Se você não se ama é porque não se conhece

Se você não se ama é porque não se conhece

Última atualização: 15 agosto, 2016

A palavra autoestima está na moda e às vezes parece um dispositivo mágico para entender tudo o que acontece conosco. É como se todos os problemas pudessem ser explicados com um frase padrão: falta de autoestima. Existe uma espécie de epidemia que pode ser resumida dizendo que é trabalhoso gostar de nós mesmos. Talvez isso aconteça por uma razão clara: se você não ama a si mesmo mesmo é porque não se conhece.

A chave está nessa voz interna que comenta todas as nossas ações, sentimentos e pensamentos. É essa voz que nos julga, aprova ou reprova. Às vezes esquecemos que essa voz interna foi construída por nós mesmos e que, por essa razão, podemos mudar a sua direção quando não for construtiva.

Aprendemos a nos ver através dos olhos dos outros. Por isso, se nossos pais nos viam como pessoas incompetentes, facilmente incorporamos essa classificação e seus sinônimos à voz que nos fala e nos julga por dentro. Se nossos professores pensavam que quase todos eram mais inteligentes que nós, isso também aparecerá no nosso diálogo interior, e assim sucessivamente.

O problema é que esquecemos algo que vai além de qualquer voz: quem opinou e segue opinando sobre nós não sabe a verdade. O que expressam e expressaram sobre o que somos provavelmente tem muito mais a ver com eles mesmos do que conosco. Todos nós levamos nossos óculos particulares e cada um acredita que o que vê é o que realmente acontece.

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Se você não se ama, reconheça isso

A falta de amor próprio não apenas se expressa como sentimento de menos-valia ou de incompetência em diferentes situações cotidianas. Às vezes pensamos que se alguém se expressa com cinismo e faz sua presença ser notada com muita força é porque tem uma autoestima muito elevada. Mas, no geral, não é assim.

A ausência de autoestima se manifesta como temor ou medo de se arriscar. Você quer se manter dentro dos limites do conhecido, porque no fundo você pensa que poderia não estar à altura das exigências de algo novo. Esse temor se estende à suas palavras e seus pensamentos. Você não se sente capaz de expressar o que realmente está no seu íntimo porque teme a reação das outras pessoas.  E, ao mesmo tempo, sua voz interior o desqualifica: “é um absurdo”, você diz para si mesmo. E cala a boca.

Mas a falta de amor próprio também se expressa de outras maneiras. Por exemplo, quando você se torna servil diante de alguma figura de autoridade ou numa situação em que você quer cobrar notoriedade. Você se importa muito com o que pensa ou diz o seu chefe, seu professor ou o especialista.

Por isso, tenta ajustar o que você diz e faz para agradar a essa pessoa ou esse grupo. Às vezes você também precisa desesperadamente que os outros o conheçam. Então você grita e começa a fazer propaganda, sempre dependendo dos outros para conseguir alguma coisa.

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Só se ama aquele que se conhece

Existe uma pergunta óbvia que nem todo mundo formula: conheço a mim mesmo de verdade? E isso acontece porque o autoconhecimento não é apenas saber que você gosta mais da cor verde e que odeia maçãs, ou que você quer se divorciar e que ama futebol. O assunto vai muito mais além de gostos e preferências.

Claro que é muito importante saber o que você gosta de saborear, como você gosta de se vestir, que tipo de reuniões gosta de ir, etc. É por aí que tudo começa. Pode parecer exagero, mas na verdade existem muitas pessoas que nem sequer sabem se realmente gostam do que comem. Seguem um dieta ou não pensam no assunto e ainda não descobriram o motivo. O mesmo acontece com esses pequenos aspectos cotidianos como a roupa, o meio de transporte que você usa, etc.

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No entanto, mais além de aprender a reconhecer o que gostamos e o que não, devemos indagar sobre a percepção que temos de nós mesmos. Como você se sente em relação ao seu próprio corpo e por quê? Como você cuida do seu corpo? O que você pensa sobre a maneira como se relaciona com os outros? Você sabe qual vai ser a sua reação diante de diferentes situações e por quê?

Talvez no final você descubra uma verdade que preferiu ignorar: você se julga em função de como os outros o enxergam e não a partir de parâmetros realmente razoáveis. O olhar dos outros está presente nessa voz interna que constantemente faz com que você pense negativamente em relação a você mesmo. O que é melhor, uma galinha ou um pato?

O pato, dirão os patos. As galinhas, dirão as galinhas. Esse é o ponto. O pato deve aprender a ser um pato e tirar o máximo proveito da sua condição. A galinha deve fazer o mesmo. E ambos devem ignorar a opinião da raposa, que só sabe vê-los como um possível jantar.

 


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