Aprendi a não dar meu coração a quem procura somente a minha pele

Aprendi a não dar meu coração a quem procura somente a minha pele

Última atualização: 11 dezembro, 2016

Com o tempo acabamos percebendo que o amor não se faz com o corpo, mas sim com a alma. Que a paixão de verdade é aquela onde nosso ser viaja mais além da pele para mergulhar em duas mentes que se abrem, que se despem em afetos, em certezas e sentimentos. Que dançam em silêncio se sentindo uma só.

Os especialistas dizem que a pele é o órgão sexual mais importante do ser humano. As pessoas precisam ser tocadas para sobreviver, e às vezes, basta uma caricia para ativar milhares de receptores sensoriais capazes de alinhavar uma emoção, uma sensação. Contudo, no amor autêntico, a sinfonia de sensações incorporadas na nossa pele nem sempre é suficiente. Queremos mais.

“Sob a sua pele, mora a Lua.”
-Pablo Neruda-

As melhores histórias de amor não costumam aparecer nos livros. Elas são escritas sobre a nossa própria pele com tinta invisível, imperceptível para o resto do mundo, mas reveladora para nós mesmos. Porque está tatuada com a ponta daqueles dedos sábios que traçaram entre penumbras a forma do nosso próprio corpo, que despertaram nossa alma para moldá-la à sua própria, e assim, dar um verdadeiro sentido à vida.

Convidamos você a refletir sobre isto.

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Me procure sob a minha pele

Não é fácil encontrar alguém com quem colapsar desta forma: em emoções, em valores, em sensações e cumplicidades. São como bebedeiras dos sentidos onde tudo de repente se encaixa, onde tudo entra em harmonia não ficam vazios a serem preenchidos. A alma cria a ilusão e o coração acorda da sua letargia invernal, bem quando pensamos que já não seríamos amados.

Porque sempre chega a hora em que nos cansamos dos amores covardes, dos que arriscam, dos que acabam como uma tempestade de final de verão. Após a paixão e as promessas tecidas em noites de carícias, chega a calma, chega a manhã luminosa, ali onde não há espaço para as mentiras e onde só resta a ausência do outro lado do travesseiro. Junto às cinzas de todos os sonhos quebrados misturadas com as lágrimas.

No fim das contas, aprendemos de fato. Recolhemos nossos pedaços quebrados com muito amor próprio para uni-los novamente com a melhor das dignidades. Repetindo para nós mesmos o mantra de que “nunca mais voltarão a nos prejudicar”. Aprendemos que o melhor amante é aquele que tem a ousadia de nos procurar muito além da pele, e de se despir emocionalmente diante de nós.

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A autêntica química do amor

A verdadeira química do amor existe e está no centro das nossas cabeças, quase como um terceiro olho. É a hipófise, que secreta um hormônio mágico e tremendamente poderoso no ser humano: a oxitocina.

Todos nós podemos ter um encontro sexual em um determinado momento, ali onde o próprio cérebro é uma torrente de sensações e neurotransmissores orquestrando nossos instintos mais puros, mais complacentes. Contudo, quando se desfruta de forma plena e autêntica a sexualidade é quando aparece a oxitocina.

Este hormônio é o que acende em nós a necessidade de cuidar, de atender, de proteger. Nos alimenta de afeto, de carinho, e de uma paixão mais sábia orientada a criar um vínculo permanente e onde se apagam todos os medos. Todas as incertezas. De fato, muitas são as pesquisas que comprovam que os orgasmos são muito mais intensos quando esta fórmula mágica aparece.

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Por outro lado, uma coisa que todos sabemos é que existem casais que com o tempo deixam de ser casais para se transformarem em simples amantes. Suas vidas já não encontram espaços em comum mesmo morando sob o mesmo teto, já não há esperança, mas contudo, debaixo dos lençóis e quase sem saber por quê, continuam falando uma mesma e fantástica linguagem. É como se esse componente mágico funcionasse somente em determinados instantes.

O amor é isso que perdura no coração e na alma de duas pessoas, que vai mais além da pele e que fala uma linguagem que só os amantes mais sábios entendem.

Estas situações não são mais do que a antessala do adeus, basicamente porque ainda resta o resquício do apego produzido pela oxitocina que pouco a pouco irá se apagando como as cinzas de uma fogueira que antes oferecia muito aconchego a um lar.

A sexualidade tem sem dúvida uma linguagem própria e exclusiva que é preciso entender, principalmente porque nem todo mundo procura as mesmas coisas. Há quem prefira esse encontro de pele com pele, onde nada transcenda, onde já existam pactos firmados no horizonte do amanhã. São sem dúvida aspectos que precisam ficar claros desde o início para que não haja espaço para a frustração.

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Muitos são os especialistas que apontam, além disso, que atualmente vivemos um tipo de capitalismo do erotismo e dos relacionamentos amorosos onde tudo se vende e onde tudo é frágil ao mesmo tempo. Vendem brinquedos e nos oferecem novas experiências. Sem esquecer também que cada vez existem mais portais de encontros onde parece que é mais fácil do que nunca encontrar um parceiro por uma noite.

Contudo, nada disso parece oferecer uma felicidade autêntica. São apenas pequenas descargas de dopamina, bocados de felicidade descartáveis, onde pouco a pouco o coração solitário deriva novamente no oceano da espera – e da esperança. Em uma antessala onde almejar as mãos que finalmente sejam capazes de tocar a nossa pele e nos fazer cócegas na alma…


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