Por que Freud foi um revolucionário?

Por que Freud foi um revolucionário?
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Freud, à sua maneira, fez tremer os alicerces da psicologia, dando forma a várias escolas com uma raiz comum que hoje continua sendo apreciada/praticada em muitas consultas. E isso porque Freud foi um revolucionário em sua maneira de ver a nós e nossas mentes.

Neste artigo vamos nos concentrar tanto em sua contribuição quanto em analisar o que ele teve de revolucionário e porque hoje continua sendo uma figura de referência essencial para entender a história da psicologia, inclusive do próprio pensamento. Porque sim, alguns de seus postulados foram para a psicologia como a famosa revolução de Copérnico para a física quando mudou o centro do universo. Se você pensa assim, vamos mergulhar nesta interessante viagem!

O inconsciente

Talvez o inconsciente tenha sido a maior revolução proposta por Freud e talvez hoje seja uma das menos discutidas. No momento histórico em que Freud viveu, embora a psicologia social ainda não estivesse desenvolvida, já sabíamos que não tínhamos o controle absoluto do que estava acontecendo conosco. Determinadas variáveis ​​externas, como a quantidade de luz solar, podiam influenciar o nosso humor. Além disso, a mesma luz solar poderia nos cegar e nos fazer tropeçar. No entanto, Freud deu um passo adiante.

Com a proposta do inconsciente, Freud apontou que havia dentro de nós uma parte que não podíamos acessar de forma consciente ou direta, mas que se manifestava em nossas emoções, pensamentos e comportamentos. Uma espécie de gênio que agia nos bastidores, movendo as cordas em boa parte, sem dar mais cara do que a de alguns reflexos no palco.

Uma espécie de eu ignorado pela consciência que, às vezes, poderia nos fazer passar muito mal. Este inconsciente pode nos fazer sentir tristes sem identificar o motivo, participar de nossos sonhos de forma simbólica ou provocar certos erros em nosso discurso.

Nos dias de hoje são poucos os que negam que há uma parte de nós que nos influencia e à qual nossa consciência não tem acesso fácil. Pode ser uma lembrança da infância, mas também uma autoestima deteriorada ou um padrão de apego mal construído ou muito castigado nos últimos anos, fracassando de relacionamento em relacionamento.

Vale de lágrimas em rosto feminino

O poder da palavra

Freud, entre outras virtudes, possuía a de ser um magnífico escritor. Os detalhes, a clareza e a elegância em sua exposição são três dos adjetivos que poderiam rotular suas obras. Assim, não somente cuidou e usou a palavra para expressar seu pensamento com domínio, mas também a tornou parte central de sua terapia.

Por exemplo, como já assinalamos anteriormente, Freud defendia que uma das manifestações mais inocentes do inconsciente são os lapsos que todos ocasionalmente cometemos em nossos discursos. Ao mesmo tempo, ele apontou a associação livre como uma forma de acessar sem contaminação a informação do inconsciente.

A associação livre foi constituída como o método fundamental da técnica psicanalítica, relegando para um segundo lugar outras técnicas em que havia se formado (por exemplo, a hipnose) e que, a princípio, pareciam muito úteis para o mesmo propósito. A grande vantagem da associação livre é que, quando bem feita, está livre de sugestões e, ao mesmo tempo, das restrições da consciência.

Outro olhar para a infância

Freud entende a infância como um campo vital em que ocorrem eventos que irão nos influenciar ao longo de toda a vida. Além disso, o farão essencialmente através do inconsciente, nos fazendo funcionar com modelos que internalizamos, mas que não processamos.

Por outro lado, Freud nos diz que na infância a sexualidade também desempenha um papel importante; muito importante para ele, na verdade. Vemos isso, por exemplo, na articulação dos complexos de Édipo e Electra. Por outro lado, fala da sexualidade infantil como algo natural, longe de entrar em qualquer debate moral sobre isso.

Para ele, essa sexualidade está muito presente e pode ter consequências. No caso de um menino, por exemplo, a competição com o pai pelo amor da mãe pode servir como um estímulo para seu crescimento, para imitar o pai e tentar superá-lo. Por outro lado, esta idealização, se não foi quebrada, pode atuar através do inconsciente influenciando o tipo de pessoas que serão atraentes na hora de manter um relacionamento.

Se Freud se caracterizou por algo, foi por não ter medo de lutar para acabar com certos tabus. Este talvez seja um dos mais importantes, o de romper com a idealização da infância.

O conflito e a neurose

Outra das revoluções de seus postulados girava em torno da neurose. Freud ressalta que são os conflitos internos entre o que queremos (id-instinto) e nos permitimos (superego proibido a partir do cultural ou do social), aqueles que dão forma aos nós que colapsam em uma neurose. Assim, no contexto do segundo tópico, os distúrbios neuróticos surgiram do deslocamento do id ao inconsciente por parte do superego, na tentativa de afogá-los.

A obra de Freud é muito mais completa e abrange muitos outros aspectos do que os que mencionamos aqui. No entanto, talvez estes sejam os mais importantes para saber por que seu trabalho foi o ponto de partida de uma revolução. Portanto, assim como falamos de um giro copernicano, podemos falar de um giro freudiano e do enorme impacto que este teve.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.