Meu parceiro coloca a família dele em primeiro lugar: o que fazer?

Se você acha que seu parceiro está colocando você em segundo plano por priorizar a família dele, você deve intervir. Uma boa comunicação, estabelecer limites e chegar a acordos são pontos-chave.
Meu parceiro coloca a família dele em primeiro lugar: o que fazer?
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 27 junho, 2024

Meu parceiro coloca a família dele em primeiro lugar, não importa a circunstância ou o problema que devemos resolver, cada decisão passa primeiro pelo filtro dos pais. Somos três nessa relação há muito tempo e não sei mais o que fazer fazer.” Por mais curioso que possa parecer, essa circunstância ocorre com bastante frequência e não é apenas fonte de problemas, mas também de inúmeras rupturas.

Costumamos dizer que quando formalizamos um relacionamento com alguém e iniciamos uma vida juntos, nos comprometemos com essa pessoa, não com sua família. No entanto, presumir isso às vezes é errar pelo lado da inocência. Cada um de nós traz consigo um legado de figuras familiares que, sem necessidade de estarem presentes, nos determinam.

Ou seja, às vezes não é necessário que os pais ou irmãos do nosso parceiro estejam em casa. Às vezes, eles são percebidos e tornados visíveis nos seus comentários, raciocínios e naqueles mandatos invisíveis que continuam a determiná-lo. O peso da família pode estar mais ou menos presente em cada um, mas conseguir distanciar-nos desses fios é sinônimo de maturidade e bem-estar.

Quando isso não acontece, quando alguém coloca a própria família antes do companheiro ou dos filhos, são abertas grandes lacunas na convivência. Vamos analisar juntos essa situação.

Mãe e filha adulta representando quando meu parceiro coloca a família em primeiro lugar

Meu parceiro coloca a família dele em primeiro lugar: estratégias para lidar com essa situação

Adoraríamos ter uma bola de cristal para poder prever o futuro. Porque quando iniciamos um relacionamento com alguém nem sempre intuímos ou percebemos certas coisas. Além do mais, o que geralmente acontece é que mesmo vendo alguns aspectos, adicionamos um filtro dourado chamado idealização. Assim, se o nosso parceiro é muito “família”, é algo que costumamos ver com bons olhos no início.

Agora, com o passar do tempo, essa familiaridade com seus entes queridos pode demonstrar apego excessivo. É bem possível que, em algum momento, descubramos, maravilhados, que para o nosso parceiro os pais estão sempre em primeiro lugar. É verdade que às vezes podemos perceber reações muito específicas, mas quando essa tendência se torna constante, a luz do alarme se acende.

O que podemos fazer nessas circunstâncias?

1. Comunicação assertiva: minhas necessidades, suas prioridades

Quando seu parceiro coloca a família em primeiro lugar, a última coisa que você deve fazer é ficar em silêncio. Permanecer em silêncio enquanto esperamos por mudanças não é sutil nem aconselhável. Você deve usar uma comunicação assertiva e empática.

  • Explique a situação com calma e clareza. Sempre tente dar exemplos concretos explicando como você se sentiu em relação a essas reações ou comportamentos. Evite fazer acusações. Trata-se apenas de expor a realidade.
  • Promova um diálogo empático para deixar claro o que você precisa e o que espera da outra pessoa (Espero o seu apoio, quero que você esteja comigo quando eu precisar, quero ser uma prioridade e não algo secundário na sua vida…).
  • É bem possível que nosso parceiro nem tenha consciência de seu comportamento. Para ele, colocar a família em primeiro lugar é algo habitual, algo que ele sempre fez. É preciso mostrar a ele com esse comportamento que ele está prejudicando o relacionamento.

2. Buscar acompanhamento psicológico

Uma das razões pelas quais seu parceiro coloca a família em primeiro lugar é porque se sente culpado por não passar mais tempo com ela. Quando uma pessoa é excessivamente apegada aos pais, é muito difícil romper aquele “cordão umbilical emocional” de um dia para o outro. É preciso entender que não se ama menos os pais porque se tem vida própria ou porque se tem um parceiro e o priorize.

É recomendável que você faça um exercício de introspecção e amadurecimento nesse aspecto. Devemos lembrar que a qualidade de um relacionamento depende, em muitos casos, da capacidade dos seus membros em estabelecer relacionamentos saudáveis.

Estudos como os realizados na Universidade de Cambridge, por exemplo, nos dizem que ter amigos e ter apoio familiar é um bom apoio emocional e psicológico. Porém, essas redes sociais são secundárias, enquanto o vínculo entre o casal é a prioridade.

3. Estabelecer limites

Algo que costuma acontecer com muita frequência é o compartilhamento de eventos privados com terceiros. Nesse caso, com a família do nosso companheiro. Conversas, problemas, discussões, projetos de curto e longo prazo… Muitas dessas coisas que você compartilha na intimidade com seu ente querido acabam chegando aos pais e irmãos.

Quase sem saber como, figuras que nada têm a ver com o seu relacionamento acabam opinando e até decidindo pelo seu parceiro. Para ele ou ela, pode ser algo habitual porque sempre fez isso. Sejamos claros: não podemos tolerar esse tipo de situação.

Quando seu parceiro coloca a família dele em primeiro lugar, é comum que eventos íntimos e privados acabem sendo veiculados e isso é uma barreira que não podemos permitir que seja ultrapassada.

Mulher triste pensando: Meu parceiro está mentindo para mim

4. Evitar ressentimentos

Quando temos como companheiro alguém que mantém laços muito estreitos com a família, é comum sentir-se estrangeiro dentro da própria casa. É como ser um elemento estranho que não encontra o seu lugar. Essas situações não são saudáveis e a última coisa que nos trarão é felicidade.

Se o parceiro coloca a família em primeiro lugar em todas as circunstâncias, devemos evitar ressentimentos ou ódio contra os sogros. Fazer isso significa piorar ainda mais a situação.

Em vez disso, apliquemos uma visão construtiva, com a qual procuremos reeducar o parceiro sobre o que significa ter um relacionamento, na manutenção de um compromisso autêntico. Para isso, estabeleceremos limites e proporemos mudanças:

  • Os problemas são resolvidos em casal. É proibido envolver terceiros.
  • Estabelecer e discutir atividades em família para não cancelar os planos do casal na última hora.
  • Entender quais momentos ou atitudes podem ser desconfortáveis ​​na dinâmica com a família do outro.
  • Ambas as famílias sejam relevantes. Porém, o relacionamento sempre será a prioridade um do outro.
  • As visitas familiares são combinadas e delimitadas. Não é permitido que apareçam sem avisar ou que o companheiro esteja sempre à disposição deles.

Estes são apenas alguns exemplos. Cada relação, dependendo da sua dinâmica e necessidades, pode estabelecer os seus próprios acordos.

A boa comunicação como chave

Como vimos, a comunicação é o fator fundamental na hora de enfrentar situações complexas em nosso relacionamento. Não é saudável que nenhuma das partes tenha um vínculo excessivo com a família, que ultrapasse os limites.

Portanto, é necessário estabelecer acordos para que ambos entendam que, embora a família seja muito valiosa e importante, a prioridade deve ser sempre um ao outro.

Lembre-se: o apego excessivo é um elemento que não permite ter relacionamentos saudáveis, principalmente quando você é adulto. Mesmo assim, se existe esse tipo de problema com o seu parceiro, é algo que, com amor, paciência e muita empatia, ele conseguirá resolver.


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