Reprimir as emoções é um fator de risco para as doenças hepáticas

Reprimir as emoções é um fator de risco para as doenças hepáticas

Última atualização: 30 outubro, 2016

O pensamento mais consensual nos últimos anos tem enfatizado o uso da razão sobre as emoções. Assim, fomos educados a dar pouca importância à emoção e à sua expressão. As pessoas tendem a moldar sua expressão emocional aos padrões socialmente aceitos, o que pode implicar reprimir ou negar determinadas emoções.

Algumas emoções foram catalogadas socialmente como negativas, tais como a raiva, a tristeza, a dor ou o medo. Um exemplo disso pode ser encontrado em frases que todos nós escutamos desde a nossa infância até agora, que são transmitidas culturalmente e que passam a fazer parte dos nossos pensamentos mais profundos.

É comum escutar expressões como “se virem você chorando vão pensar que você é fraco”, “se virem você com raiva vão pensar que você é um amargurado”, “controle-se, não chore”, “os homens não choram”, etc. Estes pensamentos são convertidos em dogmas e distorcemos a expressão dos nossos próprios sentimentos, criando assim predisposições para algumas doenças físicas, entre elas as doenças hepáticas.

A repressão emocional prejudica a nossa saúde física

Negar ou reprimir emoções culturalmente enviesadas como o medo, a tristeza ou a raiva não fará com que elas desapareçam, por mais que coloquemos areia por cima delas. Quando reprimimos as emoções, negando-lhes a sua expressão, o efeito de expressão e de movimento que é inibido é canalizado para o nosso interior.

Assim, por exemplo, quando reprimimos a raiva ou o medo, a tensão muscular que deveríamos experimentar nos músculos voltados ao nosso exterior, envolvidos na resposta típica de fuga ou ataque, é redirecionada para dentro, transferindo essa carga aos músculos e órgãos internos.

A longo prazo, a tensão que acompanha as emoções que foram inibidas acaba sendo expressada através de outras formas, como contrações ou rigidez muscular, dores no pescoço e nas costas, doenças gástricas, dores de cabeça e, é claro, doenças hepáticas.

O doutor Colbert apontou que as emoções que ficam presas dentro da pessoa buscam resolução e expressão. Isto faz parte da natureza das emoções, pois devem ser sentidas e expressadas.

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Controlar as emoções é uma experiência um pouco ilusória em determinadas circunstâncias e com resultados muito enganosos. Por trás da fachada do controle que a pessoa arma, mantém-se um equilíbrio muito precário, já que tentar controlar só alcançaria uma transformação transitória da conduta externa, pois mais cedo ou mais tarde as emoções reprimidas vão precisar sair.

As emoções que atacam o nosso fígado

Situado abaixo do diafragma, o fígado é o órgão da desintoxicação. O fígado cumpre um papel primordial em todas as funções vitais: não só filtra e elimina os dejetos, mas também se ocupa de neutralizar venenos, toxinas, micróbios e substâncias cancerígenas. Quanto este órgão se vê afetado, ele irá desencadear várias patologias dentro e fora do fígado, afetando também outros órgãos.

Qualquer tipo de estresse ou pressão bloqueia de uma ou outra forma o funcionamento hepático, já que ao ficar tenso, o corpo dispõe toda a sua atenção na resolução daquilo que o agoniza e estressa. Isto é, até certo ponto, normal e saudável, mas quando o estresse é repetitivo e acentuado, o fígado irá bloquear cronicamente a sua atividade e estará predisposto a uma congestão.

A emoção que mais foi relacionada com os problemas hepáticos é a ira, segundo explica Macioccia (2009). O termo ira deve ser interpretado no seu sentido mais amplo, incluindo estados emocionais como ressentimento, irritação reprimida, frustração, irritação, raiva, indignação, animosidade ou amargura. Se estes estados persistirem durante muito tempo, o fígado pode ser potencialmente afetado, provocando estancamento.

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Para evitar que o nosso fígado seja afetado e para mantê-lo em ótimas condições, uma boa ideia é transcender o papel que a sociedade dá às emoções negativas. Em vez de evitar a ira e a frustração, devemos confrontar as situações que produzem essas emoções, falando sobre os temas que nos incomodam e solucionando as situações de estresse.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.