"Não chore" não é uma resposta adequada diante do choro de uma criança

"Não chore" não é uma resposta adequada diante do choro de uma criança

Última atualização: 30 janeiro, 2017

Muitas vezes, quando queremos aliviar o choro de uma criança por uma queda ou por birra, utilizamos frases do tipo: “não chore”, “é preciso ser corajoso”, “os homens não choram”, etc.

Você já parou para pensar no que conseguimos com estas frases? Dizemos NÃO ao comportamento e também à criança e a suas emoções. Nós lhes ensinamos a reprimir e não expressar as suas emoções. Isto causa graves implicações no seu desenvolvimento emocional e no de toda a sociedade.

Não é de admirar que eduquemos dessa forma; simplesmente reproduzimos o tipo de educação que recebemos. Mas, por que não podemos chorar quando algo nos machuca? O pranto é um mecanismo natural e deve ser usado quando for necessário.

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O choro como forma de entender as emoções

Se quisermos que os nossos filhos vivenciem e compreendam as suas emoções, devemos excluir do nosso discurso algumas frases e hábitos do dia a dia. Por exemplo, estas frases são o contrário do que costumamos utilizar para bloquear pensamentos, emoções e comportamentos.

 – Deixe que se vão, Lúcia – disse a avó.

– Quem?

– As lágrimas! Às vezes são tantas que parece que vão nos afogar, mas não é bem assim.

– Você acredita que um dia elas vão parar?

– Claro! – respondeu a avó com um doce sorriso. As lágrimas não permanecem por muito tempo, fazem o seu trabalho e, em seguida, seguem o seu caminho.

– E qual é o seu trabalho?

– São água, Lúcia. Lavam, limpam, clareiam… Assim como a chuva. Vemos tudo com mais nitidez depois da chuva.

– Extraído de “A chuva sabe o porquê”-

– Fernanda Heredia –

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Quando alimentamos as crianças com amor, os medos morrem de fome

É necessário ajudá-los a identificar as causas do seu choro e canalizar as suas emoções, aumentando a sua capacidade de autorregulação. Normalmente o que nos faz chorar é um problema, uma perturbação que tira a nossa tranquilidade.

Felizmente a natureza é sábia e tem lutado contra esse modelo educacional vigente, fazendo com que a tristeza permaneça como a emoção mais empática. A nossa mente e o nosso cérebro têm uma predisposição especial para responder à tristeza, empatizar com ela e tentar consolar quem está sofrendo.

O problema é que todos esses anos de um modelo incorreto de educação nos fazem suprimir as emoções negativas, mas saudáveis. Queremos mostrar a nós mesmos e aos outros que somos tranquilos e sossegados.

Devemos ensinar as crianças que a tristeza pode ter muitas causas, que é uma resposta natural diante de algo que nos incomoda e que pode ser canalizada de forma saudável; oferecer modelos de autorregulação adequados e incentivar a capacidade de refletir sobre tudo o que esse mal-estar nos proporciona.

Em vez de negar: “Não poder jogar não é o fim do mundo”, aprovar: “Eu entendo que você queria ir e está triste”.

Quando dizemos “não chore”, estamos ensinando a criança um sistema baseado no medo e na negação da mensagem que o choro oferece. A tristeza é uma emoção desagradável e negativa, porém saudável.

Além de ensinar a compreender a tristeza, temos a obrigação de ajudá-las a aliviar essa dor e sair desse círculo vicioso. Talvez o motivo do choro seja algo irritante e banal e então precisamos ser firmes: não permitir as birras.

Precisamos salientar que as birras em crianças de 02 a 06 anos são muito comuns e, acima de tudo, muito importantes. Elas nos mostram quais são as necessidades e os pontos fortes da criança, levando em conta a sua fase de desenvolvimento.

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Nestes casos, muitas vezes ficamos sem saber como agir, mas é essencial e importante que as nossas palavras transmitam a nossa mensagem corretamente: “sim” para os sentimentos e para a criança e “não” para o mau comportamento. Precisamos avaliar as emoções e os sentimentos da criança baseados no seu nível de compreensão e facilitando a introspecção.

Nós sabemos que as emoções não ocorrem isoladamente. O nosso mundo emocional é muito complexo. Por exemplo, precisamos ensiná-las gradualmente que podemos estar tristes e, ao mesmo tempo, irritados ou envergonhados. Dessa forma, aprenderão aos poucos, conforme vão amadurecendo e flexibilizando os seus pensamentos.

Para concluir, podemos dizer que não importa de onde vêm as lágrimas. O importante é que a criança entenda o que está acontecendo e consiga dizer qual é a origem do seu desconforto. Isso a ajudará na autorregulação e na reflexão em um momento que os seus pensamentos parecem muito confusos e não respondem de forma adequada.

Ilustrações de Karin Taylor.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.