Por que gostamos de sentir medo?
Os filmes de terror continuam ganhando fãs ano após ano. As casas mal-assombradas, os apocalipses zumbis e as experiências que nos assustam estão mais na moda do que nunca. No entanto, se alguém nos pergunta, não conseguimos explicar por que esse tipo de coisa nos fascina. O nosso instinto deveria ser o de fugir de tudo aquilo que nos faz sentir mal. Mas, então, por que gostamos de sentir medo?
A verdade é que é muito natural temos um fascínio por aquilo que nos assusta. Os mecanismos por trás desta situação foram bem documentados pela comunidade científica, e compreendê-los nos ajuda a entender melhor a forma como a nossa mente funciona. Neste artigo iremos estudar por que este fenômeno ocorre.
Gostamos de sentir medo devido ao funcionamento do nosso cérebro
Segundo os pesquisadores, a razão pela qual gostamos de nos sentir assustados tem a ver com a maneira como a nossa mente funciona. Quando nos deparamos com um estímulo potencialmente perigoso, nosso corpo se prepara para agir. Nestas situações, são produzidos certos hormônios que nos fazem entrar em um estado de “luta ou fuga”.
Graças a este mecanismo, os nossos antepassados maximizaram suas possibilidades de sobrevivência diante de todos os tipos de situações prejudiciais. Substâncias como a adrenalina ou a norepinefrina (dois dos neurotransmissores envolvidos nas respostas de medo) os ajudavam a escapar ou enfrentar aquilo que podia machucá-los.
A maior diferença na nossa maneira de reagir é o nosso cérebro racional. É precisamente nesta diferença que pode estar a razão pela qual gostamos de sentir medo.
Desconexão entre o corpo e a mente
Hoje em dia, quando nos deparamos com um estímulo que o nosso corpo interpreta como perigoso, é produzida uma desconexão entre o que pensamos e o que sentimos. Por um lado, o nosso sistema hormonal é ativado como se tivéssemos que enfrentar uma situação potencialmente perigosa. No entanto, no caso de um filme de terror ou uma casa mal-assombrada, o nosso cérebro é perfeitamente consciente de que não estamos correndo perigo.
Assim, ao contrário do que acontecia com os nossos antepassados, podemos desfrutar da sensação produzida pelos hormônios sem nos sentirmos realmente em perigo. Desta forma, nos sentimos mais ativos, cheios de energia, mas sem sofrer as consequências de enfrentarmos uma ameaça real.
Na verdade, segundo algumas pesquisas, os hormônios relacionados com o medo são muito semelhantes aos da felicidade. Por isso, muitas pessoas afirmam que, depois de uma experiência de terror, mas segura, seu humor melhora consideravelmente. Tanto é que buscar estímulos que nos dão medo pode chegar a ser viciante.
Relação entre personalidade e gosto pelo terror
Os hormônios liberados diante de uma situação de terror não são o único fator envolvido neste fenômeno. Segundo algumas pesquisas, nem todas as pessoas gostam de sentir medo da mesma forma: existem grandes diferenças individuais em função da nossa personalidade.
Assim, foi descoberto que há várias características que se correlacionam com uma maior atração pelas experiências que nos dão medo. As mais importantes são as seguintes:
- Abertura à experiência. As pessoas que sentem fascínio por viver experiências novas também costumam ter um maior apreço pelas situações de terror.
- Extroversão. As pessoas extrovertidas precisam de um nível superior de estimulação externa para realmente se sentirem à vontade. É por isso que filmes de terror, casas mal-assombradas e elementos similares tendem a atraí-las muito mais do que aos introvertidos.
- Empatia. Curiosamente, as pessoas especialmente empáticas tendem a desfrutar mais das situações de terror. Isso pode ser porque elas têm uma maior capacidade de processar emoções do que outras pessoas; portanto, buscam viver mais experiências desse tipo.
Neste artigo, você conheceu várias das razões que explicariam por que gostamos de sentir medo. Apesar disso, como é natural, há muitos outros fatores envolvidos. A ciência tem muitas perguntas para responder e muitas hipóteses para analisar a esse respeito, por isso ainda é necessário fazer mais pesquisas sobre o assunto.
Enquanto isso, no entanto, o que sabemos com certeza é que a curiosidade por tudo aquilo que pode gerar uma sensação “artificial” de medo é cada dia maior.