A bela metáfora da libélula e os ciclos da vida

A figura da libélula transmite uma série de metáforas e simbolismos sobre a nossa existência. Compartilhamos com esse inseto a capacidade de nos transformarmos e a mágica habilidade de nos adaptarmos a diferentes cenários.
A bela metáfora da libélula e os ciclos da vida
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

A metáfora da libélula é um recurso simbólico muito interessante para entender os ciclos da vida. Às vezes, esse tipo de referência na qual o literário se mistura com o místico, o antropológico com a inquestionável força de alguns seres do mundo natural, é muito útil para nós.

Lobos, gatos, borboletas, elefantes… Os animais e seus atributos sempre nos oferecem boas lições que podem nos servir de inspiração.

A libélula é um deles. Tradicionalmente, aparece como um totem que engloba dois processos básicos: adaptabilidade e transformação. Esse inseto sempre atraiu a atenção do ser humano por ser uma criatura que pertence a três das esferas desse mundo: terra, água e ar.

Seus processos de transformação, de uma ninfa até se tornar uma libélula, a levam a estar em contato com esses cenários essenciais da própria natureza.

É uma criatura de grande beleza e fragilidade que pertence a esse planeta há muito tempo, antes do surgimento do ser humano como espécie. De fato, e como curiosidade, sabemos que já existiam libélulas no período do Carbonífero (há mais de 300 milhões de anos). Mas elas eram um pouco diferentes: tinham uma grande envergadura e suas asas atingiam 90 cm.

Esse gigantismo sofreu uma redução significativa até chegar ao ponto como as conhecemos atualmente. São criaturas etéreas e quase mágicas que margeiam qualquer região onde houver água e das quais podemos tirar vários ensinamentos.

“As libélulas são lembretes de que somos luz. Todos nós podemos refleti-la e oferecê-la aos outros de maneira poderosa se assim decidirmos”.
–Robyn Nola–

A metáfora da libélula: mudanças, adaptação e evoluções

Os anistópteros ou libélulas são um dos insetos mais fascinantes do reino dos invertebrados . Elas são incrivelmente rápidas, podendo atingir 85 km/h. Para cientistas e curiosos, um dos aspectos mais atrativos sobre elas são seus olhos.

Eles têm cerca de 30.000 facetas hexagonais e cada uma dispõe do seu próprio cristalino e retina. Tudo isso com uma finalidade: proporcionar ao animal uma das visões mais perfeitas da natureza, que permite enxergar 360º ao seu redor com apenas uma olhada.

No entanto, além da sua anatomia, das suas cores impressionantes e do seu voo extraordinário, existe seu simbolismo. A metáfora da libélula está enraizada em várias culturas, as mesmas que observaram em seu ciclo de vida uma semelhança com a nossa própria existência. Vamos analisar em detalhes.

Uma vida de transformações

A libélula tem um ciclo de vida muito particular. Ela passa por três fases muito específicas em sua metamorfose, desde a eclosão do ovo, passando pela fase de ninfa até se tornar uma espetacular libélula. Essa jornada dura entre 3 e 6 anos, mas curiosamente a etapa mais curta é a última.

A etapa como libélula dura apenas algumas semanas. Grande parte da sua existência é vivida como uma criatura da água, uma ninfa que respira por meio de brânquias e se alimenta de vermes e girinos. Posteriormente, começa a se transformar, e essa jornada de mudanças a obriga a passar por cerca de 15 trocas de pele até surgirem as asas.

Tanto as libélulas quanto nós nos adaptamos a essa viagem vital de mudanças onde quase nada é estático. Elas entendem que, para sobreviver em qualquer meio, é necessário mudar, trocar de pele, abrir mão de formas antigas. Somente então conseguiremos ser aquilo que sempre esteve dentro de nós e com o que sonhamos.

Viver o dia a dia ao máximo

A metáfora da libélula nos ensina uma valiosa lição: a necessidade de aproveitar o dia a dia ao máximo. Quando a ninfa troca sua última pele e as asas emergem, ela está ciente de que sua existência será efêmera. Então, chega o momento de abraçar o vento, de viajar, de explorar, de conhecer um mundo distante da sua antiga zona de conforto: a água.

Nós também devemos ser capazes de apreciar a vida com a mesma paixão e delicadeza.

A metáfora da libélula e o ciclo da vida

A metáfora da libélula: o equilíbrio

Ao longo do tempo, há um aspecto desses invertebrados que fascinou praticamente todas as culturas: suas asas. Além de suas tonalidades, de seus jogos cromáticos e brilhos, chamam a atenção suas refinadas manobras de voo. As libélulas são poderosas e elegantes no ar, apesar de terem passado grande parte de suas vidas na água.

Como curiosidade, elas batem suas asas cerca de 30 vezes por minuto (diferentemente dos mosquitos, que batem cerca de 600 vezes). Elas têm 20 vezes mais força em suas asas do que outros insetos, e suas manobras de voo são muito impressionantes e precisas.

O Japão é uma das culturas que mais veneram esse inseto porque, para eles, ele simboliza exatamente o equilíbrio na vida.

A viagem final para o além

Para os nativos americanos, a metáfora da libélula representa um espírito guia. Para eles, esses invertebrados lembram a viagem final de todo ser humano, aquele lugar para o qual vamos depois de deixar o mundo da terra e da água a fim de nos tornarmos criaturas do ar. Seres alados que finalmente ascendem a essa outra esfera, onde nos tornamos espíritos, almas livres.

Como podemos notar, são conceitos interessantes e sugestivos. Significados em que o simbólico se mescla com a magia do mundo animal e as culturas que enxergam na natureza um espelho onde nos vemos refletidos. Vale a pena considerar essas reflexões.


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