Os idosos experimentam menos estresse diário?

O estresse diminui quando envelhecemos? Conseguimos lidar melhor com isso com o passar do tempo? Se você quer saber as respostas, continue lendo!

Escrito e verificado por o psicólogo José Padilla.

Última atualização: 14 março, 2023

A vida hoje é estressante para o cidadão comum. Temos que pagar contas, cumprir responsabilidades no trabalho ou na faculdade, nos esforçar para alcançar nossos objetivos, etc. No entanto, um estudo descobriu que os adultos mais velhos podem experimentar menos estresse.

E é que, segundo os dados, parece haver uma tendência a diminuir a resposta ao estresse que, além disso, se estabiliza a partir da meia-idade. Neste artigo vamos analisar essa questão em profundidade.

Estresse diário e saúde

Não é segredo para ninguém que, embora o estresse possa ser um bom aliado para o nosso funcionamento, quando é excessivo pode prejudicar nossa saúde. Quanto mais durar e interferir, pior será tanto para a mente quanto para o corpo.

De acordo com a American Psychological Association (APA), a ativação a longo prazo do sistema de resposta ao estresse pode aumentar o risco de problemas de saúde física e mental, incluindo ansiedade, depressão, problemas digestivos, tensão e dor muscular, pressão alta, problemas de sono, ganho de peso e memória e concentração prejudicadas.

O estresse diário que caracteriza a vida de muitas pessoas não é um bom companheiro, principalmente se você deseja desfrutar de boa saúde. Mas nem tudo são más notícias, uma investigação liderada por David Almeida (2022), professor da Penn State, nos oferece resultados interessantes sobre o estresse diário e a reatividade a eles. Vamos mais fundo.

Os idosos experimentariam menos estresse diário

A equipe de Almeida usou dados do National Study of Daily Experiences (NSDE), um estudo nacional que coletou dados sobre a vida cotidiana de mais de 3.000 adultos ao longo de 20 anos. O objetivo da pesquisa foi examinar os padrões relacionados à idade na exposição e na reatividade afetiva aos estressores.

Os participantes realizaram entrevistas telefônicas durante oito dias consecutivos com os quais seus níveis de estresse diário foram avaliados por meio de pesquisas e outras variáveis emocionais. Essas avaliações foram repetidas mais 2 vezes em intervalos de aproximadamente nove anos, fornecendo dados longitudinais de 20 anos (1996-2017).

À medida que envelhecemos, os efeitos do estresse diário podem diminuir

Os resultados do estudo de Almeida indicam que os idosos vivenciam menos estresse diário. Além disso, os efeitos disso, tanto no número de estressores diários quanto em sua reatividade emocional, foram menores.

No início do estudo, pessoas de 25 anos relataram estressores em quase 50% dos dias, em contraste, adultos de 70 anos ou mais relataram estressores em apenas 35% dos dias. Da mesma forma, ao longo dos 20 anos de estudo, foi observada uma redução média de 11% nos dias com fatores estressantes e 47% na reatividade a eles. Do exposto deduziu-se que, para além da diminuição do número de fatores estressantes diários, também se recorre mais à calma quando ocorrem estas situações.

Com que idade os adultos mais velhos começam a sentir menos estresse?

O estresse diário tende a diminuir até meados dos anos 50, quando as pessoas parecem ser menos afetadas pelo estresse. Curiosamente, Almeida também argumenta que o avanço da idade (final dos anos 60 e início dos anos 70) pode trazer mais desafios e um leve aumento no estresse diário, de acordo com dados do estudo.

Todos nós envelhecemos à nossa maneira. Como fazemos isso depende não apenas dos desafios e estressores que enfrentamos, mas também de como respondemos e gerenciamos essas situações.

Limitações do estudo

Apesar dos resultados favoráveis, existem algumas limitações importantes que devemos considerar. Primeiro, o estudo baseou-se em autorrelatos para medir a exposição ao estresse, que pode ser afetado por vieses de memória e percepção. Seria valioso para estudos futuros complementar esses dados com medidas objetivas dos níveis de estresse, como a quantidade de cortisol no corpo.

Além disso, a amostra do estudo era principalmente branca e de nível socioeconômico médio-alto, o que limita a generalização dos resultados para outros grupos étnicos e socioeconômicos. Para estudos futuros é necessário considerar as informações fornecidas por outros grupos para ter uma visão mais completa dessa situação.

Finalmente, graças ao estudo que revisamos, agora sabemos que os adultos mais velhos podem experimentar menos estresse diário. Assim, podemos ter certeza de que o tempo trabalhará a nosso favor. Embora isso não signifique que devemos delegar tudo nele, devemos agir pelo nosso bem-estar enquanto ainda somos jovens e tentar garantir nossa tranquilidade na velhice.