É normal se sentir mal
Às vezes nos culpamos por sentir uma angústia profunda; não nos damos conta de que, em algumas situações, é normal se sentir mal.
Alguma vez você já se perguntou o que há por trás de certas expressões como: “Você fica feia quando chora,” “Homem não chora”, “Anime-se, pare de chorar”? São frases aparentemente inocentes que são prejudiciais, que censuram tanto quanto macabros instrumentos de tortura.
De alguma maneira, elas estão nos dizendo que há algo muito errado com a forma como nos sentimos, que não deveríamos nos sentir assim. Que não deveríamos sentir tristeza depois de uma perda, irritação e raiva depois de uma traição. Mas será? Será que realmente não deveríamos nos sentir assim?
Reconhecer todas as nossas emoções aumenta os degraus do nosso autoconhecimento.
Por que é normal se sentir mal?
Todos passamos por momentos bons e por momentos ruins. Isso faz parte da nossa natureza; a alternância é consequência do dinamismo das circunstâncias pelas quais passamos. A princípio, não há nada de errado na oscilação de humor, diferentemente do que determinadas culturas podem indicar.
Assim, em muitas ocasiões podemos nos sentir mal, não apenas por uma perda ou traição, mas também pela impotência de não conseguir sair rapidamente daquele estado de humor. É aí que direcionamos toda a nossa ira a nós mesmos, aprofundando a ferida, tornando o corte ainda mais doloroso.
Na verdade, é normal se sentir mal quando:
- Queremos expressar o que sentimos e não conseguimos.
- Alguém quer comunicar o que sente e não consegue.
- Acontece algo desagradável conosco.
- Acontece algo com alguém próximo de nós.
- Nos sentimos desmotivados.
Estes são apenas alguns exemplos. Na realidade, o importante das emoções é aceitá-las e ouvi-las. Quando as entendemos como mensageiras e não como as causadoras das más notícias, tudo flui melhor.
Muito além do sofrimento
Quando mudamos de perspectiva e vemos que se sentir mal é uma grande janela para o aprendizado, a intensidade do sofrimento diminui. Isso não quer dizer que, automaticamente, passamos a nos sentir bem. No entanto, nos afastamos do sofrimento. Lembremos que o sofrimento pode ser, pelo menos em uma boa parte, opcional.
Então, podemos aproveitar a oportunidade para fazer da resiliência uma das nossas maiores virtudes. Ou seja, podemos nos sobrepor ao mal-estar, encontrando um sentido para ele em nossas vidas e aprendendo com cada experiência.
O que fazer ao se sentir mal?
Há diversas opções. Podemos começar fazendo uma viagem para as profundezas do nosso ser. O autoconhecimento é uma chave poderosa que nos permite saber como somos e para onde queremos ir.
Outra alternativa é identificar como estamos emocionalmente, e depois de fazer isso, começar a definir metas para sermos mais assertivos na escolha das nossas estratégias de enfrentamento.
Por exemplo, se você sabe que fica irritado diante de um erro, já pode começar a trabalhar nisso: você pode expressar esta irritação de uma forma mais controlada, e também pode fazer com que ela não alcance níveis muito altos.
Você também pode pedir ajuda. Um profissional, como um psicólogo ou psiquiatra, pode ser um grande apoio. Todos podemos precisar de um suporte, e estes profissionais não servem apenas para quando estamos mal, mas também nos guiam para potencializarmos o melhor de nós mesmos.
Outra opção é fazer atividades que ajudem a levantar o seu humor. Alguns exemplos são a prática de exercícios físicos, pintar, dançar, sair com os amigos, etc.
O importante é encontrar um sentido para a trajetória que desenhamos no tempo. Assim, começaremos a nos despedir do sofrimento. É disso que fala Viktor Frankl em seu livro O Homem em Busca de Sentido, um relato estremecedor e maravilhoso da sua experiência de vida.
Em suma, não há problema em se sentir mal quando estamos nesse ponto juntamente com a aceitação emocional. Quando deixamos um espaço para que as emoções possam pegar ar e para que elas possam nos comunicar a sua mensagem. Depois, elas não terão mais nada a dizer, mas nos deixarão a sua energia para a reflexão e a ação antes de partirem.
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Frankl, V. (2015). El hombre en búsqueda de sentido. Barcelona: Herder.