O Mini Exame do Estado Mental para detectar possíveis demências
Devido à longevidade da população, a presença de Alzheimer e outras demências aumentou significativamente. Portanto, é necessário contar com instrumentos de avaliação que, de uma forma simples e rápida, sejam capazes de detectar a existência dessas condições. O Mini Exame do Estado Mental é um dos mais utilizados para esse propósito.
A detecção precoce dessa doença, não apenas por parte de especialistas, mas também de médicos de cuidados primários, é primordial para estabelecer orientações e tratamentos que melhorem a sua evolução, especialmente levando em consideração que cerca de 70% dos casos não são identificados corretamente.
O Mini Exame do Estado Mental
O Mini Exame do Estado Mental (MMSE) avalia alterações cognitivas com o objetivo de detectar possíveis casos de demência. Trata-se de um instrumento de pré-seleção, o que significa que realiza um rastreio inicial que sempre deve ser complementado com uma avaliação mais exaustiva em caso de suspeita. Em função das pontuações obtidas pelo indivíduo, é possível discernir entre funcionamento cognitivo normal, demência leve, moderada e grave.
É preciso levar em consideração a existência de um comprometimento cognitivo leve associado à idade, que é benigno e comum em pessoas de idade avançada. A principal diferença entre essa condição e uma demência é que no primeiro caso apenas a memória é afetada, enquanto no segundo o comprometimento é múltiplo e danifica a capacidade de se desenvolver na vida cotidiana.
Para dar conta dessa realidade, o Mini Exame do Estado Mental avalia, por meio de suas perguntas, as diferentes áreas cognitivas que podem estar alteradas. Antes de começar, explica-se para a pessoa que serão realizadas algumas perguntas e, depois, será solicitado que ela faça algumas tarefas.
Depois de garantir que ela possui os óculos ou os aparelhos auditivos necessários para paliar qualquer déficit sensorial, podemos começar.
Áreas cognitivas avaliadas pelo Mini Exame do Estado Mental
Orientação
- Para avaliar a orientação temporal, perguntamos à pessoa: Que dia da semana é hoje? Em qual mês estamos? Qual é a data completa de hoje? Em que ano estamos? Em qual estação do ano estamos?
- Para avaliar a orientação espacial, perguntamos: Onde estamos? Em que andar? Em qual rua? Qual é a cidade? Em qual país?
Fixação
Com essa parte do teste, tentaremos medir a capacidade de retenção do indivíduo. Para isso, explicamos que vamos dizer três palavras, que deverão ser repetidas em seguida e que devem ser memorizadas porque vamos perguntar sobre elas posteriormente.
Pede-se para que a pessoa repita as palavras: “moeda, cavalo, maçã” e concedemos um ponto por cada repetição correta.
Concentração e cálculo
- Pedimos para o indivíduo ir subtraindo de três em três começando do número 30.
- Em seguida, pede-se para que repita a sequência 5-9-2 até que a memorize. Posteriormente, pedimos para que a repita ao contrário.
Memória
Nessa parte, pergunta-se ao indivíduo se ele se lembra das três palavras que dissemos anteriormente na seção de fixação. Atribui-se um ponto por cada palavra lembrada independentemente da ordem.
Linguagem e construção
- Mostramos uma caneta e um relógio e pedimos para a pessoa dizer quais são esses objetos.
- Pedimos para que repita a frase: “em um trigal havia cinco cães”.
- Explicamos: uma maçã e uma pera são frutas. Então, o que são um gato e um cachorro? E o verde e o vermelho?
- Damos instruções para pegar um papel com a mão direita, dobrá-lo e colocá-lo sobre a mesa. Verificamos se a pessoa consegue fazer isso.
- Oferecemos um papel (no qual está escrito: feche os olhos) e pedimos para que a pessoa leia e faça o que se pede.
- Pedimos para que escreva uma frase com sujeito e predicado.
- Mostramos um desenho e pedimos para que o copie em outro papel.
Utilidade do Mini Exame do Estado Mental
Em função do desempenho em cada uma das partes do exame, o indivíduo vai recebendo pontuações que indicam se ele ou ela sofre de algum nível de demência. Como já constatamos, esse exame é relativamente rápido e simples de aplicar.
É ideal como exame de varredura, mas sempre será necessário complementar o diagnóstico com uma avaliação mais exaustiva. No entanto, sua simplicidade e capacidade discriminativa fazem com que seja um dos instrumentos mais amplamente utilizados na avaliação cognitiva e detecção de demências.
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