O mito da mulher fatal

O mito da mulher fatal

Última atualização: 26 agosto, 2016

A mulher fatal é uma espécie de “devoradora de homens”, que é ao mesmo tempo fascinante e terrível.

Embora existam indícios desta imagem desde a antiguidade grega, esse mito realmente tomou forma no final do século XIX.

O surgimento da “mulher fatal” coincide com os primeiros movimentos de emancipação feminina e atualmente tornou-se um protótipo de publicidade.

O que caracteriza esta figura é uma beleza enigmática e ameaçadora, mas definitivamente atraente. Mais do que seduzir, ela hipnotiza. Os homens caem aos seus pés, mas o seu objetivo final é destruí-los.

Esse comportamento corresponde ao que na psicanálise é tratada como estrutura histérica.

“Até onde eu sei, o amor significa luta, grandes mentiras e um par de bofetadas na cara”.

-Edith Piaf-

O mito da mulher fatal

A mulher fatal e os estereótipos misóginos

Antes do advento do Romantismo e do movimento de libertação feminina, as mulheres tinham pouca representação na cultura. Existiam três estereótipos básicos: a esposa e mãe, a mística e bruxa e/ou a prostituta.

Com os movimentos de emancipação feminina, as mulheres começaram a ser vistas como uma ameaça. Elas não só começaram a ganhar voz e voto em muitos setores sociais, mas também se revelaram portadoras de uma nova atitude.

Assim, a mulher fatal apareceu pela primeira vez na literatura. Muitos romances da época mostraram esse novo lado feminino que, acima de tudo, representava um perigo. Nos argumentos literários os homens acabavam sendo suas vítimas.

Nos anos 40, no século XX, a mulher fatal tomou conta dos filmes. Era a época das grandes divas do cinema, que foram definidas como “vamps” (o arquétipo da mulher sedutora e cruel).

O fato de comparar essas mulheres bonitas a vampiros é um sinal claro de que eram percebidas como portadoras de algo monstruoso. Essa capacidade de “sugar” a vida dos homens e levá-los à destruição.

Nessa época, a mulher fatal não era apenas uma figura, mas também tinha um conjunto de traços psicológicos.

A mulher fatal era uma mulher impassível, calculadora e basicamente insensível. Sua grande força residia no fato de que ela era capaz de seduzir os homens sem se apaixonar por eles. Seus interesses eram mais práticos: poder e dinheiro.

A “mulher fatal” era basicamente a versão feminina do clássico “Don Juan”.

De mulher fatal a “Top Model”

Durante a segunda metade do século XX e atualmente, o cinema, a publicidade e até mesmo grande parte da literatura mudaram o aspecto da mulher fatal típica. Na verdade, eles transformaram o mito em um clichê.

A mulher “terrivelmente atraente” está agora incorporada pela figura da “Top Model”. A maioria das imagens publicitárias exploram esse lado feminino: a mulher perversa e má, mas tentadora e irresistível.

A imagem feminina também está cada vez mais masculinizada. U m protótipo de mulher atraente é alguém que luta: uma espécie de amazona contemporânea que compartilha plenamente os valores do guerreiro.

O mito da mulher fatal

É uma mulher hiper-sexualizada, determinada e desafiadora. Parece que ela estava todo o tempo atrás da conquista de algo relevante no mundo masculino. A mulher fatal de hoje é uma grande executiva, conspiradora, política, militar, atleta …

A mulher fatal compete lado a lado com os homens, mas no melhor estilo do clássico 007, utiliza sua beleza física e seu charme para enfrentar os momentos difíceis.

Ela já não tem mais uma “beleza misteriosa”, como as mulheres fatais de antigamente. Agora, o estereótipo é muito mais rígido: corpo perfeitamente tonificado, traços europeus (independentemente da cor da pele), lábios carnudos, etc.

A mulher fatal contemporânea não quer ser somente um objeto de desejo para os homens, mas também tem a intenção de servir como exemplo para as outras mulheres.

Portanto, a mulher fatal é segura de si, com uma personalidade arrebatadora, independente e muito bonita. Também é rebelde e se apresenta com as últimas tendências da moda.

A mulher fatal de hoje tem os mesmos problemas que muitos homens enfrentam há muito tempo: a obrigação de mostrar-se invulnerável, perdendo assim a oportunidade de experimentar a ternura em toda a sua plenitude.

Imagem cortesia de Antonio Marin Segovia.


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