O que é a consciência da filosofia?

Na filosofia, costuma-se dizer que o ser vem primeiro e a descrição vem depois. É por isso que é difícil definir o conceito de consciência? Descubra neste artigo.
O que é a consciência da filosofia?
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 14 maio, 2023

A consciência é um assunto complexo e fascinante do ponto de vista da filosofia. Tem sido objeto de debate e reflexão até o presente. Assim, este artigo explora o conceito na ordem filosófica, abrangendo suas particularidades, utilidade e o que o diferencia de outras dimensões.

Uma primeira aproximação da definição de consciência é o que Schopenhauer chama de ” nó do mundo”, explicado como uma conexão entre a experiência subjetiva e o mundo externo. O conflito começa aqui, porque como Edelman e Tononi apontam no livro The Universe of Consciousness, o problema deles é apenas desfazer o vínculo.

Segundo a filosofia, o que é consciência?

Conceituar a consciência a partir da filosofia é uma questão controversa que motiva debates apaixonados. Até agora, nenhuma resposta satisfatória foi encontrada. No entanto, diferentes filósofos compartilham uma interseção, incluindo Husserl e Heidegger.

Essa interseção é a consciência como experiência de vida e não como teoria. Daí sua dificuldade em se deixar prender pela linguagem e criar uma definição sólida dela, relata uma publicação do Archives of Medicine. Essa particularidade é o que também dá origem à discussão filosófica que se segue.

O presente está sempre nascendo do passado; um presente determinado, naturalmente, de um passado determinado. Ou melhor: um certo fluxo acontece de novo e de novo, o presente agora afunda e dá lugar a um novo agora.

-Edmun Husserl-

Ilustração do crânio aberto de onde surgem os pensamentos
Os filósofos concordam que a consciência é sobre a experiência de vida, e não uma teoria.

Experiência do assunto

A consciência pensada como experiência significa que é percebida corporalmente. Ou seja, ela constantemente se faz visível e invisível, gerando uma dinâmica entre consciência ativa e passiva. Quando você está ciente de alguma coisa, ela se torna visível; quando você para de experimentá-la, ela se torna invisível.

Isso significa que a consciência mostra detalhes de sua existência. Embora não haja regularidades em sua forma de estar presente ao sujeito, é possível perceber o momento em que ela aparece.

Por exemplo, toda vez que você não antecipa um determinado fenômeno e o percebe, há ali uma manifestação de consciência. Portanto, você pode associar consciência com atenção, ou seja, quando você presta atenção ao seu redor ou aos seus pensamentos, a consciência aparece.

Autorreflexão

Desde as Meditações Metafísicas de Descartes, sabe-se que a atividade da consciência é pensada, ou seja, ela pensa. Aqui nasce um debate sobre o que é a consciência para o sujeito: É um elemento essencial e constitutivo dos indivíduos? É uma faculdade ou capacidade corporal?

O filósofo Gilbert Ryle argumenta que o que é distinguível da consciência é sua capacidade de autopensamento. De acordo com isso, o autopensamento é o que distingue a consciência de outros processos mentais; Em outras palavras, o que a torna única é seu poder de refletir sobre si mesma e estar ciente de seus próprios processos.

Consciência e vida cotidiana

Na atividade desenfreada do dia a dia, as pessoas nem sempre se perguntam sobre a consciência. Nesse sentido, tornou-se uma espécie de mito reforçado, pois muitas vezes é associado a definições abstratas capazes de consumir grande parte da energia mental pela profundidade de suas implicações.

Mas, como já mencionado, a consciência se manifesta de maneiras diferentes. Uma dessas formas tem a ver com a responsabilidade do ser humano por seus comportamentos. Isso significa que a consciência diferencia o bem do mal, sendo útil no dia a dia.

Filosofia da consciência versus outras concepções

Ilustração de vários rostos representando o conceito de consciência da filosofia
A liberdade de meditar e refletir faz com que a filosofia conceda uma concepção de consciência diferente das outras ciências.

Atualmente, retomam-se os velhos debates para resolver o problema da consciência a partir da filosofia. Discussões estimuladas pela neurociência propõem uma definição baseada em estudos empíricos do cérebro. Nos últimos anos, surgiu até uma nova disciplina chamada neurofilosofia, com o objetivo de trazer clareza conceitual aos debates filosóficos.

Em todo caso, a filosofia tem certas vantagens sobre as ciências tradicionais. A principal delas tem a ver com a liberdade que o campo filosófico desfruta, para meditar e refletir sobre questões difíceis de serem estudadas cientificamente, por exemplo, a consciência. E é porque não é obrigada a provar o que diz, como acontece com a ciência.

Apesar disso, o debate persiste. Um artigo da Revista Chilena de Neuropsicologia menciona que a questão filosófica nos estimula a pensar em formas de trazer o mal-entendido para conceitos. Mas ela precisa que a ciência venha em seu auxílio para esclarecer e conceituar de forma científica as questões e debates levantados pelos filósofos. Pelo menos quando se trata do assunto.


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