Não temos wi-fi, conversem entre vocês

Não temos wi-fi, conversem entre vocês
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Existe sempre alguma preocupação quando terminamos um ano de trabalho e saímos para as nossas sonhadas férias. O simples fato de mudar as rotinas, as situações e os contextos nos deixa um pouco ansiosos.

Se fazemos uma reserva em um hotel, procuramos aquele que nos ofereça wi-fi. Se saímos para comer em um restaurante ou se vamos para um bar tomar algo, apreciamos aqueles que nos ofereçam conexão gratuita para nossos aparelhos eletrônicos.

Somos uma sociedade conectada, e isso apesar de trazer grandes benefícios pessoais, emocionais e até de trabalho, mudou muito a nossa forma de interagir com os demais, de viver o momento.

A internet, as redes sociais, os smartphones ou tablets integram-nos em um mundo onde prevalece o imediatismo, onde a informação é compartilhada em segundos e estamos todos ligados sem a necessidade de estarmos presentes fisicamente.

Tudo isso é certamente uma grande vantagem e muito importante, mas está nos afetando em outros aspectos: “tememos a desconexão”.

Estar sem wi-fi, perder a cobertura do telefone celular, ver a nossa conexão de dados reduzida a um traço nos amedronta. Nos sentimos isolados, desinformados e perdemos a ligação com os outros. Nesse momento, ficamos frente à frente com o mundo que nos rodeia.

E talvez o que você tem diante de si nesse exato momento, seja na realidade o mais importante da sua vida.

O medo sutil da desconexão

Esquecer o wi-fi e aproveitar o momento

Como seria um dia em nossa vida sem a internet? Sabemos que a mídia, como o rádio e a televisão, continuam presentes, mas nada é tão imediato, por exemplo, como as notícias que aparecem em nossos portais favoritos.

Estar desconectado significa parar de interagir nas redes sociais e não tomar conhecimento do que fazem ou deixam de fazer nossos amigos. De alguma forma, isso nos obrigaria a ficar mais conscientes da nossa realidade mais próxima, mais tangível.

Isto quer dizer que devemos desligar todos os nossos dispositivos eletrônicos e viver sem internet? Claro que não. Ela é um meio de comunicação de grande importância: nos comunicamos com outras pessoas, adquirimos novos conhecimentos e trabalhamos; enriquece nossa vida cotidiana e nos permite crescer, aprender e criar.

No entanto, como em todas as coisas na vida, a chave está no equilíbrio.

– Não se torne obsessivo. Se ficar 20 minutos sem consultar o telefone celular, por exemplo, não “perderá muitas coisas”.

– A internet é uma ferramenta valiosa, mas devemos aceitá-la como um auxílio para a nossa vida diária, uma chave de acesso para outras dimensões, mas não um modo de vida.

Podemos estar perdendo muitas coisas que acontecem na nossa vida diária quando focamos somente nas redes sociais.

A vida não é feita de momentos postados nas redes sociais, e sim de momentos gravados em nosso coração, até mesmo no silêncio e cumplicidade daqueles que amamos.

O valor de enriquecer com tudo, mas com equilíbrio

Esquecer o wi-fi e aproveitar o momento

Não devemos cair em extremos, nem fechar portas: a internet é uma coisa boa. A sociedade está conectada a uma rede de conexões infinitas, onde transitam dados, informações, conhecimentos e emoções que são compartilhadas…

Como colocar muros no que é sem forma, e por sua vez, torna a nossa vida mais fácil? As novas tecnologias devem ser uma ferramenta à nossa disposição, e não uma janela de onde espiamos a vida, e às vezes até a deixamos escapar.

Não tenha medo de chegar a esse lugar onde de repente o seu telefone perde o “sinal”. Não se preocupe se não existe um lugar próximo que tenha wi-fi; é possível manter o telefone na bolsa ou nos bolsos da calça por algum tempo.

Nesses momentos, não nos desconectamos somente dos dispositivos eletrônicos, mas também das notícias do mundo, da vibração que nos alerta de novas mensagens, das suas fotos no Instagran.

Não se preocupe. Tome um fôlego, aproveite essa desconexão momentânea em um ambiente onde talvez não haja redes elétricas, e os únicos canais de comunicação válidos sejam as palavras, os sorrisos, os carinhos ou os silêncios que decifram universos inteiros.

Todos nós precisamos desses momentos para romper os vínculos com as nossas obrigações, com os ruídos e com os sons artificiais. São momentos em que nos encontramos com nós mesmos sem artifícios, com honestidade e alegria, apreciando tudo o que nos rodeia, sem precisar de mais nada…


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.