O impacto psicológico da acne na adolescência

Sofrer de acne na adolescência afeta a formação da autoestima e causa grande desconforto emocional. Mostraremos as principais consequências.
O impacto psicológico da acne na adolescência
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Se você já é adulto, com certeza é fácil para você se lembrar da magnitude que os complexos podem atingir na adolescência. Cada pequena imperfeição, cada aspecto de si mesmo que se desviava ligeiramente da norma, era susceptível de gerar grande angústia e um forte sentimento de inferioridade. Isso é o que acontece com o aparecimento de espinhas e cravos. E é que, apesar de ser uma condição compartilhada por muitos, o impacto psicológico da acne vai além do que pensamos.

É uma condição altamente associada à adolescência; e é que geralmente surge com o início da puberdade devido a alterações hormonais. Estima-se que cerca de 80% dos jovens entre 12 e 18 anos sofram de acne e que essa condição possa durar até a idade adulta em muitos casos, principalmente nas mulheres.

Como dissemos, o fato de ser tão comum não diminui seu impacto. E é que, apesar de não ser uma doença perigosa, pode causar um alto grau de disfunção social e emocional. Aprofundaremos nesse assunto.

O impacto psicológico da acne na autoimagem

A adolescência é uma fase de busca, transformação e criação de identidade. Nesse processo, a imagem pessoal adquire grande relevância, pois é o meio utilizado pelos jovens para se mostrarem ao mundo.

Através de sua aparência eles podem projetar suas atitudes, gostos e preferências e se misturar com o grupo. Por isso, é comum que os adolescentes se vistam muito parecidos com os amigos ou mudem de imagem ao trocar de amigos.

Agora, a acne contribui muito para criar uma autoimagem negativa. É um elemento que gera rejeição,  o jovem sente que não deveria estar ali e que isso o torna menos válido. Essa sensação é aumentada quando comparada às imagens retocadas, filtradas e irreais que tanto abundam nas redes.

Dessa forma, o adolescente não pode mais contar com sua imagem para se projetar diante do mundo; ao contrário, torna-se um elemento que causa vergonha e inquietação constante.

Garota olhando para espinhas
Adolescentes com acne têm uma imagem negativa de si mesmos.

Sua influência na rejeição interpessoal

Se a autoimagem é fundamental durante a adolescência, o grupo de pares é tanto ou mais. Os pares tornam-se referência e abrigo, a socialização com os pares é fundamental nesta fase e sentir-se parte é essencial para um bom desenvolvimento emocional.

Acontece que a acne pode se tornar um grande motivo de rejeição, ridicularização ou crítica. Assim, dificulta o estabelecimento de amizades e aqueles primeiros relacionamentos amorosos que têm tanto impacto no adolescente. O adolescente que sofre com a  acne pode se sentir humilhado e excluído, e até mesmo ser verdadeiramente rejeitado por esse motivo.

Tenha em mente que, apesar de existirem muitos complexos na adolescência, a acne geralmente aparece no rosto e é bastante chamativa. Isso dificulta a ocultação e, ao estar sempre presente, influencia constantemente a socialização.

As consequências emocionais do sofrimento da acne na adolescência

As duas causas anteriores são a principal origem dos danos psicológicos causados pela acne na adolescência. Mas essas consequências podem se manifestar de várias maneiras:

  • O adolescente geralmente sofre de baixa autoestima e tem um autoconceito negativo de si mesmo. Sua imagem o desagrada, seus relacionamentos não são bem sucedidos e, em suma, ele se sente inferior ou inadequado. A gravidade dessa situação é que, mesmo uma vez tratado ou resolvido o problema da acne, essas repercussões emocionais podem continuar, pois a adolescência é um período crítico na formação da autoestima.
  • O constrangimento da acne pode levar os jovens a se isolarem e restringirem suas atividades de convívio e lazer. Assim, ao abandonar ou abrir mão dessas oportunidades estimulantes, podem desenvolver estados emocionais apáticos e negativos, e até mesmo desencadear a depressão.
  • Os transtornos de ansiedade também são muito comuns nesses casos. A ansiedade pode levar os jovens a tentarem desesperadamente limpar a acne, causando lesões na pele e marcas subsequentes. Se forem pessoas especialmente vulneráveis, podem sofrer tanto desconforto que isso afeta seu desempenho escolar e outras áreas de suas vidas. A fobia social é geralmente uma das consequências mais comuns.
adolescente com acne
Vergonha e baixa autoestima são comuns em adolescentes com acne.

Reduzir o impacto psicológico da acne

Em suma, essa condição da pele não afeta apenas o nível físico, mas também tem uma profunda influência no bem-estar emocional, nas relações sociais, no desempenho acadêmico e no lazer. Seu impacto pode se estender a praticamente todas as áreas da vida de um jovem.

Por isso, é importante não minimizar o desconforto do adolescente e buscar ajuda. Consultar um profissional e encontrar o tratamento certo para a acne pode ser um verdadeiro salva-vidas. Mas, além disso, é fundamental atender ao plano psicológico e emocional; o jovem precisa ser capaz de expressar suas inseguranças e seu sofrimento, e encontrar apoio e compreensão nesse sentido.

É importante que em casa ele seja ajudado a construir uma sólida autoestima baseada em mais do que a aparência física; aquela que permita manter o sentimento interno de valor e atua como fator de proteção.

No mundo superficial das redes sociais, e na fase complicada (e por vezes cruel) da adolescência, o papel dos pais é fundamental para educar em valores e gestão emocional. Apesar disso, se o impacto psicológico da acne for alto, é melhor iniciar um processo de psicoterapia que possa ajudar o jovem a lidar com isso.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Dréno, B. (2010, December). Recent data on epidemiology of acne. In Annales de Dermatologie et de Venereologie (Vol. 137, No. 12, pp. 3-5). Elsevier Masson.
  • Kellett, S. C., & Gawkrodger, D. J. (1999). The psychological and emotional impact of acne and the effect of treatment with isotretinoin. The British journal of dermatology140(2), 273-282.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.