Os mitos do sexting

O sexting é uma prática cada vez mais comum, impulsionada pelas novas formas de comunicação. Os mitos do sexting contribuem para que essa prática seja considerada prejudicial por muitas pessoas, mas se a realizarmos tomando algumas medidas de precaução, podemos minimizar os riscos.
Os mitos do sexting
Alberto Álamo

Escrito e verificado por o psicólogo Alberto Álamo.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

A forma como nos comunicamos mudou. Essa mudança repercute em nosso dia a dia e afeta todas as áreas das nossas vidas. Naturalmente, o âmbito íntimo e erótico de nossas vidas também foi afetado por essas mudanças. É nesse contexto que surgiram alguns fenômenos que devemos esclarecer, e entre eles podemos citar os mitos do sexting.

As novas formas de comunicação facilitaram um tipo de interação instantânea e sem barreiras. Como já afirmamos, nesse contexto o sexting engloba todo um conjunto de elementos comunicativos através das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).

Vamos nos aprofundar um pouco mais nesse conceito e analisar os mitos do sexting.

O que é o sexting?

A palavra sexting é a fusão das palavras de língua inglesa sex e texting (mensagens de texto). Sexting é todo o conjunto de práticas que consistem no envio de conteúdo erótico através de aparelhos eletrônicos, tais como smartphones, tablets ou computadores.

Dentro dessas práticas estão incluídos todos os tipos de formatos: fotografias, gifs, vídeos, textos, áudios, etc.

O sexting

Existem, portanto, inúmeras formas de realizar essa prática. No entanto, é importante esclarecer que o sexting é uma atividade que se dá no seio de uma relação entre duas ou mais pessoas.

Portanto, tudo o que se considera sexting deve ser consensual e realizado de forma livre. Ou seja, quando uma pessoa escolhe enviar conteúdo de caráter íntimo a outra, não faz isso porque se sente pressionada, mas porque quer.

Ao refletir sobre esse tipo de prática, é comum que ela seja considerada perigosa. Inclusive, muitos tentam proibi-la ou preveni-la.

A verdade é que o sexting não é, por si só, algo ruim ou algo bom. É apenas uma forma de se comunicar. Mais do que ser algo bom ou ruim, podemos dizer que tem desvantagens, mas também vantagens.

Desvantagens

Quando falamos de desvantagens, é curioso pensar que a principal delas é que essas práticas não têm limites. Ou seja, as desvantagens estão mais relacionadas com o uso que se dá ao sexting do que com o conceito em si.

Nossos aparelhos eletrônicos nos permitem enviar qualquer tipo de conteúdo, e somos nós mesmos que estabelecemos os limites.

Quais podem ser as consequências de não estabelecer limites ou não usar bem o sexting? Podem ocorrer pressões ou chantagens para que sejam enviados conteúdos eróticos sem que a pessoa deseje fazer isso.

Também pode ser que a pessoa que recebe o conteúdo, sem permissão de quem o envia, o compartilhe com outras pessoas.

Inclusive, podemos nos deparar com episódios tão desagradáveis quanto uma pessoa compartilhar conteúdo íntimo de um ex, após um término, como uma forma de vingança.

Vantagens

Essas desvantagens alimentam muito os mitos do sexting e, em geral, a concepção que se tem dessas práticas. O sexting, como forma de comunicação, apresenta importantes vantagens.

Elas são praticamente as mesmas proporcionadas pelas novas formas de comunicação: a instantaneidade, a acessibilidade e a eliminação de barreiras geográficas.

Se seu parceiro está do outro lado do mundo, é possível continuar mantendo a chama da paixão acesa por meio de jogos eróticos através do celular.

Sabemos que esse tipo de relação não vai substituir as relações pele com pele, mas pode contribuir para que nosso desejo e nossa paixão pela outra pessoa se mantenha apesar da distância.

Portanto, o sexting satisfaz necessidades que antes não podiam ser satisfeitas. Além disso, com nossos aparelhos celulares, podemos realizar esse tipo de interação da maneira que nos sintamos mais confortáveis.

Os mitos do sexting

Visto o seu significado, suas vantagens e desvantagens, estamos em condições de enumerar uma série de mitos ou crenças populares sobre o sexting:

  • O sexting é perigoso. Não é, nem deixa de ser. O que pode se tornar perigoso, assim como comentamos anteriormente, é o mau uso do mesmo.
  • O sexting é frio e impessoal. O envio de conteúdos eróticos através de aparelhos eletrônicos não tem que substituir as relações eróticas nas quais existe um contato físico. Pelo contrário, tem outras funções. Representam um tipo de interação por si mesmas, não comparáveis com outras. Portanto, o sexting não é necessariamente frio ou impessoal.
  • Sexting é promiscuidade. Essas práticas são usadas por pessoas em vários tipos de situações. E mais, costumam ser usadas por casais convencionais que não têm outra forma de expressar e satisfazer suas necessidades eróticas.
  • O sexting sempre acaba mal. Não há motivos para isso acontecer se for usado corretamente. De fato, cada vez mais os profissionais da sexologia estão trabalhando esse tema com os jovens nas aulas de educação sexual.
O sexting

Como praticar o sexting de forma segura

Os mitos do sexting estão bastante disseminados. Para acabar com esses mitos, é necessário oferecer alternativas para a prática segura do sexting. Se você quer praticar sexting sem correr riscos, o principal é escolher bem a pessoa com quem o pratica.

A confiança, assim como nas relações eróticas convencionais, determina se vamos nos sentir confortáveis e livres.

Além disso, se praticamos o sexting com uma pessoa de confiança, poderemos estar mais seguros de que realizamos essa prática por vontade própria, e não por imposição, que é outra das recomendações importantes.

Se nos focarmos no conteúdo, poderemos minimizar o risco de uma forma muito simples. Temos que agir de tal forma que se, pelo motivo que for, o conteúdo que enviarmos cair em mãos erradas, não possamos ser identificados.

Por exemplo, se enviamos uma foto na qual mostramos nosso corpo ou parte dele, essa foto deve poder ser enviada com a mesma intenção e o mesmo efeito sem que sejamos reconhecidos, seja escondendo o rosto ou cortando a imagem.

Se você optar por enviar conteúdos íntimos, tenha certeza de que também não será possível reconhecer outros sinais distintivos em você, tais como piercings, tatuagens ou qualquer outro acessório que você costume usar com frequência.

Também é recomendável que o ambiente no qual você tira essas fotos seja neutro. Isto é, não deve haver fotos de familiares ao fundo ou um pôster característico que as pessoas sabem que você tem, por exemplo.

Tente apagar periodicamente as fotos íntimas que ficaram salvas no seu aparelho, porque nunca se sabe quem terá acesso a ele.

Vivemos em uma sociedade hiperconectada. Quando enviamos uma foto através de nosso celular, automaticamente perdemos o controle sobre ela, seja por utilizar plataformas ou aplicativos que não garantem segurança e privacidade, seja pela falta de responsabilidade daqueles que recebem o conteúdo.

Se nos focarmos em proibir ou vetar essas práticas aos adolescentes, eles poderão realizá-las da mesma forma. Além de tudo, correndo riscos. Por isso, é preferível proporcionar a opção de que, quem quiser fazer, possa praticar o sexting de forma segura.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.