O que é síndrome pré-menstrual e por que ela ocorre?

O que é síndrome pré-menstrual e por que ela ocorre?
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

A síndrome pré-menstrual é a tormenta antes da tempestade. As semanas que precedem a menstruação causam, em muitos casos, uma série de sintomas físicos e psicológicos muito chatos. Além disso, sabe-se que 20% das mulheres veem sua vida muito limitada neste momento, e por isso a necessidade de um diagnóstico preciso e de um enfoque multidisciplinar com o objetivo de melhorar o dia a dia das pacientes.

Sempre que se fala da síndrome pré-menstrual é muito comum dar atenção a apenas um aspecto: as mudanças de humor da mulher. Frequentemente, volta-se o olhar para o que é superficial sem dar atenção aos mecanismos complexos que fazem parte do ciclo menstrual. O estrogênio e a progesterona oscilam semana a semana, os níveis de serotonina caem e entram em ação outros hormônios capazes de favorecer a retenção de líquidos, a dor abdominal, as dores de cabeça…

A síndrome pré-menstrual se caracteriza por uma série de sintomas físicos e psicológicos que aparecem na fase lútea e que terminam quando começa a menstruação.

Esse balé implacável de neurotransmissores e hormônios leva toda mulher em idade fértil a uma série de sintomas que podem ir desde a um simples incômodo nos seios ou uma certa fadiga, até um extremo onde ela fica imóvel devido a cãibras, tonturas, vômitos e uma dor com letra maiúscula sob a qual remédios para a dor não surtem efeito.

Não é de se estranhar que países como o Japão concedam às mulheres 3 dias de dispensa por menstruação ou síndrome pré-menstrual. Trata-se do seirikyuuka, uma licença que toda trabalhadora pode usar caso precise, sem sofrer desconto no salário. Outros países claramente não concebem esse tipo de iniciativa, mas se há algo que fica claro é uma realidade evidente: tanto o próprio período quanto as semanas anteriores a ele trazem uma série de sintomas muito incômodos.

Mulher com cólicas menstruais

O que é a síndrome pré-menstrual e por que ela acontece?

Como já foi dito antes: nem todas as mulheres chegam a sofrer muito com a fase pré-menstrual e a menstruação. Entretanto, sabe-se que mais de 80% da população feminina experimenta algum tipo de sintoma e 8% podem chegar a sofrer o que se conhece como transtorno disfórico pré-menstrual. Esta última condição vem com uma série de características físicas e psicológicas tão limitantes que fica quase impossível levar uma vida normal.

As alterações da síndrome pré-menstrual estão relacionadas com a fase lútea do ciclo menstrual. Quando o óvulo não fecundado começa a se desintegrar para ser expelido em forma de menstruação, começa a liberação de progesterona e também de estrogênio. Essa alteração, por sua vez, estimula outros hormônios como a aldosterona, um mineralocorticoide que favorece a retenção de líquidos, o inchaço e a sensação de peso…

Como se não bastasse, os níveis de serotonina também caem nesse período anterior à menstruação. Assim, a sensação de desânimo, de cansaço, de mal-estar ou até irritação são sem dúvida parte dessa trama emocional tão comum na síndrome pré-menstrual.

As 4 características da síndrome pré-menstrual

Em média, estabelece-se que a síndrome pré-menstrual se caracterizada por quatro alterações, por quatro dimensões onde se encontram uma série de sintomas muito verdadeiros que cada mulher pode sofrer em maior ou menor escala. Vejamos a seguir em detalhes.

SPM-A (síndrome pré-menstrual com ansiedade)

Os baixos níveis de serotonina podem causar sensação de estresse, ansiedade, nervosismo, mal-humor, abatimento constante, preocupação excessiva… É um período que pode durar entre 3 e 10 dias, no qual a mulher nota uma sobrecarga mental tão desgastante quando incômoda.

SPM-O (síndrome pré-menstrual com outros sintomas)

Nessa segunda ocorrência se integram todas as características físicas que ocorrem nessas duas semanas que precedem a menstruação. Nem todas as mulheres sentem os mesmos incômodos, mas esses são as mais recorrentes:

  • Dor de cabeça.
  • Aparecimento de acne.
  • Dor abdominal.
  • Cãibras
  • Dor na parte inferior das costas.
  • Inchaço dos seios e sensibilidade.
  • Dor nas articulações.
  • Episódios de diarreia ou constipação..

SPM-C (síndrome pré-menstrual com compulsão alimentar)

A síndrome pré-menstrual geralmente ocorre com um desejo por doces, chocolate e todo alimento rico em açúcar. Isso se deve aos hormônios. Um aumento de estrogênio e uma queda na serotonina causa um nível mais baixo de glicose. Nosso cérebro, então, nos impele a ter um desejo muito forte pelos alimentos doces.

Vontade de comer doces

SPM-D (síndrome pré-menstrual com tristeza ou depressão)

As alterações no estrogênio e na progesterona estão vinculados com problemas de sono, desânimo, cansaço, falta de ar, e o que é pior, um abatimento muito forte que se apresenta quase como uma verdadeira depressão.

Como reduzir as ocorrências dos sintomas associados à síndrome pré-menstrual?

Grande parte das mulheres recorrem aos anti-inflamatórios não esteroides, como o ibuprofeno, para reduzir os sintomas associados tanto à menstruação quanto à síndrome pré-menstrual. No entanto, é sempre um bom momento para testar outros enfoques tão ou mais eficientes. São eles:

  • O cálcio e a vitamina D melhoram de forma considerável o quadro de sintomas da síndrome pré-menstrual (podemos tomar complementos de vitamina ou aumentar o consumo de peixes como o salmão, cereais, suco de laranja, leite enriquecido…)
  • O magnésio, a vitamina E e a vitamina B6 também são muito eficientes, sobretudo para reduzir a dor, assim como o inchaço ou a retenção de líquidos.
  • Plantas naturais como a sálvia ou raízes como o gengibre também são muito indicadas.
  • Devemos reduzir o consumo de alimentos ricos em sal, farinhas refinadas, gorduras saturadas, assim como o café ou o álcool.
  • O exercício moderado também é muito útil.
  • A ioga ou os exercícios de relaxamento dão um ótimo resultado.
Mulher tomando xícara de chá

Para concluir, cabe ressaltar que caso os sintomas sejam muito dolorosos ou nos impeçam de ter uma vida normal, o mais recomendado é consultar um médico. Nesses casos, os tratamentos com pílulas anticoncepcionais ou até com antidepressivos são soluções comuns e igualmente eficientes.

Porém, não duvidemos também de complementar este tratamento com os conselhos expostos aqui. O enfoque multidisciplinar, onde o natural e o psicológico se integram com os enfoques farmacológicos, nos oferecem, sem dúvida, uma resposta muito positiva diante deste tipo de problema.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.