nada. É melhor você ficar onde está. Você já é inteligente, você já tem um emprego, a sua empresa está bem posicionada no mercado… Por que se arriscar?”

Se esse diálogo interno é algo familiar para você, esse é o momento de descobrir como pode ser muito benéfico fazer uso do verdadeiro enfoque do desenvolvimento pessoal: a mentalidade de crescimento.

Mentalidade de crescimento

Mentalidade de crescimento: além do ser está o potencial

Todos sabemos que nossas mentes têm capacidade de influenciar de forma direta as nossas vidas. Somos o que pensamos e o que nossos pensamentos nos fazem sentir. Além disso, o que mais influencia a nossa realidade é o que pensamos sobre nós mesmos. Na verdade, é aí que está a chave de tudo.

Esse último pensamento é precisamente o que a Dra. Carol Dweck, da Universidade de Stanford, pôde ver em suas pesquisas. Ela é uma das pesquisadoras mais renomadas do campo da personalidade e da psicologia social, e quem cunhou o temo mentalidade de crescimento.

Em uma pesquisa que durou mais de 30 anos e que fui publicada no espaço MindsetWorks, a Dra. Dweck demonstrou que aquilo que os estudantes pensam sobre sua própria pessoa afeta de forma direta o seu rendimento.

Essa ideia com a qual todos conseguimos concordar rapidamente gera importantes nuances e consequências que devem ser compreendidas:

  • Se elogiamos um aluno exclusivamente por suas habilidades ou inteligência, ele nem sempre assumirá desafios ou metas pessoais. Por quê? Ele terá medo de não estar à altura da sua imagem em algum momento, e poderá preferir ficar em sua zona de conforto, onde já é seguro e onde suas competências já adquiridas são continuamente reforçadas. Não basta, portanto, dizer a uma criança que ela é inteligente, temos que dizer algo ainda mais importante.
  • Se elogiamos um aluno pelo esforço que ele faz, se incentivamos nele o desenvolvimento do valor do trabalho e se fazemos com que veja seus avanços e sucessos, ele terá uma imagem muito positiva de si mesmo. Não temerá, por exemplo, assumir novas tarefas ou metas, porque elas serão um modo de desafiar a si mesmo e comprovar que ele pode sempre ir além.
Professora tirando dúvida de aluno

A mentalidade que vamos plantar nos nossos filhos e adolescentes se refletirá de forma direta em seu desempenho. Essa é a conclusão à qual a Dra. Carol Dweck chegou em seu meticuloso estudo que, mais tarde, foi divulgado no Informe Stanford em 2007.

A mentalidade de crescimento é algo que vai além da motivação, é acender a faísca para poder dar a alguém a capacidade de fazer a fogueira, de fazer muito mais, de mostrar que seu potencial não é limitado. Que na vida não basta ser, temos que demonstrar, nos esforçar, ser constantes e otimistas.

Você é mais do que acredita: a necessidade de aplicar a mentalidade de crescimento

As pessoas são acostumadas com os rótulos. Há quem tenha TDAH – o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Há quem tenha depressão, outros têm ansiedade. Alguns são introvertidos, outros são sensíveis demais, outros muito solitários. Há pessoas que são uma negação para a matemática, outros obsessivos e alguns incrivelmente inteligentes.

Quando alguém nos diz o que somos, seja a partir de um simples comentário ou como resultado de uma consulta clínica, há quem diga algo como: “Bom… Ok. Então é isso. É isso o que eu sou então é assim que eu vou me comportar”.

Isso é algo que vemos muito frequentemente em salas de aula: muitas crianças ficam condicionadas por aquilo que os adultos dizem sobre elas. Ninguém as ensinou (e também não nos ensinaram) a focar as coisas a partir de uma outra perspectiva.

Aplicar a mentalidade de crescimento é dizer a nós mesmos: “Ok. Os sintomas estão aí. Sou mais nervoso que o normal, mais inteligente ou menos inteligente que os demais. Tenho uma tendência para a depressão, posso perceber. Mas esse rótulo não diz tudo o que sou. O que me define é o meu comportamento.” 

“Agora que sei das minhas dificuldades ou facilidades posso ver tudo mais claramente, mas longe de me definir, posso usar isso para me ajudar a ir mais longe, melhorar minha realidade e fazer com que as coisas mudem para a melhor!”.

Mulher com mentalidade de crescimento

A Dra. Carol Dweck propõe, em seu conhecido livro “Mindset: A Atitude do Sucesso”, que aprendamos a aplicar as seguintes estratégias em nosso dia a dia para favorecer essa mentalidade de crescimento:

  • Entenda que cada um pode chegar ao mundo com diferentes habilidades. No entanto, o verdadeiro talento é criado, é praticado, é um trabalho diário e exige esforço.
  • Assuma novos desafios, trace metas e mantenha um diário.
  • Tenha uma visão positiva.
  • Valorize as críticas que forem construtivas, aquelas que podem ajudá-lo a crescer. Ignore todas as outras.
  • Tenha disciplina, constância e abertura. O sucesso não vem pelo acaso; todo triunfo ou mudança implica trabalho, persistência e confiança em si mesmo.

Para concluir, a mentalidade de crescimento requer que nos aceitemos, que olhemos para nós e reconheçamos as qualidades e defeitos. Exige também que sejamos capazes de nos ver como pessoas orientadas para a mudança, e não como alguém fixo e imutável.

O ser humano, por si mesmo, é mudança e movimento, é fluidez, evolução, é abertura e aprendizagem contínua. Mova-se! Mantenha-se com a mente pronta e disposta para o desafio do crescimento constante. A recompensa é a felicidade.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.