O mito de Afrodite e Ares, a união da beleza e da guerra

O mito de Afrodite e Ares é muito interessante por diversas razões. A primeira delas é porque fala de um tema recorrente na mitologia grega: o estranho vínculo que existe entre a beleza e a guerra. Estes dois deuses mitológicos consagram essa associação.
O mito de Afrodite e Ares, a união da beleza e da guerra
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 27 maio, 2020

O mito de Afrodite e Ares é um dos mais interessantes da mitologia grega. Digamos primeiro que Afrodite era a deusa da beleza e do amor sexual. Ela havia nascido no mar, e sua beleza era superior à de qualquer criatura. Todos que a viam, deuses e mortais, ficavam impressionados com a sua beleza e ela sabia disso. Esse é um dos motivos pelos quais ela era muito vaidosa.

Hefesto, deus do fogo, da forja, dos ferreiros e dos artesãos, era um dos que amava Afrodite secretamente. Hefesto era filho de Hera e Zeus, deus dos deuses. Também era o oposto de Afrodite: uma criatura com uma aparência pouco agradável.

De fato, segundo o mito de Afrodite e Ares, quando Hefesto nasceu sua própria mãe ficou incomodada com a sua feiura e o expulsou do Olimpo.

Hefesto era coxo e corcunda. Tinha uma aparência descuidada e desagradável. Diante da rejeição humilhante que sofreu de sua própria mãe, decidiu se vingar. Por isso, construiu um trono mágico e, contando mentiras, conseguiu que Hera se sentasse nele. Ao fazer isso, ela ficou presa sem poder se mover.

“Os últimos cuja infidelidade perdoamos são aqueles que decepcionamos”.
-Emil Cioran-

Cabeça de Afrodite

Hefesto e Afrodite

Diante das súplicas de Hera, Hefesto impôs uma única condição para libertá-la: que os deuses lhe dessem Afrodite como esposa. Zeus lhe concedeu o desejo. O mito de Afrodite e Ares conta que a deusa da beleza não gostou nada da situação. Ela detestava Hefesto, porque ele não era bonito como ela.

Hefesto trabalhou sem descanso para ganhar o afeto de Afrodite. Ele criava joias bonitas para ela, mas ela não tinha interesse nenhum no deus do fogo. Pelo contrário, sempre que podia, cometia infidelidades com outros deuses, e inclusive com mortais, sem que seu esposo se desse conta.

O outro personagem desta história é Ares, deus da guerra, da violência, da virilidade masculina e defensor dos mais fracos. Também era filho de Hera e Zeus.

Diferentemente de Hefesto, tinha uma aparência muito bonita. Também tinha uma fraqueza pelas deusas e pelas mulheres. Nunca passava pelo incômodo de ter que conquistá-las, simplesmente as tornava suas.

O mito de Afrodita e Ares

De acordo com o mito de Afrodite e Ares, quando o deus da guerra se encontrou com a deusa da beleza, se apaixonou perdidamente. Diferentemente do que fazia com suas outras amantes, decidiu cortejá-la.

Ele a enchia de presentes e surpresas para ganhar o seu amor. Os dois passavam muito tempo juntos, até que Afrodite o correspondeu plenamente.

Hefesto, seu marido, passava todas as noites em seu ateliê de forja. Os dois amantes aproveitavam esta situação para se amar até o amanhecer.

Ares sempre era acompanhado por um jovem chamado Alectrion. Ele ficava vigiando a porta. Sua missão era avisá-los em que momento Helios, o Sol, aparecesse no horizonte. Helios via tudo, e eles deviam manter seu romance em segredo.

Para os gregos, qualquer deus ou deusa podia ter todo tipo de aventura amorosa com quem quisesse. O que não era permitido era ter um único amante e mantê-lo, ou seja, ter uma infidelidade formal. A relação de Afrodite e Ares era exatamente isso.

Estátua de Ares

O castigo

Tudo andava bem, até que um dia, Alection, cansado da rotina diária, ficou dormindo enquanto vigiava. Por isso, não conseguiu avisar que Helios já estava ali. Esse último viu os amantes entre os mesmos lençóis em que Afrodite dormia com Hefesto. Cheio de indignação, procurou o deus do fogo e contou tudo.

O mito de Afrodite e Ares conta que Hefesto se sentiu ferido nas profundezas do seu coração. Como era costume, só pensava em se vingar. Para fazer isso, criou uma fabulosa rede de fios de ouro. Eram tão finos que não era possível vê-los, mas ao mesmo tempo eram extremamente resistentes.

Valendo-se de artimanhas, deixou a rede de fios de ouro elevada sobre a cama. Depois, disse a Afrodite que ia viajar.

Ares, que sempre estava a par do que Hefesto fazia, aproveitou a ocasião para ir ver Afrodite imediatamente. Quando estavam fazendo amor, a rede de fios de ouro caiu sobre eles e os prendeu. Imediatamente, Hefesto apareceu e convocou todos os deuses para que estivessem presentes. Eles riram tanto da situação que sua gargalhada conjunta pareceu eterna.

Depois, os amantes foram liberados e cada um deles teve que ir para um lugar diferente. Ares castigou Alectrion transformando-o em um galo e fazendo com que cantasse sempre que o Sol aparecesse.

Do amor entre os deuses nasceu Eros, o deus do amor romântico. Ares e Afrodite não podiam se ver, mas não respeitaram a regra: tiveram outros sete filhos.


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  • De Inda, C. M. (2001). Una comedia vital. El episodio de Ares y Afrodita. Cuadernos de Literatura, (10), 47-54.

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