Metilfenidato: o medicamento estimulante
Os fármacos estimulantes, como o metilfenidato, ativam o nível de vigilância do sistema nervoso central. Eles constituem, hoje, o tratamento mais utilizado e eficaz para tratar os sintomas de distúrbios como o TDAH e a narcolepsia.
O metilfenidato é um medicamento psicotrópico moderado, estimulante do sistema nervoso central. Atua principalmente na atividade psíquica, mental e comportamental, e menos na atividade motora.
Foi aprovado na década de 1980. Desde então, tornou-se um dos medicamentos mais estudados e prescritos, tanto em crianças quanto em adultos. Também é comercializado como Concerta, Ritalina, entre outros.
De acordo com sua estrutura, é um derivado da piperidina e está relacionado à anfetamina. As formulações disponíveis são uma mistura racêmica de dois isômeros:
- d – dextro- , responsável pelo efeito terapêutico.
- l – levo- , implica o aparecimento de efeitos colaterais cardiovasculares e anorexígenos.
Para que é utilizado?
O metilfenidato é indicado para o tratamento do TDAH como parte de um programa abrangente de intervenção. Pode ser utilizado em crianças a partir dos 6 anos de idade, bem como em adolescentes ou adultos, quando outras medidas forem ineficazes ou insuficientes.
Antes de iniciar o tratamento, é importante fazer um bom diagnóstico da doença. Isso é realizado seguindo os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) e também as diretrizes da prática clínica.
Em alguns casos, o metilfenidato tem sido mal utilizado para melhorar o desempenho intelectual. Sua capacidade estimulante é usada para aumentar a concentração, a memória e a motivação. No entanto, os efeitos colaterais e os riscos do seu uso não são levados em consideração.
O uso abusivo desse tipo de fármaco causa uma séria dependência e também um aumento na ocorrência de efeitos colaterais graves. Não deve ser utilizado sem a prescrição clara de um profissional habilitado para tal, e nem fora da sua supervisão.
Atualmente, o metilfenidato também é um medicamento usado no tratamento da narcolepsia. Este é um distúrbio do sono que causa sonolência diurna excessiva e crises repentinas de sono.
TDAH
O TDAH é um dos transtornos psiquiátricos mais comumente diagnosticados e tratados na infância. Em torno dele há todo um debate sobre a sua existência como entidade clínica. Suas principais características são:
- Envolve um padrão de déficit de atenção, hiperatividade e/ou impulsividade.
- Geralmente ocorre desde criança, antes dos 12 anos.
- Prejudica ou interfere significativamente na escola, no trabalho, na família ou no desempenho social da criança.
- Tem intensidade e frequência maiores do que o normal em uma criança.
- Não é causado por outros problemas médicos, tóxicos ou psiquiátricos.
No entanto, este não é um transtorno exclusivamente pediátrico. Também ocorre em adultos, e cada vez mais.
O tratamento do TDAH envolve um programa abrangente de medidas psicológicas, educacionais e sociais complementadas, se necessário, com a farmacoterapia.
Dentro do tratamento farmacológico desse distúrbio, o metilfenidato é o medicamento mais prescrito. Alguns estudos afirmam que 70% dos pacientes respondem adequadamente ao tratamento.
Mecanismo de ação do metilfenidato
O mecanismo de ação do metilfenidato não é claro. Acredita-se que o medicamento amplifique a neurotransmissão, agindo em dois pontos principais:
- Bloqueia a recaptação de norepinefrina e dopamina no neurônio pré-sináptico, inibindo os transportadores.
- Aumenta a quantidade de monoaminas disponíveis no espaço sináptico.
Ao contrário das anfetaminas, não aumenta a liberação dessas monoaminas, ele apenas bloqueia a sua reabsorção. Esse mecanismo é semelhante ao modo como a cocaína funciona.
Assim, o nível de alerta do SNC aumenta e os efeitos desejados são obtidos. Há uma melhora na atenção sustentada e um aumento na vigilância. Também facilita a concentração e diminui os impulsos motores.
Efeitos colaterais do metilfenidato
As reações adversas mais comuns no tratamento com metilfenidato são:
- Insônia.
- Nervosismo.
- Dor de cabeça.
Outras reações adversas que também podem surgir são:
- Anorexia.
- Apetite diminuído.
- Perda de peso.
- Labilidade emocional.
- Comportamento anormal.
- Tontura.
- Taquicardia.
- Hipertensão.
- Dor abdominal.
- Desconforto gástrico.
- Coceira e urticária.
Inicialmente, recomenda-se começar o tratamento com doses baixas. Em seguida, a dose pode ser aumentada de acordo com a eficácia do medicamento, mas também de acordo com a tolerância de cada paciente e o aparecimento ou não de efeitos colaterais.
É importante que o tratamento seja controlado e adaptado às circunstâncias de cada paciente, pois às vezes a sua duração é longa. O tratamento geralmente é mantido durante a adolescência e até mesmo na idade adulta.
Durante o tratamento com metilfenidato, também é importante notificar o médico sobre quaisquer reações adversas detectadas. Isso permite atualizar o perfil do risco-benefício da intervenção farmacológica, além de fazer uma previsão da sua eficácia a longo prazo.
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