O que é identidade pessoal e como ela é construída?

O que é identidade pessoal? Quem sou? Como a identidade é construída? Continue lendo e descubra!
O que é identidade pessoal e como ela é construída?

Última atualização: 31 março, 2022

Na vida, onde a única constante é a mudança, por que tendemos a acreditar que nossa identidade pessoal, o que pensamos que somos, é imutável? A lei da mudança parece se aplicar a tudo, mas não à nossa identidade pessoal. Quantas vezes já ouvimos expressões como: “ele é assim”, “as pessoas não mudam”.

Quando pensamos em nós mesmos e em nossa identidade, podemos alimentar a ideia de que sempre fomos o que somos agora; no entanto, quando revisamos conversas antigas no Facebook ou WhatsApp, ficamos surpresos, e até envergonhados, daquele velho eu, “como poderíamos pensar e escrever assim!”.

A vida nos mostra, repetidamente, que nossa identidade está à mercê da mudança; além disso, é ela própria mudança. É uma evolução constante que se atualiza de acordo com nossas experiências vitais, com nossos aprendizados e relacionamentos, com as mudanças em nossas crenças e formas de vivenciar o mundo.

Neste artigo vamos parar para analisar o que é identidade pessoal e como ela é construída.

O que é identidade pessoal?

A identidade pessoal é construída a partir de um processo pelo qual as pessoas criam sua própria imagem e consolidam um conjunto de crenças sobre o tipo de pessoa que somos e as propriedades que nos diferenciam dos demais. Essa identidade nos permite responder à seguinte questão existencial: quem sou eu?

Mulher olhando no espelho
A identidade responde à questão de quem eu sou.

A identidade é uma construção que nos proporciona uma sensação de permanência e singularidade. A permanência refere-se ao que somos, sendo a todo momento aquele “ser idêntico a si mesmo”. A singularidade dá-nos a certeza de que somos únicos e irrepetíveis, é o ponto de referência sobre o qual nos diferenciamos dos outros.

Existem várias abordagens que definem a identidade pessoal, entre elas podemos encontrar:

  • Abordagem psicológica: centra a compreensão da identidade pessoal na interação de diferentes processos: memória, pensamento, crenças e emoções. Para esta abordagem, a identidade é uma propriedade mental do ser humano. Não pode ser localizado biologicamente.
  • Abordagem somática: nesta abordagem reconhece-se que a identidade pessoal reside no corpo. Ou seja, somos o que somos graças ao corpo que temos. Poderíamos dizer que somos o nosso corpo. Esta abordagem é mais biológica. A identidade pessoal encontra-se na materialidade do corpo.
  • Abordagem narrativa: a identidade pessoal é uma narrativa que o sujeito constrói para si e para os outros. Assim, a identidade é alcançada através da narração que as pessoas fazem de nossas próprias vidas. A identidade é uma história mediada pela linguagem.

Características

A identidade pessoal tem várias características:

  • Adaptabilidade: Sendo um processo maleável, pode ser ajustado às diferentes experiências que temos. Embora seja verdade que é difícil abandonar ou mudar o que somos, podemos fazer ajustes que nos permitem uma melhor adaptação ao meio ambiente.
  • Constância: é a persistência que percebemos de nossa identidade ao longo do tempo. Embora a identidade seja uma evolução contínua, é verdade que existem certos traços que tendem a ser mais estáveis ao longo do tempo. Esses traços representam uma utilidade para nós e nos fornecem a base para dizer que somos alguém.
  • Coerência: os traços que possuímos, aquelas características próprias que nos dão uma identidade, servem-nos como um meio para implantar nossos comportamentos no futuro. Funcionam como um indicador que nos diz como agir, para manter, reforçar e consolidar a identidade que construímos. A coerência nos permite sintonizar o que somos com o que fazemos.

A construção da identidade pessoal

A identidade é construída a partir dos diferentes contextos interativos, situacionais, sócio-históricos e culturais nos quais nos movemos diariamente. Para se formar, a identidade não apenas toma como referência o que acontece dentro de nós, mas também leva em consideração nossa interação com o meio ambiente. Sua construção não vem apenas da realidade subjetiva, mas também da realidade social.

Nesse processo interativo, onde nos relacionamos com o mundo social, o outro tem papel de destaque na construção de quem somos, pois para definir nossa identidade, necessitamos de alguém que nos reafirme como diferente. Ao nos separarmos da realidade social e nos tornarmos um indivíduo, demarcamos o que somos, essa identidade que nos configura.

Pode haver um eu sem um você? A existência de um depende do outro. Eu sou eu mesmo, na medida em que posso me distinguir do outro e posso me reafirmar como um indivíduo diferente e único, com sua própria história e sua própria bagagem de significados e interpretações. Minha identidade é construída graças à alteridade.

Homem pensando em como os introvertidos lidam com o estresse
A identidade é construída a partir do que acontece dentro e fora de nós.

Então, a identidade pessoal é configurada através da separação e diferenciação entre o eu e os outros. Estamos demarcando um limite entre o que somos e o que os outros são.

Nesse contexto, as experiências desempenham um papel central, pois moldam nossa maneira de sentir o mundo e interpretá-lo. Com cada uma dessas interpretações moldamos nossa maneira peculiar de entender a nós mesmos e ao mundo. Essas concepções, modos de sentir, compreender e se relacionar com o contexto sócio-histórico dão origem à nossa identidade pessoal.

Essa construção é dinâmica e gradual. Começa na infância e se consolida na adolescência. As experiências que estamos acumulando e os significados que estamos dando a elas estão reajustando e consolidando nossa identidade pessoal. Nela, com o passar do tempo, convergem outras identidades como de gênero, sexual, social, etc. Tudo isso junto nos torna quem somos.

As questões de identidade

A identidade pessoal nos deixa com mais perguntas do que respostas. É uma construção complexa para definir e entender. E, como definir (ou seja, delimitar), o que é uma mudança constante? Apesar de sua complexidade, é graças a ela que podemos dizer que somos alguém.

Quando olhamos para trás e vemos que éramos diferentes no passado em comparação com o que somos agora, o que nos torna diferentes? O que nos fez ser o que éramos e o que existia naquela época que nos fez ser o que éramos? O que éramos e o que somos agora são duas ou uma única identidade pessoal?

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  • Toledo, M. I. (2012). Sobre la construcción identitaria. Atenea (Concepción), (506), 43-56.

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