A pintura como terapia
No livro de Ken Robinson “O Elemento” é contada a seguinte história em relação à pintura: uma professora de escola primária estava dando uma aula de desenho e no fundo da sala sentava uma menina que não costumava prestar atenção, exceto nas aulas de desenho. A menina desenhou durante vinte minutos, concentrada nos seus pensamentos e a professora decidiu lhe perguntar o que estava desenhando.
A aluna respondeu: “Estou desenhando Deus”. A professora disse: “Mas ninguém sabe como é Deus”, e a menina retorquiu: “Saberão em breve”. Esta história nos mostra a importância do desenho e da pintura e como os dois podem ser usados como terapia para nos conectar com o mundo.
O que é a psicologia da arte?
Psicologia da arte é um campo da psicologia dedicado ao estudo dos fenômenos da criação e apreciação artística a partir de uma perspectiva psicológica. Existem muitos aspectos que ligam a psicologia da arte à psicologia geral, como a percepção, a emoção, a memória, o pensamento e a linguagem.
Muitos psicoterapeutas têm demonstrado os efeitos benéficos da arte para ajudar os seu pacientes com queixas psicológicas, já que a arte em todas as suas vertentes (pintura, dança, música, escrita, teatro, etc.) liberta a subjetividade do indivíduo. Deste modo, é possível usar a arte para resolver conflitos, problemas de comunicação, dificuldades de expressão e muitos outros aspectos psicológicos.
Os benefícios da terapia com pintura
Pintar numa tela, no papel ou em qualquer superfície que nos permita expressar pode ser uma forma de demonstrar sentimentos e pensamentos para pessoas que precisam se comunicar, mas não conseguem fazer isso de outra forma. É um tipo de terapia alternativa e natural que pode ter muitos benefícios, como por exemplo:
Melhora a comunicação
Aquelas pessoas que começam uma terapia com pintura costumam ser tímidas e retraídas, tendo dificuldade em se comunicar com a sua família e até mesmo com os seus terapeutas. No entanto, essas pessoas são capazes de libertar a sua criatividade e expressar sentimentos e emoções com a pintura.
Aumento da autoestima
Quando a terapia com pintura se realiza em um ambiente amigável, relaxado e agradável, um paciente pode alcançar grandes realizações pessoais incentivado pelo psicoterapeuta, e isso irá fortalecer a sua autoestima. Este ponto pode ser importante para pessoas com problemas de codependência ou traumas, e que precisam fortalecer a autoestima e aprender a se amar e a se valorizar.
Motricidade
Assim como acontece quando tocamos um instrumento musical, ao usarmos um pincel ou um lápis na pintura, aprendemos a controlar os movimentos da mão e a desenvolver conexões cerebrais relacionadas a essa atividade. Nos adultos, a pintura pode ajudar a melhorar a motricidade fina.
O cérebro em movimento
Ambos os hemisférios do cérebro são estimulados com o desenho e a pintura, tanto o esquerdo quanto o direito. O esquerdo implica o lado lógico e racional, enquanto o direito está relacionado com a nossa criatividade e com as nossas emoções. Trata-se de dar asas à nossa imaginação e deixá-la voar para que os nossos pensamentos mais profundos também possam respirar.
Concentração
A dedicação à pintura (ou a qualquer outro tipo de criação artística) requer concentração. Pintar é um trabalho minucioso que nos permite esquecer tudo ao nosso redor e fluir, fazendo com que o tempo passe sem nos darmos conta.
O estado de concentração avançado se chama Alfa e tem sido objeto de vários estudos. Trata-se de um estado durante o qual uma parte do cérebro está consciente e a outra faz surgir o inconsciente. Esse mesmo estado é atingido com a oração, com a meditação ou com a música.
Inteligência emocional
As emoções são uma parte muito importante da nossa criatividade. Com a pintura podemos deixar fluir as emoções e experimentar felicidade, amor, empatia e paz. O relaxamento que obtemos através da pintura ajuda a conseguir harmonia entre o coração e a mente.