O pequeno Albert, a criança perdida da psicologia

O experimento do pequeno Albert suscitou uma grande quantidade de polêmicas. Entre elas, a verdadeira identidade e o destino do bebê que foi submetido a diversas situações de terror para mostrar que a mente podia ser condicionada.
O pequeno Albert, a criança perdida da psicologia
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 16 fevereiro, 2022

A história do pequeno Albert é uma das mais confusas e controversas da psicologia. Quem deu origem a ela foi o famosíssimo John B Watson, considerado o pai da escola behavorista.

Em termos gerais, esta escola propõe que o comportamento dos seres humanos se molda em função de estímulos e respostas.

O que o behavorismo diz, essencialmente, é que o comportamento humano pode ser moldado ou “treinado”. Ao contrário de outras escolas, para os behavoristas a felicidade de um idoso na China é exatamente igual à de um bebê no México. Não importa o que aconteça internamente com cada um, o que conta é o comportamento observável.

Para provar sua hipótese básica, John Watson recorreu a uma série de experimentos. O mais famoso deles foi o do pequeno Albert, um bebê de 9 meses de idade.

Após os testes de Watson, nunca se soube qual foi o destino da criança. No entanto, alguns pesquisadores se deram ao trabalho de averiguar o que teria acontecido com ele e se depararam com muitas surpresas.

“Não estarei satisfeito até que tenha um laboratório no qual possa criar crianças desde o nascimento até os três ou quatro anos sob observação contínua.”
– John B. Watson-

O experimento do pequeno Albert

Antes de mencionar o que ocorreu com Watson, vamos citar brevemente no que consistiu o experimento do pequeno Albert.

De acordo com o que Watson diz em suas anotações, o bebê era filho de uma enfermeira de um orfanato. Ele foi escolhido para o experimento devido à sua personalidade tranquila e relativamente indiferente a estímulos externos.

O que Watson fez foi expor o bebê a diferentes estímulos. Um macaco, um rato branco, um papel se queimando, etc.

Quando estes seres e objetos foram apresentados para a criança, ela demonstrou atenção, mas mostrou-se basicamente indiferente emocionalmente a eles. Expressava somente uma pequena dose de curiosidade.

Mais à frente no experimento, Watson introduziu um estímulo adicional. Sempre que o rato branco aparecia, ele batia um martelo em alguma superfície para fazer um barulho estrondoso que assustava o bebê.

Desse modo, a criança começou a associar o som com o rato e, depois de um tempo, sentia medo só de ver o animal. Mais tarde, ele generalizou seu medo aos coelhos e a outros animais com pelo.

Qual era o objetivo do experimento do pequeno Albert?

O experimento do pequeno Albert permitiu a Watson provar que o comportamento poderia ser moldado através de estímulos.

Em suas notas, ele dizia que o experimento tinha terminado porque a criança havia sido adotada. No entanto, nunca se soube se o comportamento de medo se manteve nela ou não após concluir o experimento.

Com o tempo, alguns pesquisadores se interessaram em averiguar qual havia sido o destino da criança. Um dos interessados em chegar até a verdade foi o psicólogo Hall Beck.

Partindo das notas de Watson, de pesquisas e outros documentos, ele acreditou ter encontrado a criança e, em 2009, publicou suas conclusões.

Nelas, afirmou que Albert, na verdade, era Douglas Merritte, um menino que sofria de hidrocefalia desde o seu nascimento e que morreu aos 6 anos de idade.

Suas descobertas puseram toda a obra de Watson em contradição e, além disso, deram ao experimento um caráter mais monstruoso, pois Watson havia utilizado uma criança deficiente para provar sua teoria.

Bebê chorando

Outra hipótese e muitas dúvidas

Outro psicólogo, Russell A Powell, da Universidade Grand McEwan, no Canadá, colocou as conclusões de Beck em dúvida. Ele também iniciou sua própria investigação e, em 2012, publicou suas conclusões.

De acordo com elas, Albert era, na verdade, William Albert Barger, uma criança normal que cresceu saudável e morreu aos 88 anos de idade, sentido uma certa aversão pelos animais.

Tanto a hipótese de Beck quanto a de Powell são muito sólidas, mas inconclusivas. Para completar, em junho de 2014, o pesquisador Tom Bartlett publicou um novo artigo no qual chegava à conclusão de que duas crianças haviam participado do experimento.

O assunto, no fundo, implica um debate sobre a validade do behavorismo, uma escola que foi muito criticada pelo seu reducionismo.

Soma-se a isso uma certa antipatia pela figura de John Watson. Este homem foi repudiado por ter se divorciado de sua esposa para ficar com Rosalie Rayner, uma estudante que trabalhou como sua assistente.

John Watson foi expulso da universidade e perdeu seus títulos acadêmicos. Junto com a sua assistente, teve dois filhos, que foram educados de forma estritamente behavorista. Ambos tentaram se suicidar quando adultos e o mais velho, William, foi bem sucedido em sua tentativa.

Entretanto, todos os seus títulos foram restituídos nos anos 50, quando ele já havia concentrado seu foco em outro interesse: a publicidade.


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  • Pérez-Delgado, E., Gil, F. T., & Garrido, A. P. (1991). La nueva imagen de John Broadus Watson en la historiografía contemporánea. Anuario de psicología/The UB Journal of psychology, (51), 67-88.

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