Não estou mais com vontade de me arrumar, o que há de errado comigo?

Tem muita gente que não tem mais vontade de se arrumar e passa a negligenciar a aparência física ... Por que essa apatia? É apenas um momento ruim ou há algo mais por trás disso? Vamos a analisar essa situação.
Não estou mais com vontade de me arrumar, o que há de errado comigo?
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 24 dezembro, 2021

Não estou com vontade de me arrumar mais. Quase não me importo com o que vestir, como pentear o cabelo, como fico quando saio de casa.” Há muitas pessoas que estão chegando a essa situação. Esse desinteresse pela própria imagem tende a chamar a atenção, especialmente se essa pessoa até pouco tempo atrás possuía uma especial obsessão e atenção aos detalhes em sua aparência.

Costuma-se dizer que a apatia é como se apaixonar: você não sabe o que é até sofrer. É exatamente isso que vivenciam esses homens e mulheres que começam a ignorar sua aparência física. Assim, peculiaridades como deixar a barba crescer em excesso, vestir sempre as mesmas roupas ou deixar de tingir os cabelos (quando antes era impensável que os cabelos grisalhos aparecessem pela raiz) são o cenário dessa perigosa negligência.

Assim, é muito comum passar semanas ou meses por essa apatia sem reagir e também permitir que esse abandono chegue a outras áreas da vida. Paramos de nos arrumar porque não nos importamos mais com a aparência física ou com o que os outros possam pensar. Então, esses tipos de situações são normais?

Obviamente não. Além do mais, em psicologia sabemos que quando alguém começa a repetir excessivamente aquele “não me sinto mais com vontade ” é preciso acender o alarme. Existe um problema oculto que precisa ser esclarecido.

Menina na cama pensando que não estou com vontade de me vestir mais

Não estou mais com vontade de me vestir: o que há de errado comigo?

Se não estou mais com vontade de me vestir, é por alguma coisa. Não se perde o interesse assim de um dia para o outro e mais no que diz respeito à aparência pessoal. Podemos ser daqueles que não conseguem sair de casa sem ter passado pelo filtro do espelho umas 100 vezes ou pertencer ao clube dos que se arrumam em dez minutos, mas devemos analisar essa troca de comportamento.

Em média, procuramos ter uma boa aparência. Escolhemos o que vestir porque sabemos o que é mais adequado para nós. Além do mais, a grande maioria de nós gosta de causar uma boa impressão . Cuidar e procurar dar uma imagem agradável é um princípio e até mesmo uma necessidade básica para a maioria de nós. Desta forma, quando deixamos de ter vontade de nos arrumar,, pentear o cabelo e gostar de nós mesmos diante do espelho, há uma realidade por trás que devemos esclarecer.

Vamos analisar as possíveis causas.

Sua autoestima enfraqueceu

A autoestima pode enfraquecer da noite para o dia? Sim e não. Uma coisa que devemos saber sobre essa dimensão psicológica é que ela não é estável . Nossa apreciação e visão de nós mesmos e como os outros nos veem podem flutuar. A mudança não acontece tão rapidamente, mas ocorre gradualmente e como resultado de alguma experiência.

Assim, estudos como os realizados na Universidade de Pavia nos mostram, por exemplo, que a autoestima é muito sensível aos problemas cotidianos, decepções, falhas emocionais… Isso é muito comum quando somos mais jovens. Porém, quando atingimos a terceira idade, a autoestima já está mais estável.

Portanto, algo como perder o emprego, discutir com o parceiro ou terminar o namoro, sem dúvida, nos fará perder o desejo de nos arrumar. A preocupação com nossa imagem fica em segundo plano.

A apatia que tudo devora

Já estávamos falando no início da sombra da apatia. Devemos entender que essa experiência vai além de um estado emocional de vazio, porque na verdade também atua como uma atitude diante da vida. Há indícios de descuido, falta de resposta, desmotivação, desinteresse… É cair em uma letargia em que não se encontra força nem desejo por quase nada.

Portanto, a pessoa não demonstrará apenas falta de vontade de se arrumar, de cuidar de sua aparência física, de se levantar de manhã e conseguir o melhor dos aspectos antes de sair de casa. Além da preguiça na aparência, se acrescentam muitos outros fatores, como a incapacidade de ser produtivo no trabalho, falta de interesse em socializar, em conversar com amigos e familiares…

A apatia total é um sintoma e, em muitos casos, pode ser seguida por distimia ou transtorno depressivo maior. Se essa falta de energia, coragem e vontade dura mais de três semanas, é aconselhável procurar ajuda especializada.

menino pensando que não estou com vontade de me vestir mais

Não sinto mais vontade de me arrumar: a mente no limite e o excesso de preocupações

“Se não quero mais me arrumar é porque isso é secundário. Existem outras prioridades, existem coisas que exigem toda a minha energia, minha atenção, meus esforços e preocupações…”.

Quando chegamos a esses extremos, a mente está dando muito de si mesma. As preocupações nos oprimem e dirigimos todo o nosso ser e vontades para outras dimensões: trabalho, família, projetos pessoais… Certamente é bom ter motivadores, ter responsabilidades para cuidar, mas a vida precisa de equilíbrio.

Qualquer extremo, qualquer situação em que você se desloque para priorizar outros aspectos por muito tempo acaba prejudicando. Cuidar de nós mesmos, cuidar da nossa aparência, preocupar-nos com a nossa aparência é algo saudável e positivo:  nos faz sentir bem. Não se trata apenas de tentar ter uma boa imagem para agradar aos outros; precisamos, acima de tudo, nos sentir bem conosco.

E essa é a primeira coisa que fazemos assim que nos levantamos e se nos descuidamos, podemos começar a falhar aos poucos. Porque, depois desse descuido, vêm muitos mais, como deixar de fazer as coisas que gostamos ou abrir mão de ter tempo para nós mesmos. Nada disso é bom ou recomendado. Vamos manter isso em mente.


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  • Rosi, A., Cavallini, E., Gamboz, N., Vecchi, T., & Russo, R. (2019). The impact of failures and successes on affect and self-esteem in young and older adults. Frontiers in Psychology10(JULY). https://doi.org/10.3389/fpsyg.2019.01795

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