Neuroplasticidade: graças a ela nunca deixamos de aprender

Neuroplasticidade: graças a ela nunca deixamos de aprender

Última atualização: 22 julho, 2016

Na a infância a neuroplasticidade é maior, o cérebro é mais flexível do que nunca e está continuamente recebendo estímulos que são novidades para ele. Neste momento “nasce” uma grande quantidade de neurônios que aceleram o desenvolvimento correto da criança e sua aprendizagem. Deste modo, a infância é um período sensível para o desenvolvimento, principalmente nos cinco primeiros anos.

No entanto, o fato de que o nosso cérebro é mais plástico e, portanto, flexível frente a mudanças, não significa que com a idade essa plasticidade desapareça e não seja possível aprender ou criar novas conexões sinápticas. Assim, mesmo na velhice, está demonstrada a capacidade do cérebro de aprender.

Neuroplasticidade e reorganização cerebral

O cérebro tem a capacidade de se adaptar ao meio e de fazer mudanças na sua própria estrutura para lidar com as exigências do ambiente. Uma das evidências da adaptabilidade do cérebro é o fato de que as pessoas que não conseguem ver ou ouvir desenvolvem mais outras áreas do cérebro dedicadas à percepção através de outros sentidos e as funções cerebrais são reorganizadas.

Lápis desenhando um cérebro

O cientista espanhol Pascual-Leone demonstrou essa capacidade através de um experimento em que vendou os olhos de indivíduos saudáveis durante cinco dias. Nesse período de tempo, os indivíduos leram braile e realizaram atividades de discriminação auditiva. Mediante ressonância magnética, foi observado que o córtex visual começou a ser ativado através da audição e do tato, o cérebro estava se adaptando.

Esse experimento foi realizado em pessoas adultas, o que quer dizer que, ao contrário do que se pensava há alguns anos, o cérebro do ser humano continua a sofrer mudanças durante toda a sua vida, e essa reorganização tem muito a ver com as necessidades exigidas pelo ambiente e seus recursos para enfrentá-las.

Aprender durante toda a vida

Todos sabemos que as crianças têm uma grande capacidade de aprender e que elas têm uma habilidade superior aos adultos para várias tarefas novas, como tocar um instrumento, aprender um novo idioma ou memorizar um texto. Isso é uma realidade, a proliferação de novos neurônios (neurogênese) na infância é impressionante e, à medida que crescemos essa capacidade diminui.

Porém, a neurogênese continua mesmo quando somos idosos. A velha crença de que nascemos com um determinado número de neurônios e que ao longo da vida não fazemos mais que perdê-los é falsa. Sim, há um declínio na neuroplasticidade, mas o nosso cérebro continua sendo, em grande parte, moldável.

Casal idoso aprendendo com um tablet

Foram identificados vários fatores que podem influenciar essa neuroplasticidade. Em primeiro lugar, estamos falando de um ambiente enriquecido que oferece desafios à nossa mente. Em segundo lugar, sabe-se que o exercício moderado também ajuda. Por outro lado, a senescência, o estresse crônico ou certos componentes no sangue parecem prejudicá-la.

A proliferação de novas células nervosas foi um grande descobrimento. Existem duas áreas do nosso cérebro em que foram observadas o fenômeno: na área subventricular e no hipocampo, estando o último intimamente relacionado com a memória. É possível ver essa neurogênese no hipocampo estimulada quando adquirimos novas aprendizagens, favorecendo a memória.

O que acontece no nosso cérebro quando aprendemos?

A plasticidade neuronal é o mecanismo que produz a aprendizagem. Por outro lado, a capacidade de aprendizagem que cada pessoa tem é determinada tanto pela genética quanto pela educação. Por exemplo, o quociente intelectual de cada um seria, em grande parte, determinado pela genética, mas o esforço intelectual realizado também tem repercussão na plasticidade no nosso cérebro e em nossas capacidades.

Criança com o cérebro iluminado

Embora geneticamente tenhamos uma grande capacidade de aprendizagem, ficaremos em dívida se não soubermos desenvolvê-la. Se a mantivermos adormecida e não a pusermos em prática, estamos perdendo não só o fato de desenvolvê-la, mas também a possibilidade de fazer isso até um limite elevado. Assim, não só deixaríamos de acrescentar, mas também estaríamos subtraindo parte dessa potencialidade do nosso futuro

A estimulação cognitiva é fundamental para que o nosso cérebro esteja preparado para se adaptar às exigências do nosso meio. A neuroplasticidade é um mecanismo essencial na hora de lidar com as lesões cerebrais; assume-se que aqueles que se beneficiaram da plasticidade por meio da aprendizagem terão mais recursos para superar ou compensar uma lesão sofrida.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.