O que é a psicologia anormal?

O que é a psicologia anormal?
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Talvez o termo psicologia anormal não seja o mais popular, inclusive dentro do mundo da psicologia, devido às conotações que esta denominação pode ter. No entanto, como vemos neste artigo, seu campo de estudo é bem conhecido.

Para entender a psicologia anormal, é essencial entender primeiro o que queremos dizer com o termo “anormal”. À primeira vista, o significado parece óbvio: anormal indica algo que está fora da norma.

A psicologia anormal se concentra no estudo e tratamento daqueles transtornos mentais e emocionais que interferem na capacidade da pessoa de se sentir ela mesma e realizar as atividades cotidianas.

Estes transtornos podem ser o resultado de um trauma físico ou emocional, herança genética ou desequilíbrios nos componentes químicos do cérebro. As pessoas que experimentam estes transtornos geralmente precisam de um tratamento com medicamentos, psicoterapia ou ambos.

Neste sentido, a psicologia anormal estuda as pessoas que são “anormais” ou “atípicas” em comparação com os membros de uma determinada sociedade.

Psicologia anormal: enfoques

Há diferentes perspectivas dentro da psicologia anormal. Enquanto alguns psicólogos ou psiquiatras podem focar somente em um ponto de vista, muitos usam elementos de múltiplas áreas para compreender e tratar melhor os transtornos psicológicos.

Estas perspectivas são o enfoque psicanalítico, o enfoque de comportamento, o enfoque médico/biológico e o enfoque cognitivo.

Enfoque psicanalítico

O enfoque psicanalítico da psicologia anormal tem suas raízes nas teorias de Sigmund Freud. As suposições principais incluem a crença de Freud de que a anormalidade provém de causas psicológicas mais do que de causas físicas, de que os conflitos não resolvidos entre o id, o ego e o superego podem contribuir para a anormalidade.

O enfoque psicanalítico sugere que muitos comportamentos anormais provêm de pensamentos, desejos e lembranças inconscientes. Embora estes sentimentos estejam fora da consciência, acredita-se que ainda influenciem as ações conscientes.

Os profissionais que adotam este enfoque pensam que ao analisar memórias, comportamentos, pensamentos e inclusive sonhos, as pessoas podem descobrir e administrar alguns dos sentimentos que levaram a comportamentos disfuncionais.

Freud segurando um livro

Enfoque do comportamento

O enfoque do comportamento da psicologia anormal se concentra nos comportamentos observáveis. Os behavioristas acreditam que nossas ações estão condicionadas, em grande medida, pela experiência em vez da patologia subjacente das forças inconscientes. Portanto, considera-se que a anormalidade é o desenvolvimento de padrões de comportamento disfuncionais (ou seja, prejudiciais) para o indivíduo.

Este enfoque coloca ênfase no ambiente e em como se adquire o comportamento anormal. O behaviorismo estabelece que todo comportamento (incluindo o anormal) é aprendido com o ambiente e que todo comportamento que foi aprendido também pode ser “desaprendido” (que é como se trata o comportamento anormal).

Na terapia comportamental, a atenção se concentra em reforçar os comportamentos positivos e em eliminar qualquer reforço que os comportamentos disfuncionais possam ter. Assim, o enfoque behaviorista deixa de lado a influência do próprio processamento de informação e se concentra nos antecedentes (estímulos/reforços) e nas consequências (comportamentos).

Enfoque médico/biológico

O enfoque médico/biológico da psicologia anormal acredita que os transtornos têm uma causa orgânica ou física, por isso se concentra nas possíveis causas biológicas da doença mental. Este enfoque dá ênfase à compreensão da causa subjacente dos transtornos; assim, a origem pode se encontrar na herança genética, nas enfermidades físicas relacionadas, infecções e desequilíbrios químicos.

Este enfoque argumenta que os transtornos mentais estão relacionados com a estrutura física e com o funcionamento do cérebro. Por isso, os tratamentos médicos são, frequentemente e essencialmente, de natureza farmacológica, mesmo que a medicação costume ser usada em conjunto com algum tipo de psicoterapia.

Enfoque cognitivo

O enfoque cognitivo da psicologia anormal concentra sua atenção nos pensamentos e em seu poder de influência sobre como nos comportamos e nos sentimos. Este enfoque estuda como a informação é processada dentro do cérebro e o impacto desse processamento no comportamento.

As suposições básicas são as seguintes:

  • O comportamento inadaptado é causado por cognições defeituosas e irracionais.
  • O comportamento é a forma como você pensa sobre um problema, em vez do problema em si, o que causa os transtornos mentais.
  • Os indivíduos podem superar os transtornos mentais aprendendo a usar cognições mais apropriadas.

O indivíduo é visto como um processador ativo de informação. A maneira como uma pessoa percebe, antecipa e avalia os eventos – sua contribuição da realidade – é o que vai condicionar seu comportamento. Além disso, este enfoque diz que muitos destes pensamentos acontecem de forma automática, sem que nos demos conta.

Mulher com duas personalidades

Anormalidade como comportamento atípico

A psicologia anormal pode focar em um comportamento atípico, mas seu enfoque não é garantir que todas as pessoas se encaixem em uma definição exata de “normal”.

Na maioria dos casos, se concentra em identificar e tratar problemas que podem estar causando angústia ou deterioração em algum aspecto da vida de uma pessoa. Assim, ao identificar o “anormal” – entendendo como anormal aquilo que causa dano -, os pesquisadores e terapeutas podem melhorar as intervenções que propõem em consulta.


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