O Lobo de Wall Street: ambição e poder

O Lobo de Wall Street: ambição e poder
Leah Padalino

Escrito e verificado por Crítica de Cinema Leah Padalino.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

O Lobo de Wall Street (2013) é um filme norte-americano dirigido por Martin Scorsese e estrelado por Leonardo DiCaprio, uma combinação que parece funcionar muito bem. Apesar de sua longa duração, possui um ritmo rápido e ágil. Um filme que, quando parece que tudo vai acabar, que o fim está chegando e que nada mais pode acontecer, nos surpreende com algo ainda mais bizarro e, ainda assim, muito real.

Scorsese tornou-se um daqueles diretores aos quais não gostamos de dirigir muitas críticas, porque são muitos os seus excelentes filmes: Taxi Driver, Touro Indomável, Os Bons Companheiros, Cassino, O Aviador e um número infinito de títulos que levam sua assinatura. Ainda que para muitos o filme possa ser excessivamente extenso, a verdade é que Scorsese atinge o seu objetivo: expor outra das muitas facetas da sociedade norte-americana, o autêntico rebanho de lobos que habitam Wall Street.

O filme, por mais surreal que pareça, é inspirado pelas memórias de Jordan Belfort. Um corretor que foi acusado de inúmeros delitos relacionados à manipulação de dinheiro e que, posteriormente, dedicou-se a realizar palestras sobre seus erros passados e sobre ética no mundo dos negócios.

O famoso ator Leonardo DiCaprio, na época ainda sem a estatueta do Oscar, encarna este carismático e influente personagem, deixando o espectador completamente perplexo em algumas cenas e levando-o a questionar a moralidade deste lobo de Wall Street.

“Jordan Belfort parece um Robin Hood perverso que rouba dos ricos para dar a si mesmo e ao seu alegre bando de corretores.”
– O Lobo de Wall Street-

O Lobo de Wall Street: a personalidade do corretor

O filme começa com um jovem Jordan Belfort, recém-casado, que começa a mergulhar no mundo do mercado de ações; logo, vamos descobrir que Jordan possui um excepcional talento para este trabalho e que, apesar de não conhecer completamente o mundo dos negócios, atinge grandes realizações profissionais em um curto espaço de tempo.

Jordan está convencido de que sabe como enriquecer, como ser um verdadeiro “figurão” no mundo do mercado de ações. Em seguida, ele cria sua própria empresa. Ele começa vendendo ações de má qualidade para pessoas que são enganadas em vista de sua ignorância do mundo do mercado de ações e acabará vendendo para os mais ricos dos Estados Unidos. Esta empresa crescerá a uma velocidade frenética e, como resultado, a sua receita também. Ele, inclusive, chega a ser entrevistado pela revista Forbes, que lhe atribuirá o apelido de “o lobo de Wall Street.”

Cena de 'O Lobo de Wall Street'

O que Jordan exige de seus funcionários? Não se preocupa com sua formação acadêmica, o importante será a capacidade de persuasão, que ele tem de sobra. O fundamental é vender, vender e vender. Ele consegue convencer seus futuros empregados de que se tornarão ricos e, portanto, obterão a felicidade; poderão comprar o melhor carro, a melhor casa, ter a melhor esposa e viver uma vida de excessos e luxos infinitos.

A qualidade de líder e seu grande poder de comunicação farão de Jordan o corretor perfeito: um homem carente de escrúpulos, moralidade ou empatia, que só se preocupa em encher o bolso. Toda essa embriaguez de poder vai levá-lo a deixar sua esposa e a se casar com uma jovem modelo. É interessante perceber como o perfil do corretor vai mudando com a passagem do tempo, mas temos claras suas principais motivações: competitividade, ambição, poder, dinheiro e status.

Os personagens retratados por Scorsese carecem de escrúpulos, não se importam de abusar, pisotear ou sabotar o próximo para atingir seus objetivos. Assistimos a cenas realmente perturbadoras, como quando um empregada deixa sua cabeça ser raspada para conseguir dinheiro, as violentas cenas de drogas ou a orgia no avião. Parece que esses personagens não têm limites, e sim dinheiro e poder, mas eles sempre querem mais. Sua ambição é cada vez mais forte até ser convertida em um vício.

Em meio a todo o caos e estresse do mundo do mercado de ações, Jordan dá aos seus funcionários algumas doses de adrenalina e “felicidade”, uma vez que transforma sua empresa em um verdadeiro show onde tudo é possível. Prostitutas, drogas, festas, dinheiro voando pelos ares.. tudo, absolutamente tudo, para que seus funcionários alcancem o estado de euforia e sejam mais e mais ambiciosos.

“Meu nome é Jordan Belfort, sou um antigo membro da classe média, criado por dois contadores em um pequeno apartamento em Bayside, Queens. Quando fiz 26 anos, já era chefe da minha própria corretora. Fiz $49 milhões, o que me irritou porque eram míseros um milhão por semana”.
– O Lobo de Wall Street –

Cena de 'O Lobo de Wall Street'

Dinheiro, drogas, mulheres e poder

O Lobo de Wall Street mostra o outro lado do mundo das finanças, da globalização e do atual capitalismo, em particular das pessoas mais poderosas. Jordan é um jovem de classe média que abre seu caminho em um mundo que parece inacessível à grande maioria dos mortais. Além disso, torna-se o maior tubarão do aquário. Jordan é um gênio? É impossível negar seu talento nato e as grandes habilidades comunicativas, mas sua ambição vai levá-lo a superar todos os limites éticos que podemos imaginar.

Todo esse sucesso profissional, esses negócios de legalidade duvidosa e o ritmo frenético em sua vida não são fáceis de lidar, por isso não é estranho que Jordan recorra às drogas para manter-se acordado. Mergulhado em um mundo de excessos, ele vai fazer loucuras impensáveis para a maioria das pessoas. Tudo em sua vida será em excesso: do trabalho ao sexo, passando pelo ambiente familiar.

As drogas, especialmente a cocaína, e o sexo desenfreado conferem a Jordan a energia requerida pelo seu trabalho. Ele se considera invencível e, por isso, oferece o mesmo aos seus empregados. No entanto, este efeito de êxtase e euforia é apenas momentâneo e, a longo prazo, será profundamente prejudicial para a sua vida.

Cena de 'O Lobo de Wall Street'

Neste caso, os mafiosos parecem usar terno e gravata, possuem iates, mansões e, em vez de armas, carregam telefones. A ambição leva o nosso personagem a ser um homem sedento por poder, por dinheiro. E será precisamente essa quantidade inumerável de dinheiro o motivo que o levará a um mundo irreal e irracional, onde suas relações pessoais foram relegadas a um plano praticamente inexistente.

Tudo é artifício na vida da Jordan, pode comprar tudo e tudo é permitido, mesmo as mulheres, que serão objetificadas e relegadas apenas ao plano sexual. Em sua vida não existem objetivos inalcançáveis, Jordan tem plena confiança em si mesmo e sabe que pode conseguir tudo a que se propõe. O Lobo de Wall Street mostra o outro lado da moeda no mundo das finanças, no mundo de Wall Street. Ele nos apresenta um personagem sobre quem teríamos muito a questionar, mas que também pode nos ensinar um grande número de lições.

“A única coisa que está entre você e seu objetivo é a história que você continua inventando a si mesmo de por que não pode alcançá-lo”.
– Jordan Belfort –


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