Perdoar nos liberta do passado e nos permite avançar
O perdão é uma das maiores formas de generosidade que existem. Perdoar é uma parte quase inevitável de todas as relações que mantemos. Concedê-lo e pedi-lo é uma liberdade, uma opção que confere a ele um valor enorme, já que costuma envolver um esforço maior que suas alternativas: não pedi-lo ou não concedê-lo.
Há pessoas que não perdoam porque pensam que, desse modo, não libertam a outra pessoa da culpa, mas a realidade é que a pessoa que mais sofre é aquela que não sabe perdoar. Não fazê-lo implica que a dor permaneça em seu interior, se transformando em uma espécie de punhal afiado e descontrolado capaz de causar um enorme dano de maneira imprevisível.
“Aquele que é incapaz de perdoar é incapaz de amar”
-Martin Luther King-
Não saber perdoar nos prende à raiva e ao ressentimento , por isso é muito provável que você acabe nutrindo seus pensamentos com isso. Perdoar alguém que nos feriu não é fácil, por isso é necessário saber como fazê-lo para poder se libertar das feridas do passado e deixar para trás qualquer carga emocional que possa machucar.
Formas equivocadas de perceber o perdão
Há pessoas que têm uma forma errônea de entender o perdão; acreditam que é uma forma de competição que pontua, premiando um ganhador e castigando um perdedor. Assim, uma forma equivocada de perceber o perdão é aquela que tenha a ver com as seguintes crenças:
- Libertar a outra pessoa de seus atos;
- Ceder;
- Oferecer a outra face;
- Fingir que nada aconteceu;
- Admitir que sua raiva não é justificada;
- Ser obrigado a se dar bem com alguém que você sente que pode feri-lo novamente.
“Somente aqueles espíritos verdadeiramente corajosos sabem como perdoar. Um covarde nunca perdoa porque não está em sua natureza.”
– Laurence Sterne –
Entenda o perdão como uma liberdade que cura
A realidade é que o perdão não tem nada a ver com o enumerado acima. O perdão tem a ver consigo mesmo, com se sentir bem e com impedir que a punição vá além da reflexão e do aprendizado. Realmente, o perdão é caracterizado por:
- Libertar rancores ou ressentimentos;
- Curar feridas, atenuar cicatrizes;
- Ser uma escolha para passar a um estado mental melhor;
- Ajudar você a focar sua atenção nos aspectos positivos;
- Dar uma grande oportunidade a você: começar do zero;
- Libertar-se: é sua escolha, não se esqueça de que você tem o poder sobre seus sentimentos.
Permita que o tempo faça seu trabalho
Quando algo doer, lembre-se de que você não pode agir sobre o passado e que, pelo contrário, são o presente e o futuro que lhe darão a oportunidade de intervir: amenizando, remediando e restabelecendo.
Deixe que sua energia positiva saia para o exterior sem necessidade de luta, sem a necessidade de travar uma dura batalha. Permita que sua atenção se foque em estar melhor, impedindo que o dano mascare a gratidão pelo resto das coisas positivas com as quais você conta.
Perdoar e ser perdoado é igualmente libertador
Perdoar é um grande ato de bondade para consigo mesmo e para os demais, que lhe ajudará a avançar e se dar conta de que não há nada tão venenoso como estar mal consigo mesmo. Além disso, a pessoa que recebe o perdão pode aprender uma grande lição relacionada à humildade e aos valores humanos, que também transformará sua perspectiva.
A dor causada por um dano é, muitas vezes, inevitável. Porém, não conceda a ela o poder de se instalar em sua vida porque depois ela não vai querer ir embora. A única pessoa que pode controlar seus sentimentos é você. Se você estiver na constante de reviver a dor do acontecido, estará dando o poder para a pessoa que o traiu.
“Ensinemos a perdoar, porém, ensinemos também a não ofender. Seria mais eficiente.”
– José Ingenieros –
Não se agarre aos sentimentos negativos para poder avançar
Não se agarre aos sentimentos negativos ou a raiva continuará paralisando seus movimentos. A raiva é apenas um sinal externo de dor, de medo, da culpa ou da frustração que você sente no momento da traição. Enquanto a dor nunca desaparecerá por completo, o perdão poderá ajudar você a se livrar da raiva.
Embora não haja uma única forma de perdoar, algumas pessoas têm mais facilidade em fazê-lo e outras devem se esforçar e trabalhar mais para consegui-lo, dá-lo ou integrá-lo. Por exemplo, podem dizer coisas como: “Vou deixar isso passar e não vou investir meu ódio, minha raiva ou meu ressentimento nesta pessoa”.
Lembre-se de que as coisas não podem ser mudadas, mas você tem o poder de decidir a forma como responde aos acontecimentos. Para isso, terá que falar consigo mesmo e escrever o que o seu diálogo interno lhe diz. Se tudo for negativo, faça o esforço de buscar formas positivas de pensar.
Finalmente, lembre-se de que a perfeição não existe. Que o erro, inevitavelmente, existe. O que é modificável é o que fazemos com ele e como potencializamos nossa capacidade para que o dano e a dor que ele pode causar desapareçam o quanto antes de nossas vidas.