Quem amamos está sempre perto

Quem amamos está sempre perto

Última atualização: 22 maio, 2016

587 quilômetros, 27 dias e umas 17 cidades de pura realidade física nos separam, mas como dizia Julio Cortázar, o que uma pessoa ama fica sempre perto e nós estamos mais perto do que nunca. Somos a melhor prova de que os relacionamentos são cultivados pouco a pouco, de forma consistente, e com muito mais esforço se houver distância envolvida.

Em outras palavras, conhece essa sensação de ter estado fora e longe de seus entes queridos durante muito tempo e voltar como se tudo tivesse mudado, menos a relação de vocês? É o que acontece com a gente: estamos sempre perto mesmo estando longe, porque não nos permitimos esquecer.

Nossa casa nos acompanha para onde formos

Por vários motivos, não é raro termos que nos separar de alguém que amamos por um determinado período de tempo: por mudar para outra cidade, ter que procurar trabalho em outro lugar, ter família nos esperando em outro país, etc.

“A você posso dizer que, para mim, qualquer lugar é minha casa
se é você quem abre a porta
”.

-Elvira Sastre-

Casal se despedindo em uma estação de trem

As maiores preocupações que nos surgem antes de partir têm a ver com o que vai acontecer com os nossos próprios sentimentos e com os de quem deixamos para trás: será que eles vão se esquecer de mim? A nossa relação vai mudar? Vamos conseguir lidar com isso? Essas são perguntas muito comuns. Essas pessoas que deixamos são a nossa ‘casa’ e custa muito pensar que de alguma forma elas são deixadas para trás.

No entanto, quando chegamos ao destino, nos damos conta de que isso que tínhamos chamado de ‘casa’ vem conosco e continua a nos aconchegar. Continuamos a considerar o nosso lar porque o levamos para o que fazemos, o que somos e o que pensamos: é parte da nossa essência, a qual se enriquece com pessoas novas, mas não se esquece do que já temos.

Cumplicidades mais fortes do que os obstáculos

As cumplicidades que foram estabelecidas antes de partir são responsáveis pelo sucesso do tempo de separação e do retorno: dizem que os vínculos que superam distâncias são mais fortes, mas é preciso que já o sejam antes disso para superar as barreiras da localização.

Certamente o esforço fica mais fácil quando amamos de verdade, visto que só assim a vontade de permanecer está predisposta: o que se ama está sempre perto porque sabemos o que significa para a nossa vida e não queremos perdê-lo por nada no mundo. 

Coração em cima de um mapa

No momento do reencontro, parece que o mundo que deixamos para trás avançou sem nós: as pessoas seguiram com suas vidas e agora você tem o trabalho de saber se incorporar outra vez. Se a cumplicidade tiver sido mantida, logo você irá perceber que as relações não mudaram e que em pouco tempo poderá traçar uma linha entre o que foi e o que será.

Sofre mais aquele que espera ou quem nunca esperou por ninguém?

As separações trazem, em maior ou menor grau, diferentes níveis de sofrimento, visto que se distanciar dos outros é complicado, ainda que seja por pouco tempo: as despedidas costumam ser difíceis para a maior parte das pessoas, mesmo se forem temporárias.

No entanto, Neruda nos lança a pergunta deste subtítulo: sofre mais quem espera por alguém ou quem não tem ninguém por quem esperar? Em outras palavras, dói nos sentirmos sozinhos e não podermos abraçar quem está longe, dói a distância de quem está perto e nos reconforta a proximidade de quem está longe.

Seja qual for a sua resposta a esta pergunta, o mais benéfico parece ser aprender a apreciar a independência que nos é permitida: quem nos ama estará sempre perto e voltará com mais vontade do que nunca de estar conosco. Por outro lado, se não esperamos por ninguém, a nossa principal tarefa será cultivar o amor próprio.

“Às vezes, leva apenas 56 segundos de conversa sem fio para alegrar o dia de alguém que está a quilômetros de distância.
E todos temos 56 segundos livres.

-Carlos Miguel Cortés-


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