Psicolinguística: a ciência da mente e da linguagem

Através das pesquisas em psicolinguística, foram consolidadas ferramentas para aprendermos mais sobre a linguagem. Graças a isso, foram criadas diferentes abordagens para intervir na aprendizagem.
Psicolinguística: a ciência da mente e da linguagem
María Alejandra Castro Arbeláez

Escrito e verificado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Muitas vezes não paramos para pensar na importância da comunicação para o ser humano. Quando ela falha, surgem problemas que nos afetam em um nível cognitivo, emocional e comportamental. Portanto, é importante estudá-la. Diferentes disciplinas o fazem; uma delas é a psicolinguística.

Hoje falaremos sobre essa disciplina. Mergulharemos nas profundezas da área da psicologia que se dedica à linguagem. Mostraremos como ela difere de outras áreas, o que ela estuda e quais são as habilidades psicolinguísticas.

“A comunicação guia a comunidade para a compreensão, a intimidade e a apreciação mútua”.
– Rollo May –

O que é psicolinguística?

Para começar, devemos esclarecer que a psicolinguística nasce de duas áreas: psicologia e linguística. A primeira se dedica ao estudo do pensamento, das emoções e comportamentos do ser humano. A segunda estuda as manifestações da linguagem.

Dessa forma, os dois conhecimentos se juntam para estudar a linguagem no ser humano. No entanto, não é simplesmente a soma das duas áreas. Em vez disso, são utilizadas teorias e aproximações de ambas as áreas para gerar novas pesquisas.

A psicolinguística nasceu com Jacob Robert Kantor, quando ele criou este termo em seu livro ‘An objective Psychology of Grammar‘. Passou a ser utilizado com frequência após o artigo ‘Linguagem e psicolinguística: uma revisão’.

A psicolinguística é uma ciência responsável por estudar como adquirimos, entendemos, produzimos e elaboramos a linguagem. Além disso, estuda os ganhos e perdas relacionadas com a linguagem. Também enfatiza os mecanismos cognitivos que intervêm quando a informação linguística é processada.

A psicolinguística se concentra tanto na análise dos fatores psicológicos quanto nos fatores neurológicos que influenciam a linguagem. É uma disciplina teórica e experimental.

Anatomia do cérebro

Como a psicolinguística se diferencia de outras áreas?

A psicolinguística difere de outras áreas na maneira de abordar a linguagem. Vejamos como ela faz isso:

  • Pesquisa: estuda como a linguagem é usada. Para isso, se concentra no uso dos nossos conhecimentos e nos processos psicológicos que intervêm.
  • Atuação: avalia o conjunto de procedimentos pelos quais o conhecimento é aplicado à produção e compreensão de expressões linguísticas.
  • Processos de atuação: se concentra naqueles processos que colocam em funcionamento o instinto linguístico.

Existem outras áreas que se dedicam ao estudo da linguagem, mas o fazem a partir de outra perspectiva. Por exemplo, a sociolinguística o faz estudando a relação entre os fenômenos socioculturais e linguísticos. A própria linguística, que se dedica à origem, evolução e estrutura da linguagem, também serve como exemplo.

Linguística e psicolinguística

Talvez você tenda a confundir a linguística e a psicolinguística. Xavier Frías Conde facilita a compreensão de seus contrastes em seu artigo “Introducción a la psicolingüística“. Ele sugere que elas se diferem, entre outras coisas, em:

  • Compreensão: para a linguística a unidade mínima acústica é o fonema. Para psicolinguística, é a sílaba.
  • Produção: o objeto de estudo na linguística é o falante nativo ideal. Por outro lado, para a psicolinguística, é o falante real.
  • Objeto de estudo: em relação ao uso da linguagem, a linguística procura as formas mais elegantes, formais e abstratas da linguagem. A psicolinguística busca os princípios da operacionalidade.

Neste ponto, você se perguntará: como a psicolinguística realiza os seus estudos? Isso é feito através de intervenções com duas abordagens:

  • Observacional: baseado no exame do comportamento linguístico. Além disso, é feito através da coleta de dados naturais em situações cotidianas contextualizadas.
  • Experimental: através do método científico, com experimentos em laboratório.

Além disso, a psicolinguística, como a maioria das disciplinas nascidas de outras duas, é muito cuidadosa em sua metodologia. Por essa razão, os experimentos nesse campo tendem a se destacar pelo planejamento e execução.

Além disso, como ciência, gera novas perguntas através das respostas que encontra. Então, falamos de um campo muito dinâmico.

Psicolinguística

Quais são as habilidades psicolinguísticas?

São todas aquelas habilidades que utilizamos para nos comunicar. Portanto, são essenciais na hora de interagir. Vejamos:

  • A linguagem.
  • O pensamento.
  • A escrita.
  • Compreensão auditiva.
  • Memória sequencial auditiva.
  • Compreensão visual
  • Associação visual.
  • Expressão verbal.
  • Expressão motora.
  • Integração visual.
  • Integração auditiva.
  • Memória sequencial visomotora.

No entanto, para avaliar essas habilidades, a psicolinguística se apoia no paradigma de pesquisa da psicologia cognitiva, que está baseado na teoria mentalista, funcionalista, computacional e restritiva.

Em resumo, a psicolinguística é uma ciência atual. Além disso, graças a sua constante paixão pela pesquisa, especialmente no campo experimental, nos ajudará a decifrar a complexidade da linguagem nos seres humanos.

Por isso, com os seus avanços, ela nos diz como produzimos, codificamos e usamos a linguagem como instrumento de comunicação.


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  • Zanón, J, (2007). Psicolingüística y didáctica de las lenguas: una aproximación histórica conceptual. REvista de didáctica español lengua extranjera, (5), 1-30.
  • Frías Conde, X. (2002). Introducción a la psicolingüística. Revista Phiologica Romanica.

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