Quais são as causas da agressividade?

Quais são as causas da agressividade? Por que às vezes somos agressivos e outras não? A psicologia social tem se encarregado de revelar os segredos desse comportamento manifestado por animais e humanos.
Quais são as causas da agressividade?

Última atualização: 19 maio, 2021

Quais são as causas da agressividade? Elas são estritamente biológicas ou fatores emocionais e sociais também estão envolvidos? O que dizem os principais autores da psicologia social sobre a agressividade e a agressão? É uma realidade: todos nós agimos agressivamente (em maior ou menor grau) em algum momento de nossas vidas, embora nem todos o tenhamos feito pelas mesmas razões. Na verdade, as causas podem ser muito diferentes.

De acordo com a RAE, agressividade é a tendência de agir ou responder com violência. A agressão, por outro lado, seria consequência do comportamento agressivo, ou seja, o ato violento contra algo ou alguém. Mas por que agimos agressivamente? Existe um gatilho claro? Vamos tentar lançar alguma luz sobre essas questões.

Como já mencionamos, as causas da agressividade são diversas. Vamos ver as mais frequentes.

Mulher agressiva gritando

Baixa tolerância à frustração

A frustração é um sentimento desagradável, resultado de experimentar um fracasso, uma decepção ou a imposição de limites, por exemplo. Ficamos frustrados quando colocamos todos os nossos esforços (sejam físicos, mentais…) e expectativas em algo que acaba não dando certo.

Também nos sentimos frustrados quando não alcançamos o sucesso em algum objetivo que nos propusemos. Assim, outra causa da agressividade é a frustração (ou baixa tolerância a ela). Nem todo mundo é capaz de tolerar o sentimento de frustração. Isso ocorre principalmente em crianças e adolescentes que, muitas vezes, ainda estão aprendendo a controlar esse sentimento ou apresentam dificuldades para fazê-lo.

A hipótese da Frustração-Agressão de Yale

Continuando com a frustração como uma das causas da agressividade, em 1939 o Grupo de Yale, formado por Dollard et al., iniciou uma pesquisa experimental sobre a agressão no campo da psicologia social. Note que não falamos mais apenas de agressividade, mas de agressão.

Esses autores estabeleceram a hipótese de frustração-agressão. De acordo com essa hipótese baseada na energia, uma pessoa é motivada a agir agressivamente não por fatores inatos, mas por um impulso induzido pela frustração.

Os autores entenderam a frustração como a condição necessária que surge quando o alcance dos objetivos é bloqueado; por sua vez, a agressão é a ação cujo objetivo é prejudicar outro organismo. Segundo Dollard et al., a frustração sempre leva a uma forma ou outra de agressão, e a agressão é sempre consequência da frustração.

A raiva

Outros autores da psicologia social também falam de outra possível causa que explica a agressividade (ou agressão): a raiva.

Nesse sentido, Berkowitz (1964, 69, 74) acrescenta um conceito intermediário entre os conceitos de frustração e agressão, que consiste em todas as condições ou sinais ambientais apropriados para a agressão. Segundo ele, a frustração não provoca imediatamente a agressão, mas gera na pessoa um estado de ativação emocional: a raiva.

Essa raiva produz uma disposição interna para o comportamento agressivo. No entanto, esse comportamento só ocorrerá se, na situação, houver sinais estimulantes que tenham um significado agressivo, ou seja, chaves associadas às condições em que a raiva é liberada, ou simplesmente a própria raiva.

Os estímulos adquirem essa qualidade de chaves agressivas por meio de processos de condicionamento clássico e, de acordo com Berkwoitz, qualquer objeto ou pessoa pode se tornar o alvo dessa agressão.

Um comportamento aprendido

Bandura (1973) é outro dos autores que fala sobre as possíveis causas da agressividade. Segundo ele, o primeiro passo para adquirir uma nova forma de comportamento agressivo é o processo de modelagem. Assim, as pessoas adquirem novas e cada vez mais complexas formas de comportamento (neste caso, agressivas), observando-as em outras pessoas (ou modelos) juntamente com as suas consequências.

Nesse sentido, e sempre segundo Bandura, se vemos alguém agir de forma agressiva e ser reforçado por ela, tendemos a reproduzir a mesma ação em situações semelhantes.

Em outras palavras: os hábitos agressivos são adquiridos por meio do reforço direto de respostas agressivas. Assim, o reforço positivo (na forma de aprovação ou recompensas materiais) aumentaria a frequência e a manutenção das respostas agressivas, especialmente em crianças. Além disso, os comportamentos agressivos podem até mesmo ser transferidos para novas situações se forem recompensados.

Um comportamento inato

Outro modelo interessante típico da psicologia social, e que tenta lançar luz sobre as causas da agressividade, é o Modelo de cálculo emocional de Blanchard et al. (1977) (especialmente aplicável a animais). Segundo esse modelo, existem mecanismos inatos na base da agressão, e isso explicaria a agressão ofensiva/defensiva por meio de uma análise de custo-benefício.

Assim, esse modelo sugere que a raiva está associada ao ataque ofensivo e o medo ao ataque defensivo. O ataque ofensivo (precedido de raiva) geralmente pode provocar a invasão territorial de outra pessoa, e o ataque defensivo (associado ao medo) é geralmente uma resposta a um ataque anterior de outro indivíduo. As duas emoções podem ocorrer ao mesmo tempo, uma vez que ambas são importantes para a sobrevivência.

“O elemento mais destrutivo da mente humana é o medo. O medo cria agressividade”.
– Dorothy Thompson –

Um instinto

Freud foi o primeiro autor que desenvolveu a concepção da agressão como um servo do “princípio do prazer”. Segundo ele, a agressão é uma reação à frustração vivenciada na busca do prazer ou na satisfação da libido. Segundo outros autores, como Lorenz (1963), a agressão é uma disposição comportamental inata que surge da seleção natural e, como outras disposições, aumenta as chances de sobrevivência e conservação efetiva da espécie.

Tanto Freud quanto Lorenz acreditavam que a agressão humana era inevitável. Assim, para eles havia apenas a solução da autorregulação. Para isso, se propuseram a descarregar pequenas quantidades de energia de forma contínua e controlada através de formas de agressão socialmente aceitáveis, por exemplo, por meio da participação em esportes competitivos.

Outras possíveis causas da agressividade

Mencionamos algumas das teorias mais importantes sobre a agressividade e a agressão na psicologia social. No entanto, as causas da agressividade continuam sendo múltiplas e, em muitas ocasiões, outros fatores (de vários tipos) não mencionados estão envolvidos, como o uso e excesso de drogas, um distúrbio do neurodesenvolvimento, manifestar dificuldades de autorregulação emocional, conflitos internos, conflitos interpessoais, etc.

Por outro lado, um estado físico alterado também pode nos levar a uma ação agressiva. Como nos sentimos, se estamos cansados ​​ou não, se temos alguma enfermidade… Tudo isso pode influenciar na hora de gerar comportamentos agressivos.

Assim, o fato de se sentir excessivamente cansado, sofrer de enxaqueca intensa ou ter fortes dores nas costas, por exemplo, pode gerar um estado de irritabilidade que, por sua vez, torna mais provável que acabemos desenvolvendo comportamentos agressivos para com os outros.

Homem gritando nervoso

Compreendendo o comportamento agressivo

O comportamento agressivo, como qualquer outro tipo de comportamento (tanto em animais quanto em humanos), pode ser analisado e compreendido. Para isso, podemos recorrer às famosas teorias explicativas desse fenômeno, mas acima de tudo, e mais importante, estudar e compreender o contexto da pessoa, os gatilhos que podem tê-la levado a agir dessa forma, e a suas características pessoais e disposicionais. 

Não somos todos igualmente agressivos, é claro. No entanto, lembremos que existem elementos que podem aumentar a probabilidade de agirmos de forma violenta, como drogas (álcool, cocaína, heroína…), um humor irritadiço, raivoso ou mesmo triste, outros tipos de substâncias (estimulantes), bem como vários transtornos mentais.

A partir da psicoterapia, conhecer as causas da agressividade em cada caso específico nos ajudará a entender a pessoa e ajudá-la, caso seja necessário.

“A resposta gentil acalma a raiva, mas a agressiva adiciona lenha na fogueira”.
– Anônimo –


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