O pescador e a tartaruga, uma virtuosa lenda japonesa

Existe uma lenda japonesa que nos ajuda a valorizar o tempo ao longo do qual nos sentimos felizes: a lenda do pescador e da tartaruga.
O pescador e a tartaruga, uma virtuosa lenda japonesa
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

As lendas são relatos que foram transmitidos ao longo da história, não só com a finalidade de entreter, mas também de ensinar valores e lições poderosas. São histórias capazes de despertar emoções e nos fazer refletir sobre o nosso dia a dia. O pescador e a tartaruga é uma delas.

Apesar de ser um relato curto, sua mensagem é clara. Ele nos convida a questionar o ritmo de vida que levamos, a que dedicamos nossos tempo e, principalmente, a pensar na importância das nossas decisões e atos. Esperamos que você goste!

O pescador e a tartaruga, uma lenda japonesa para refletir

Há muitos anos, vivia em um pequeno povoado da costa um humilde pescador, cujo nome era Urashima. Um dia, quando voltava de uma longa jornada de pesca, observou que um grupo de crianças maltratava uma tartaruga na beira da praia. Sem pensar duas vezes, recriminou o comportamento das crianças e, para ter certeza de que iriam embora, deu algumas moedas a elas.

Uma vez que o animal estava livre, Urashima a ajudou a voltar para o mar. No seguinte dia, enquanto estava pescando em alto mar, escutou uma voz que dizia seu nome. Quando procurou a origem da voz, identificou que era da tartaruga que ele havia libertado no dia anterior.

Ela lhe disse que servia a rainha de todos os mares, que residia no Palácio do Dragão, para o qual ele estava sendo convidado em agradecimento pelo seu ato. Assim, o pescador subiu nas costas da tartaruga e viajou pelo fundo do mar até chegar ao lugar no qual a rainha morava.

Uma vez ali, ficou maravilhado pela suntuosidade do palácio e pela grande beleza da rainha. Ela o entreteve e encheu de atenção. Mas quando o pescador já estava lá por três dias, comunicou à monarca que desejava voltar para a sua casa, já que havia sonhado que seus pais, já idosos, precisavam dele.

Homem pescando

A lenda japonesa continua…

A rainha não apresentou objeção quanto ao seu regresso, mas antes de partir, o presenteou com uma caixa de laca incrustada com pérolas. Além disso, comunicou a ele uma importante advertência: a caixa não deveria ser aberta sob nenhuma circunstância; se ele cumprisse isso, poderia ser feliz.

Após subir à superfície, Urashima começou o caminho para voltar para a sua casa. À medida que avançava, se surpreendia mais e mais, pois não reconhecia seu povoado. De fato, ao chegar ao lugar onde deveria ser seu lar, encontrou outra construção e, ao perguntar pelos seus pais para as pessoas que encontrou por lá, ninguém soube responder.

Quando disse seu nome, uma pessoa muito mais velha disse que, durante a sua infância, tinha ouvido a história de um pescador que tinha o mesmo nome e tinha desaparecido no mar. O detalhe é que isso havia acontecido há centenas de anos, apesar de terem se passado apenas 3 dias para Urashima.

Sozinho, triste e desesperado, foi até a beira do mar. Foi aí, então, que pensou em abrir a caixa que a rainha tinha dado de presente, pois talvez pudesse voltar ao Palácio do Dragão. No entanto, ao abri-la, uma fumaça branca saiu de seu interior.

Foi assim que, de repente, Urashima foi envelhecendo a cada passo que dava. Seu rosto foi ganhando cada vez mais rugas, seu corpo foi ficando cada vez mais pesado e seu cabeço ficou branco. Foi nesse momento que percebeu que o que havia naquela caixa eram os anos que passaram enquanto ele estava no palácio, que voltaram ao seu corpo. No dia seguinte, o corpo de Urashima estava na beira do mar.

Mar no Japão

Lições da lenda japonesa do pescador e da tartaruga

A lenda japonesa do pescador e da tartaruga nos convida a refletir sobre a qualidade do nosso tempo e das nossas ações, assim como a importância de ter consciência das consequências do que fazemos.

  • Frequentemente, quando estamos bem ou somos felizes, percebemos o passar do tempo muito mais rápido. A questão é não perder o norte e sempre saber o mais importante: as pessoas que nos cercam e nosso plano de vida. Porque não devemos confundir o prazer e o desejo com o bem-estar, nem mesmo aquilo que obtemos momentaneamente para saciar nossa necessidade com a satisfação resultante de ter conseguido algo através do nosso esforço e trabalho.
  • Também não podemos nos esquecer das repercussões das nossas decisões e atos. Tudo tem consequências, para o bem ou para o mal. A lenda do pescador e da tartaruga exemplifica muito bem quando Urashima abre a caixa, apesar de ter sido advertido a não fazer isso.

“A melhor vida não é a mais longa, e sim a mais rica em boas ações”.
-Marie Curie-

Sem dúvida, esta lenda japonesa nos deixa valiosas lições de vida que nos convidam a refletir e que podem nos ajudar no dia a dia.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Quartucci, G. (2000). Grandes obras de la literatura japonesa. UNAM.
  • Serra, I. S. (2006). Leyendas y cuentos del Japón (Vol. 29). Ediciones AKAL.
  • Wakatsuki, F. (1966). Tradiciones japonesas (No. 895.6-34). Espasa-Calpe,.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.