A necessidade de desligar o cérebro

A necessidade de desligar o cérebro

Última atualização: 24 abril, 2015

Cotidianamente, as pessoas usam o termo “desconectar” para se referir à necessidade de eliminar o estresse, isto é, aquele desejo de poder esquecer das ansiedades e preocupações derivadas das tarefas e responsabilidades diárias. Em função deste desejo, costumamos realizar diferentes atividades para reduzir o estresse, que podem ser desde tirar umas pequenas férias, até coisas menores como ouvir música, sair para correr ou tomar um banho quente.

Como funciona o ato de desligar o cérebro?

Mais além da escolha consciente e deliberada sobre qual ação realizar ou qual caminho seguir com o objetivo de reduzir o nosso estresse, a verdade é que o nosso cérebro possui um mecanismo de “desligamento automático”, que se inicia quando se superam certos níveis de esgotamento. Isto quer dizer que, apesar de nós não nos “desconectarmos” conscientemente, o nosso cérebro o faz. Ele inclusive pode tirar umas férias se “considerar” que isso seja necessário para a nossa saúde…

Este mecanismo trabalha de forma peculiar. Por exemplo, você já se sentiu alguma vez atordoado, a ponto de não conseguir se concentrar no seu trabalho, apesar dos seus esforços? Esse é um exemplo claro do desligamento automático do nosso cérebro, já que, ao impedir uma correta concentração, somos obrigados a recorrer a alguma tarefa cujo consumo de recursos cognitivos seja menor.

As pesquisas cientificas

Na Universidade de Wisconsin, vários pesquisadores descobriram que existem certas células nervosas que costumam se desligar por breves lapsos de tempo, durante o transcurso de atividades que não precisem da sua ação. Isto se denomina “sonho focalizado”, já que estes neurônios entram em um estado muito parecido ao do sonho habitual. Em outras palavras, o cérebro pode “dormir em partes”.

O professor Andrew F. Leuchter, da Universidade da Califórnia, descobriu que as pessoas depressivas apresentam sérios inconvenientes no momento de querer “desligar o seu cérebro”. A pesquisa de Leuchter começou com o recrutamento de 121 voluntários com diferentes diagnósticos de depressão, para avaliar o sincronismo das suas ondas cerebrais com diversas áreas do cérebro.

Entre as áreas cerebrais que estão em repouso, estas pessoas apresentam uma maior interconexão e atividade. Mas, longe de ser algo favorável, este fato revela que os seus cérebros não se “desligam” automaticamente, já que não reconhecem os estados de saturação.

Conclusão: as pessoas com quadros de depressão estão em um círculo vicioso de pensamentos, do qual lhes custa muito sair. Isto ocorre pois as pessoas deprimidas não são capazes de controlar o intercâmbio cognitivo entre algumas de suas áreas do cérebro, de modo que não é possível desligar aquelas que não estão em atividade. Portanto, esta enorme interação demonstrada pelas pessoas deprimidas não representa uma vantagem, pois é precisamente a mesma que lhes impede de alcançar um desligamento adequado.

Apostando na mudança

Nem tudo está perdido: é possível sair deste círculo de pensamentos recorrentes. Hoje em dia existem diversas técnicas utilizadas para combater a depressão e, ainda que os seus resultados não apareçam de imediato, sem sombra de dúvidas elas são úteis para treinar e reeducar o cérebro. Do mesmo modo que as mudanças da vida, esta alteração também deve ser gradual, demandando tempo, dedicação e, o mais importante, um interesse sincero em melhorar a qualidade de vida. 


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