Quando o trabalho se torna um pesadelo

Horário de trabalho muito extenso, trabalho por turnos, incapacidade de conciliar o trabalho com a vida social ou familiar. A melhor intervenção é a eliminação da fonte de estresse, mas quando isso é impossível, o que podemos fazer?

Escrito e verificado por o psicólogo Gorka Jiménez Pajares.

Última atualização: 12 janeiro, 2023

As pessoas são alvo de diferentes fontes de pressão. Em média, dedicamos 8 horas por dia ao trabalho, o que faz do trabalho uma das fontes mais importantes de estresse. Quando o trabalho se torna um pesadelo, podemos nos sentir desvalorizados, esgotados e desamparados.

Felizmente, o ser humano tem uma grande capacidade de adaptação. No entanto, às vezes as exigências do trabalho exigem uma série de esforços excessivos que produzem diferentes problemas de adaptação ou ajuste. Além disso, a forma como cada pessoa se adapta às exigências do trabalho é diferente.

Gerenciamento do estresse no trabalho

A melhor gestão é a eliminação da fonte de estresse. Para isso, a intervenção poderia ter como objetivo modificar alguns aspectos em como o trabalho é organizado, a fim de aumentar a adaptabilidade dos trabalhadores.

Um exemplo dessa modificação das condições de trabalho pode ser a mudança de horário, passando de turno rotativo para turno fixo. Uma das vantagens de adotar um turno contínuo (por exemplo, das 7h às 15h) é que ele permite a conciliação com a vida social e familiar que dificilmente ocorreria se trabalhasse com turno dividido.

Estratégias para intervir no estresse laboral

No entanto, às vezes é muito difícil ou impossível eliminar a fonte do estresse. É então que se torna necessário dotar os trabalhadores de estratégias que lhes permitam enfrentar situações geradoras de desconforto.

Os programas de prevenção do estresse ocupacional visam aprender habilidades pessoais que permitam aos trabalhadores agir quando o trabalho se torna um pesadelo. Eles se concentram em vários objetivos, como a maneira como você percebe as situações relacionadas ao trabalho, a maneira como lida com elas ou as diferentes respostas emocionais que experimenta.

1. Técnicas gerais

O objetivo dessas técnicas é aumentar ou fortalecer os recursos pessoais dos trabalhadores para lidar com o estresse. Algumas estratégias gerais consistiriam em:

• Desenvolver uma boa condição física através de exercícios regulares. Em geral, o exercício aumenta a resistência física do corpo aos efeitos do estresse e também aumenta a resistência psicológica. Isso porque o exercício nos obriga a mudar o foco de nossa atenção, o que facilita o descanso e a recuperação da atividade mental.
• Dieta adequada. É uma medida aconselhável para aliviar os efeitos do estresse. Uma boa alimentação nos permitirá ter energia para responder às demandas da vida em geral e do trabalho em particular.
• Apoio social. As relações sociais com nosso grupo de referência facilitam a adaptação e promovem a integração. O grupo pode se tornar uma fonte de ajuda psicológica.

2. Técnicas cognitivas

O objetivo das técnicas cognitivas é promover formas alternativas de perceber, interpretar e avaliar situações. Existem muitas técnicas deste tipo, mas queremos mencionar as seguintes:

• Reestruturação cognitiva. Procura fornecer formas e procedimentos para reorganizar a maneira como a pessoa percebe e interpreta uma situação. O objetivo é promover reflexões e interpretações de situações de trabalho mais adaptativas.
• Dessensibilização sistemática. É uma técnica que busca reduzir a ansiedade e as reações de medo diante de situações ameaçadoras para o trabalhador. Ela consegue isso colocando em prática respostas da pessoa que são incompatíveis com a ansiedade, enquanto o trabalhador é exposto aos seus medos.
• Inoculação de estresse. Seu objetivo é que o trabalhador aprenda e desenvolva habilidades de enfrentamento, que funcionariam como “anticorpos psicológicos”, como quando nos dão uma vacina e nosso organismo responde e combate o invasor. Em relação ao estresse, isso pode ser alcançado por meio de treinamento em técnicas de respiração, relaxamento ou resolução de problemas.

3. Técnicas fisiológicas

Seu objetivo é reduzir o excesso de excitação fisiológica, afetando ao mesmo tempo o desconforto emocional e físico que o acompanha. Fundamentalmente, se busca ensinar o trabalhador a relaxar e respirar. Queremos destacar dois:

• Técnicas de controle da respiração. Elas são múltiplas e você pode encontrar um compêndio deles neste artigo. O objetivo dos métodos respiratórios é conseguir uma melhor oxigenação do organismo, permitindo-nos obter efeitos benéficos imediatos.
• Técnicas de relaxamento mental. Vale a pena mencionar a meditação, através da qual é possível obter mudanças fisiológicas graças a nos permitir focar a atenção em várias atividades e nos desconectar das fontes de estresse.

4. Técnicas comportamentais

Sua finalidade é promover comportamentos alternativos e mais adaptativos. As várias técnicas comportamentais incluem:

• Treinamento assertivo. Ele aumenta a autoestima e, assim, reduz o impacto da reação ao estresse. Consiste em desenvolver a capacidade que nos permite expressar nossos sentimentos, desejos e necessidades de forma livre, clara e inequívoca para aqueles que nos rodeiam.
• Treinamento em habilidades sociais. Busca estabelecer competências que resultem em sucesso no alcance de objetivos pessoais com outras pessoas, ao mesmo tempo em que aumenta a percepção de eficácia e segurança no relacionamento com os colegas de trabalho.

Além disso, no ambiente de trabalho é importante como ocorre a formação/comunicação de estratégias que permitam ordenar o tempo, principalmente quando estamos sobrecarregados. Entre elas podemos encontrar a delegação ou distribuição de responsabilidades entre várias pessoas e a negociação, que favorece a flexibilidade e compreensão de outros pontos de vista.