O seu amor me faz mal, mas não consigo te deixar

Te machuca e você sabe disso. No entanto, aí está você: tentando reverter uma situação que parece não ter volta. Neste artigo, falamos sobre as possíveis razões pelas quais permanecemos em relacionamentos que são ruins para nós.
O seu amor me faz mal, mas não consigo te deixar
Sharon Laura Capeluto

Escrito e verificado por a psicóloga Sharon Laura Capeluto.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

O amor pode doer, mas às vezes não é demais? Todo mundo diz para você terminar seu relacionamento. Que te faz mal. Que não é para você. E que você está sofrendo. No fundo, você sabe que dificilmente conseguirá algo de bom desse vínculo, porque o estado do relacionamento degenerou muito nos últimos meses. Ou pelo menos, aquilo que é agradável já não é mais suficiente.

No entanto, pensar em tomar a decisão de ir embora te dá tonturas. Você é invadido por uma série de medos e pensamentos catastróficos como: “Nunca mais vou encontrar o amor”,como vou continuar com minha vida?”, “e se eu me arrepender?”.

Pois bem, a teoria parece simples: se o relacionamento não é bom para nós, é melhor nos distanciarmos. Na prática, a questão é um pouco mais complicada. Neste artigo, veremos as razões pelas quais é tão difícil cortar um vínculo que está nos prejudicando.

Permanecer em um amor que dói: possíveis causas

Por si só, aceitar que nosso parceiro não nos faz mais felizes é um grande passo. Projetos e sonhos estão se enfraquecendo e isso nos deixa muito tristes. Por sua vez, as feridas do passado ressurgem com toda a sua força.

É natural sentir-se frustrado, porque as coisas estão acontecendo de uma forma diferente da que gostaríamos. Mas a relação está por um fio e nós sabemos disso. No entanto, aqui estamos, tentando não quebrar esse fio tão fino. Por que permanecemos em relacionamentos que nos machucam?

Mulher chorando por seu parceiro
A dependência emocional é uma das razões pelas quais relacionamentos tóxicos não são cortados.

1. Porque fomos levados a acreditar que o verdadeiro amor tem que doer

As crenças sobre o amor romântico nos fizeram muito mal. Nós as aprendemos desde pequenos. A cadeira do cinema foi gigantesca para nós quando vimos pela primeira vez uma princesa sofrer por amor. Nos moldamos a partir de ideias irracionais e com base nelas construímos relacionamentos em nossa vida adulta.

Se acreditarmos que “se não dói não é amor de verdade”. Se considerarmos que o amor autêntico deve ser vivido com intensidade e causar feridas profundas, espera-se que acabemos normalizando o sofrimento. Claro que as emoções desagradáveis fazem parte dos laços, mas quando não há mais espaço para o agradável ou isso é mínimo, tudo perde o sentido.

2. Porque temos pavor da ideia de nos sentirmos sozinhos

O medo da solidão ou de não encontrar um parceiro novamente representa uma das causas mais comuns que explicam por que muitas vezes permanecemos em relacionamentos que nos machucam. Tememos não ter alguém para nos proteger e acompanhar, sem perceber que mesmo sendo um casal, nos sentimos sozinhos.

Em relacionamentos que já duram alguns anos, esse sentimento se torna mais latente, pois a pessoa não se lembra de como era ser solteiro. Por sua vez, a conotação social negativa que existe em relação a isso influencia: acreditamos que não estar em um relacionamento é uma coisa ruim e que devemos evitá-lo a todo custo. Associamos erroneamente a companhia ao bem-estar e a solidão ao desconforto. Nem sempre é assim.

“Paradoxalmente, poder estar só é a condição para poder amar.”

-Erich Fromm-

3. Porque nunca tivemos um relacionamento saudável

Se o único modelo de relacionamento que conhecemos é aquele que produz uma alta dose de sofrimento, construído sobre dinâmicas disfuncionais, acabaremos naturalizando esse tipo de vínculo. Pensaremos que não é possível construir um amor saudável e prazeroso.

Quando a manipulação e os maus-tratos aparecem na maioria dos vínculos em que participamos, é comum que também os assumamos como parte dos novos. O mesmo aconteceria se estivéssemos acostumados ao desrespeito ou a sinais de desinteresse. Desconfiamos que é assim que os relacionamentos são.

4. Porque achamos que não merecemos um amor melhor

De mãos dadas com uma autoestima enfraquecida, podemos chegar a acreditar que não merecemos um amor melhor do que aquele que estamos vivendo. Por isso, acabamos nos conformando com uma realidade tão dolorosa e miserável. A insegurança em si mesmo se torna perigosa, pois às vezes nos leva a tolerar e até justificar atitudes agressivas.

A autoestima praticamente inexistente, juntamente com a culpa, pode nos impedir de tomar a decisão de romper um relacionamento. Mesmo que você ainda não sinta, você merece um amor lindo!

5. Porque queremos evitar a todo custo a dor do rompimento

Você já disse a si mesmo “esta é a última vez que me apaixono”, depois de sofrer um rompimento ? A dor sentida ao se separar de uma pessoa que você ama ou amou muito é grande. Quando isso acontece conosco, prometemos a nós mesmos nunca passar pela mesma coisa novamente. No entanto, quando a angústia passa, a promessa absurda desaparece.

Escolher permanecer em um relacionamento por medo da dor resultante do processo de luto é mais comum do que você imagina. A ideia de passar por uma perda e ter que nos reinventar nos assusta.

Mulher preocupada com a identidade sexual
O medo da perda e a solidão muitas vezes bloqueiam o rompimento do relacionamento em alguns casos.

6. Porque estamos preocupados com o que os outros vão dizer

Muitas vezes carregamos uma boa dose de demandas sociais, expectativas dos outros e exigências familiares. Essas questões influenciam nas escolhas que fazemos todos os dias: desde como nos vestimos, quem escolhemos como parceiro e até quando continuamos o relacionamento.

Às vezes, a preocupação com as opiniões das pessoas ao nosso redor é tão forte que nos impede de tomar uma decisão alinhada ao nosso bem-estar. Pensamos “estou com meu parceiro há menos de um ano, o que meus pais vão pensar se eu me separar? Oumeus amigos vão pensar que há algo errado comigo”.

Desapegar-se completamente do que vão dizer é praticamente impossível. No entanto, lembre-se de que, faça o que fizer, os outros sempre terão algo a dizer.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Barderi, Montse. (2016). “El amor no duele. Todo lo que debes saber sobre el amor verdadero” Barcelona, Ediciones Urano, S.A.U.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.