O mito de Hera, a matriarca do Olimpo

O mito de Hera fala da mulher soberba e vingativa que se comporta como uma esposa ciumenta. Um mito que coloca em destaque a clássica figura da matriarca.
O mito de Hera, a matriarca do Olimpo
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 11 setembro, 2020

O mito de Hera se refere a uma das facetas mais clássicas, mas também mais pobres, da figura feminina. Representa uma matriarca que é sempre invadida pelo ciúmes e que nunca desperdiça a oportunidade de se vingar. A sistemática infidelidade de seu marido, Zeus, faz com que ela ocupe regularmente essa posição.

Para os gregos, o mito de Hera representava o arquétipo da mulher comum. Ela era a deusa do casamento e da vida familiar; cabia a ela defender ambas as instituições a qualquer preço. Era a divindade feminina mais importante do Olimpo e, de uma forma ou de outra, quase sempre conseguia o que queria.

Um dos aspectos mais surpreendentes do mito de Hera é o fato de que ela se vingava a cada infidelidade de Zeus. No entanto, o objeto de sua raiva quase nunca era seu marido, e sim suas amantes e os filhos que ele tinha com elas. Isso acontecia mesmo que Zeus conquistasse as mulheres com quem traía sua esposa à força, ou através de armadilhas.

“O casamento é a principal causa do divórcio”.
-Groucho Marx-

Estátua de Zeus

A origem do mito de Hera

Hera era filha de Cronos e Réia, portanto, irmã de Zeus, que depois se tornou seu esposo. Como acontecia com todos os filhos de Cronos, este a engoliu ao nascer, pois o oráculo havia anunciado que um de seus descendentes o destronaria. Zeus foi salvo por um truque de sua mãe e, mais tarde, libertou seus irmãos, incluindo Hera.

O mito de Hera conta que Zeus se apegou a ela e, para conquistá-la, assumiu a forma de um pássaro chamado cuco. O casamento dos dois foi um evento suntuoso, realizado no Jardim das Hespérides. Os dois tiveram como filhos Ares, deus da guerra; Hebe, deusa da juventude; Ilitía, deusa dos partos e gestantes; e Hefesto, deus do fogo, dos metais e da metalurgia.

Embora o mito de Hera fosse o mito da união e da família, esta deusa não foi necessariamente uma boa mãe. A prova disso é que ela rejeitou seu filho Hefesto por achá-lo muito feio. Ela o expulsou do Olimpo e ele se vingou fazendo um trono mágico para sua mãe; quando Hera se sentou nele, nunca mais pôde ficar de pé. O feitiço terminou quando Hefesto recebeu Afrodite como sua esposa.

A inimizade com Hércules

Hércules, o herói grego, foi fruto de uma das infidelidades de Zeus, por isso Hera o odiava e sempre lutou para destruí-lo. A mãe do herói, Alcmena, deu o nome de “Hércules” a seu filho para acalmar o ódio da deusa. Este nome significa “a glória de Hera”; no entanto, isso não acalmou a fúria da matriarca do Olimpo.

Zeus, que não tinha limites, enganou Hera para que ela amamentasse Hércules, confundindo-o com um de seus filhos verdadeiros. Com isso, o herói foi nutrido com leite divino. Quando Hera descobriu a enganação, afastou a criança subitamente de seus braços e isso fez com que um jorro de leite saísse de seu seio. De seu rastro, nasceu a Via Láctea.

Mais tarde, a própria Hera castigou Hércules com as 12 famosas tarefas e o perseguiu por toda a sua vida. No entanto, Zeus e outros deuses protegeram o herói em suas muitas tarefas, frustrando alguns planos da rainha do Olimpo.

Hércules, filho de Zeus (deus casado com Hera)
Hércules

Uma deusa soberba

O mito de Hera mostra que esta deusa não agia somente por ciúmes, mas também o fazia por soberba em muitas ocasiões. Diz-se que ela deixou o profeta Tirésias cego quando ele não quis concordar com seu esposo durante uma discussão. Além disso, ela também foi uma das instigadoras da famosa Guerra de Troia.

Em uma ocasião, tentou dar um “golpe de Estado” no Olimpo. Para isso, se reuniu com Poseidon, Apolo e Atena. O propósito era destronar Zeus, que não suspeitava do que estava acontecendo. Enquanto ele dormia, eles o acorrentaram à cama e o despiram do raio que lhe dava poder. Logo, começaram a discutir a respeito de quem seria o novo deus dos deuses no Olimpo.

Enquanto sustentavam a acalorada discussão, sem que notassem, Briareu, um gigante de cem braços, entrou em cena. Ele libertou Zeus, que retomou o controle do Olimpo e castigou severamente os conspiradores. Estes pediram perdão e juraram lealdade para sempre. Apesar de suas contínuas infidelidades, o casamento nunca terminou.


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