O que há por trás da obsessão em acumular grandes fortunas de dinheiro?

O que há por trás da obsessão em acumular grandes fortunas de dinheiro?

Última atualização: 21 junho, 2017

Certamente cada um de nós tem em mente alguns casos de pessoas muito ricas que, devido ao seu excessivo apego ao dinheiro, acabaram tendo destinos lamentáveis. Golpes, corrupção, cadeia ou dívidas são algumas das consequências que a obsessão por dinheiro pode causar nas pessoas.

Crematística é o nome da obsessão que algumas pessoas têm em acumular riquezas e posses. Quem sofre dessa obsessão se sujeita a qualquer coisa para ganhar mais e mais. A família, os amigos, o parceiro e até a própria pessoa deixam de ter tanta relevância para quem sofre dessa obsessão quando surge uma oportunidade de aumentar seus bens financeiros.

Sua mente se baseia na ideia obsessiva de ganhar dinheiro, sem ter muito em conta as consequências que essa obsessão pode trazer.

O dinheiro, em perspectiva, nos ajuda a viver melhor num mundo dominado pelo capitalismo. Mas nós não podemos nos esquecer de que o dinheiro não passa de um pedaço do papel que possui algum valor de câmbio. Ter dinheiro suficiente para viver dignamente é algo necessário: precisamos nos alimentar, ter um teto e nos vestir.

O problema surge quando nos sentimos tão vazios por dentro ou tão carentes que usamos o dinheiro para preencher os vazios emocionais.

É somente o dinheiro?

Para muitas pessoas o dinheiro representa um reforço positivo a curto prazo. Esse reforço alimenta as ideias obsessivas em acumular mais e mais. A pessoa que sofre com a crematística precisa desse reforço positivo de forma constante, de maneira que ela tem a sensação de que nunca é suficiente.

Mas não é apenas o fato de depositar grandes quantidades de dinheiro em sua conta. Na sociedade em que nós vivemos, o fato de possuir mais dinheiro está intimamente relacionado ao sucesso, e por sua vez, a ser mais ou menos valioso como pessoa.

A enorme necessidade de aprovação que essas pessoas têm as leva a fazer grandes esforços, a cometer delitos e a se endividarem com o único objetivo de se mostrarem pessoas de sucesso e dignas de admiração.

Homem obcecado por dinheiro

Se investigarmos um pouco, podemos ver que, além do reforço dado pelo dinheiro e pelo reconhecimento social de que essas pessoas precisam, há algo mais. A adrenalina conseguida ao realizar ações proibidas ou delitos também se torna um grande reforçador. Assim, agir de maneira imprudente pode se tornar uma droga que distorce a realidade para essas pessoas, fazendo com que elas pensem que, assim, são mais interessantes e atraentes.

E no que isso dá? Como em qualquer caso no qual o hedonismo ganha importância a curto prazo, essas pessoas acabam perdendo seus valores e seus compromissos mais internos. Nada tem valor para eles, mas ao mesmo tempo nenhuma quantidade, posse ou realização é suficiente.

Além disso, a longo prazo acabam perdendo suas amizades, destroem suas famílias, se enfiam em problemas e acabam na mais terrível das solidões.

Essa necessidade obsessiva de serem aceitos e aprovados pelos demais – já que não são capazes de conseguir isso sendo o que realmente são – leva essas pessoas diretamente para a situação que elas mais temem. Graças à sua profecia autocumprida, ficam sós e sem a aprovação pela qual tanto se sacrificaram.

A necessidade mental que essas pessoas têm nunca é completamente satisfeita. Isso nos permite ver claramente que a solução para o seu vazio interior não está em algo tão superficial como ter mais ou menos dinheiro, propriedades ou bens.

A solução está em revisar sua escala de valores e se dar conta de que tudo o que você realmente precisa está em suas mãos.

Exemplos como o corretor espanhol Martin-Artajo, o Lobo de Wall Street, ou os casos de corrupção de políticos passam a mensagem desse artigo. A verdade é que existem pessoas tão vazias por dentro que precisam de algo externo que preencha suas carências. O que pode levar essas pessoas a quererem mais do que possuem? Que tipo de vida elas querem levar?

Essas perguntas nos fazem pensar que, além do dinheiro, elas se interessam também pela imagem que pensam que tal dinheiro projeta nelas. Elas têm uma necessidade de reconhecimento, de se mostrarem valiosas e poderosas diante dos demais, além do ânimo que pode surgir ao realizar ações clandestinas ou proibidas.

A necessidade da aprovação

A necessidade de aprovação motivou um grande número de comportamentos ao longo da história. Em épocas pré-históricas, o que não era aceito pelo grupo ficava fora da caverna, com todos os perigos que isso podia envolver. A morte estava muito mais próxima se não fôssemos aceitos pela comunidade.

Tudo vem daí. Parece que esta necessidade continua nos atacando de alguma forma, ainda que sejamos conscientes de que vamos sobreviver à margem da aceitação dos demais.

Pessoas movidas a dinheiro

Eliminar esta absurda pseudonecessidade poderia levar à cura dessa tipologia psicológica. Dessa forma, as pessoas poderiam perceber que o dinheiro é uma ilusão: na verdade, não serve para nada além de cobrir necessidades materiais que já estão satisfeitas.

O ser humano precisa de pouquíssimos objetos para se sentir pleno neste mundo. Quando adquirimos algo, o valor do objeto dura um determinado período de tempo, que é muito curto, e logo perde valor; precisamos, então, de uma versão melhorada do que acabamos de adquirir. Algo que as marcas sabem muito bem, por isso vivem lançando modelos mais atuais e modernos.

Por trás disso se encontra esta necessidade: mostrar que temos determinadas coisas para os outros, obtendo elogios e nos sentindo felizes. Mas não podemos nos esquecer de que essa é uma felicidade efêmera.

Não nos deixemos enganar: o que realmente traz a felicidade é nos sentirmos plenos com as pequenas coisas da vida, mas principalmente, amando a nós mesmos e nos aceitando como somos.


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