O que fazer quando você se sente triste e solitário

Existe um tipo de solidão que surge a partir do sentimento de desconexão com o nosso entorno. Não se sentir validado ou não encontrar sentido no que está ao nosso redor gera tristeza e, às vezes, até mesmo angústia. O que podemos fazer nesses casos? Vamos mostrar algumas dicas.

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

O que fazer quando você se sente triste e solitário? Muitas vezes se diz que artistas do romantismo, tais como Caspar David Friedrich, Heinrich Füssli ou Goya, fizeram de sua solidão e melancolia um exercício para a contemplação e inspiração. Eles eram chamados de pintores do crepúsculo cósmico porque viam nas horas anteriores ao anoitecer um cenário ideal para a criação.

De fato, os seres solitários às vezes encontram refúgios mágicos nos quais se abrigam para se reencontrarem e crescerem de várias maneiras. Tanto no sentido emocional, quanto no artístico e até mesmo no espiritual. No entanto, atualmente os tempos são outros e, neste momento, a solidão é uma epidemia silenciosa que causa sérios problemas de saúde mental.

São muitas as pessoas se sentem desconectadas com o seu entorno. E essa ruptura do social, daquilo que traz significado, transcendência e propósito para o ser humano, gera sofrimento. Isso ocorre porque, neste mundo acelerado, há muitos que permanecem presos na confusão, neste ponto de estagnação a partir do qual se vê tudo pelo viés da perplexidade e da incompreensão.

Por outro lado, a solidão não é uma experiência que surge apenas a partir do isolamento. Esse sentimento também surge quando nos sentimos desconectados daqueles ao nosso redor. E isso gera tristeza, frustração e até mesmo medo. Então, como podemos agir diante dessas circunstâncias?

Quando você se sente triste e solitário, isso é o que você pode fazer

No início, apontamos que, atualmente, a solidão é uma epidemia silenciosa. Trabalhos de pesquisa como, por exemplo, os realizados na Universidade Médica King George, afirmam que a solidão por si só não é uma doença, mas pode ser um gatilho para o aparecimento de condições associadas.

E insistimos, o problema da solidão não é tanto que uma pessoa esteja fisicamente isolada das outras. Na verdade, esse sentimento define um estado mental que, por sua vez, gera uma complexa realidade emocional. Às vezes, o simples fato de nos sentirmos incompreendidos, de carecermos de propósitos e de não encontrarmos sentido no que está ao nosso redor é a base para esse sentimento de isolamento.

Veremos, portanto, algumas dicas que podem ajudar diante desta situação.

1. Rotulagem: dar um nome para as suas emoções

Não, quando alguém está lidando com a tristeza e solidão, a solução não é encontrar companhia. A resposta e o alívio para o nosso vazio não está fora, mas sim dentro de nós e isso requer primeiramente dar um nome ao que estamos sentindo. Mas por que será que é necessário “nomear” ou “rotular” o que estamos vivenciando? Basicamente, porque o que recebe um nome adquire presença.

Uma pesquisa realizada na Universidade da Califórnia nos lembra da importância da rotulagem emocional. Ou seja, expressar com palavras o que sentimos nos permite tornar o problema visível para podermos tratá-lo. Assim, esse é sempre o primeiro passo.

2. Fazer um balanço das suas relações

Talvez você tenha um parceiro, muitos amigos e uma família que você encontra com frequência. No entanto, é sempre bom fazer um balanço e nos perguntar como essas relações que constroem a nossa existência nos fazem sentir. Elas nos fazem felizes? Será que elas nos apoiam? Essa pessoas dão sentido ao nosso dia a dia ou trazem obstáculos para os nossos sonhos, julgando até mesmo o nosso jeito de ser?

O amor não é tudo, mas o bom amor sim. As pessoas precisam de um afeto que seja enriquecedor, que nos impulsione e que nos deixe livres para sermos o que quisermos. Portanto, quando você se sente triste e solitário, este é um bom momento para repensar muitos dos seus vínculos socioafetivos. Você está com quem você realmente merece estar?

3. Fazer perguntas a si mesmo para descobrir do que você precisa

Falar consigo mesmo não é um sinal de loucura, mas sim uma estratégia de saúde mental. Há momentos em que operamos no piloto automático, deixando as coisas acontecerem por conta própria, sem jamais assumirmos o controle. Quando surgem a angústia, a tristeza sem forma e o medo sem gatilhos claros, é hora de conversar consigo mesmo e se fazer algumas perguntas.

Estou onde quero estar? Como me sinto? O que eu poderia fazer para me sentir melhor? Em que ponto estou na minha vida e para onde quero ir?

4. Desacelerar e reduzir a estimulação

Às vezes, a vida passa tão rápido que perdemos o foco. Vamos nos deixando levar, como uma pessoa subindo uma escada rolante sem rumo. Talvez seja hora de sair dessa escada na qual todos sobem e ir no sentido contrário, levando as coisas em um ritmo diferente. Afinal, desacelerar e viver um dia a dia mais tranquilo nos permitirá esclarecer as prioridades.

5. Fazer pequenas mudanças

Às vezes, pequenas mudanças trazem grandes revoluções. De fato, não é necessário que essa mudança seja de 180º. Novas etapas da vida às vezes começam por meio de uma simples mudança na rotina. Talvez este possa ser o momento de começar aquele curso que um dia você largou no meio. Hoje também pode ser um dia em que vale a pena fazer aquela ligação para aquele amigo que você não vê há um bom tempo.

De repente, fazer uma viagem, ler um novo livro ou até mesmo escolher o caminho mais longo ao voltar do trabalho pode nos permitir apreciar novas realidades que não havíamos percebido.

6. Esclarecer os propósitos, a chave para seguir adiante

Somos uma sociedade que se sente cada vez mais solitária, triste e apática. Não importa que estejamos mais conectados do que nunca. Afinal, se essas conexões não forem autênticas, a insatisfação será o espaço no qual teremos que viver. Isso não é adequado. Devemos nos lembrar do que nos traz significado, do que nos traz motivação e nos dá motivos para seguir em frente.

É preciso esclarecer os propósitos de tempos em tempos, uma vez que as pessoas mudam e é necessário atualizar as metas e objetivos. Por isso, vamos explorar o nosso interior. Vamos submergir como mergulhadores nas profundezas dos nossos desejos e encontrar o que nos entusiasma. Essa será a chave para escapar da solidão e olhar para o horizonte com esperança.