Provérbios: cápsulas de sabedoria

Provérbios: cápsulas de sabedoria

Última atualização: 29 janeiro, 2017

Os provérbios são cápsulas de sabedoria expressas de forma inteligente. Em geral são conservadoras e aparecem fazendo rima. A origem da palavra provérbio tem suas raízes na época medieval, mais precisamente nas canções. Os trovadores daquela época incluíam vários versos ao finalizar cada estrofe de tais canções.

Os provérbios possuem aplicação prática na vida. Por esta razão, não recorrem aos recursos da fantasia e estão distantes da solenidade. Ao contrário, em geral recorrem às ironias, às comparações, aos tons brincalhões e às metáforas para transmitir de forma clara esse saber popular.

“É preciso diferenciar o conhecimento da sabedoria. O primeiro serve para ganhar a vida, a sabedoria nos ajuda a viver.” 
-Sorcha Carey-

Os provérbios têm uma origem popular e os seus autores são anônimos. Sua procedência pode ser tão antiga quanto a própria humanidade. São o resultado da experimentação e interpretação das situações nas quais o ser humano se vê envolvido ao longo da sua vida. Portanto, constituem um conhecimento com aplicação em diversas culturas.

Os provérbios clássicos

Existem provérbios que estão presentes em praticamente todos os países do Ocidente, sem importar o idioma. Passam de geração a geração e continuam se mantendo vigentes, apesar do passar do tempo. Podem ser considerados verdades universais que, justamente por isso, são aceitos e aplicados em todo tipo de cultura.

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Alguns dos mais clássicos são:

  • “O que os olhos não veem, o coração não sente”. Faz referência ao fato de que muitas vezes a ignorância evita o sofrimento.
  • “Para palavras tolas, ouvidos surdos”. Não precisa de maiores explicações. Esta pequena frase concentra muito do que qualquer terapeuta aconselharia a alguém que esteja rodeado de pessoas intransigentes ou maldosas cuja atividade principal seja a crítica ao outro.
  • “Deus ajuda quem cedo madruga”. Exalta o valor de agir prontamente, frente a qualquer circunstância.
  • “Cão que ladra não morde”. Uma metáfora que aponta que as pessoas que muito ameaçam em geral não são as mais perigosas. Seus latidos simplesmente são fruto do seu próprio medo e normalmente são mais uma estratégia de defesa do que de ataque.
  • “Quem muito pega, pouco segura”. Um provérbio que alerta a não querer fazer muitas coisas ao mesmo tempo, porque nenhuma delas sairá bem feita.
  • “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”. Este provérbio tem uma dupla mensagem, uma coisa que também é típica nos provérbios. O seu oposto seria “Quem não arrisca, não petisca”. Assim, as duas frases validam o comportamento dos prudentes, mas ao mesmo tempo dos valentes. Não em vão, Aristóteles disse que no meio – entendido como ponto de equilíbrio – está a virtude.
  • “Roupa suja se lava em casa.” Revela que existem confidências ou disputas que precisam ficar no
    âmbito onde foram geradas. Este provérbio se esquiva porque dá a sensação de que, fora da situação real na qual o desentendimento foi gerado, é difícil entender certos comportamentos.

Provérbios do mundo todo

Cada cultura tem também seus próprios provérbios. Estes refletem a sabedoria popular, coletada de acordo com a história de cada povo. Muitos deles são universais, mas se valem de referências locais para se expressar. Estas são algumas mostras destas valiosas cápsulas de conhecimento.

  • “Cinco dedos são irmãos, não iguais” (Afeganistão). Refere-se ao fato de que equidade não é igualdade. Quando se fala de equidade nos referimos a não dar a todos a mesma coisa, mas sim o que corresponde em função das características individuais.
  • “A chuva molha as manchas do leopardo, mas não as remove” (África). Este lindo provérbio nos lembra que as dificuldades podem afetar, mas não eliminam aquilo que temos naturalmente. Por mais tempestades que vierem, ninguém pode modificar elementos tão intrínsecos a nós mesmos, como é a própria essência.
  • “Ninguém experimenta a profundidade do rio com ambos os pés” (África). Uma cápsula de sabedoria que elogia o valor da prudência. Portanto, o fato de medir os riscos pode trazer uma grande vantagem para alcançar um bom resultado sem pagar um preço excessivo por isso.
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  • “Se você parar toda vez que um cão latir, nunca chegará ao seu destino” (Oriente Médio). Faz alusão ao fato de que as distrações podem se transformar em obstáculos disfarçados para alcançar o objetivo que realmente buscamos.
  • “A porta mais bem fechada é aquela que pode ficar aberta” (China). Nos lembra que a segurança não é feita de fechaduras, mas sim de confiança.
  • “O dragão imóvel em águas profundas se transforma em presa de caranguejos” (China). Refere-se ao fato de que até mesmo os seres mais esplendorosos ficam vulneráveis em circunstâncias especificas.
  • “O fogo da lenha verde proporciona mais fumaça do que calor” (Espanha). Faz referência ao fato de que acelerar os processos leva a um resultado limitado.
  • “Não pise no rabo de bicho que você desconhece” (Espanha). Este ditado faz alusão à cautela. Não se deve iniciar um confronto com alguém que não se conhece.
  • “A chuva não fica no céu” (Finlândia). Esta bela frase ressalta que os tempos mudam e, cedo ou tarde, surgem as oportunidades. Parecido a um ditado nosso que diz que “não existe tempestade que dure cem anos”.
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  • “O coração em paz enxerga uma festa em todas as aldeias” (Índia). Fala da paz interior como uma condição para aproveitar a vida.
  • “Com apenas um fio de cabelo, uma mulher pode arrastar um elefante” (Japão). Refere-se ao poder feminino, que frequentemente é subestimado.
  • “Quem tem medo é miserável.” (Curdistão). Nos lembra que o medo atrai situações negativas, em parte porque a atitude que costuma provocar é a imobilidade ou o retrocesso.
  • “Ser lento para dar é como negar” (Portugal). Refere-se ao fato de que é preciso ser generoso na hora, caso contrário a utilidade da contribuição pode ficar suprimida. É melhor usar ou dar os recursos a tempo se no fundo é esse o desejo.
  • “Para a formiga o orvalho é uma inundação” (Europa Oriental). Aborda o fato de que cada um dá um peso diferente às situações, de acordo com a sua pequenez ou grandiosidade. A mesma tarefa possui uma dificuldade diferente dependendo da pessoa que a encara.
  • “A sorte nunca dá, apenas empresta” (Suécia). Uma grande verdade: o que chamamos “sorte” é um acidente circunstancial, que nunca lança raízes na verdade. É um elemento agregado com o qual não podemos decididamente contar.

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