Sintomas de estresse: tensão emocional que perturba a mente e o corpo


Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater
Os sintomas de estresse às vezes podem ser tão inesperados quanto perigosos. Inflamações, problemas respiratórios, dores de cabeça, falhas de memória… O problema se agrava quando essa tensão psicológica é mantida ao longo do tempo, quando não estabelecemos limites e a mente cai em um estado de desamparo contínuo. Aprender a controlar o estresse antes que ele nos controle é essencial.
Poderíamos dizer com segurança que o estresse é uma doença, pelo menos em parte, socialmente aceita. Normalizamos essa condição a ponto de muitos trabalhadores ficarem muito estressados devido aos seus trabalhos. Temos até crianças do ensino fundamental com o mesmo nível de estresse de seus pais.
Além disso, há também aquelas pessoas que cronificaram essa realidade psicológica de tal forma que nem mesmo sabem que a origem daquela úlcera no duodeno não se deve apenas a uma alimentação inadequada. Diante de tudo isso, as instituições médicas nos alertam para algo muito específico.
A maioria de nós não tem consciência dos sintomas do estresse. E se os percebemos, não lhes damos a importância que merecem até que se passem seis meses ou um ano. É quando vamos ao clínico geral e descobrimos condições como hipertensão, diabetes e doenças autoimunes, como a dermatite atópica.
Vamos manter isso em mente. Não devemos deixar para amanhã o mal-estar que sentimos hoje. A detecção precoce do estresse nos permitirá gerenciar e prevenir com mais eficácia o que já é considerado uma epidemia global.
“A tensão é quem você pensa que deveria ser. O relaxamento é quem você é”.
-Provérbio chinês-
Sinais de estresse que você deve conhecer
O estresse forma o que é conhecido como um estado alostático em nosso corpo. O que significa isso? Basicamente, nosso corpo perde a homeostase interna para ser afetado, repentinamente, por uma série de pequenas alterações. Dessa forma, quando nos sentimos sob uma certa pressão, o sistema nervoso começa a liberar hormônios como a adrenalina e o cortisol.
Esses componentes geram mudanças fisiológicas. Se experimentarmos isso de maneira pontual e limitada, o efeito pode ser positivo. No fim das contas, o estresse bem administrado nos dá impulso, motivação e aquela energia que nos permite atingir objetivos. No entanto, se o estresse for crônico, os efeitos desses hormônios podem ser muito sérios.
Um exemplo desse impacto foi demonstrado recentemente por uma equipe do Instituto Karolinska, na Suécia. Este estudo mostrou como o estresse crônico causou uma diminuição no tamanho de certas áreas do cérebro, como o córtex pré-frontal. Daí a dificuldade em tomar decisões ou manter a atenção.
Não devemos ir a esses extremos. Conhecer e detectar os sinais de estresse é algo que devemos levar em consideração no dia a dia.
Sintomas físicos e orgânicos do estresse
- Dor de cabeça recorrente.
- Dor nas costas. É preciso lembrar que a tensão muscular leva ao clássico desconforto musculoesquelético, daí as dores nos ombros, pescoço e cabeça.
- Distúrbios digestivos como diarreia, prisão de ventre, digestão pesada, gases…
- Palpitações ou pressão no peito. O estresse tem um impacto direto no sistema respiratório. Respiramos mal e mais rápido, por isso ficamos com falta de ar.
- Queda de cabelo.
- Exaustão.
- Momentos em que sentimos falta de apetite e momentos em que sentimos necessidade de comer.
- Nosso sistema endócrino também é afetado por essa condição. Um dos fatos mais graves é o que se refere ao nosso fígado. Caso nosso estresse seja crônico, o fígado sofre alterações com a glicose, daí o risco de sofrermos de diabetes tipo 2.
- Alterações na menstruação.
- Falta de desejo sexual.
- Também é comum sofrer mais resfriados, infecções, etc.
Fatores psíquicos
Os sintomas de estresse geralmente variam de pessoa para pessoa (diferenças individuais). É claro que cada um experimentará essa condição com uma certa intensidade e de uma maneira particular. No entanto, quase sempre encontramos um correlato psicológico semelhante:
- Irritabilidade.
- Desânimo.
- Dificuldade em aproveitar as coisas que amávamos.
- Problemas para aproveitar e administrar o tempo.
- Frustração e falta de paciência.
- Preocupação e indecisão.
- Problemas para tomar decisões e pensar. Às vezes, podemos até ter dificuldade em responder a perguntas simples.
- Pequenos lapsos de memória na vida cotidiana.
- A vida de repente deixa de ter sentido.
- Apatia.
Sintomas de estresse que afetam o comportamento
Existe um fato muito marcante associado ao estresse. Em vez de lidar e controlar aquele inquilino desconfortável que invade a mente e acaba com a calma e a saúde, existem aqueles que iniciam respostas que são ainda mais perigosas do que o próprio estresse.
Eventos como o tabagismo, o uso de álcool ou drogas ou até mesmo a automedicação são fatores que podem levar a estados ainda mais patológicos. Devemos ser claros: o estresse mantido ao longo do tempo molda uma versão de nós da qual não gostamos. Vemos isso por meio dos seguintes comportamentos:
- Baixa produtividade do trabalho.
- Problemas para cuidar dos nossos relacionamentos pessoais. A relação do casal é afetada, perdemos contato com o nosso círculo social, é difícil nos comunicarmos com nossos filhos, etc.
- O estresse enfraquece a autoestima. Nos sentimos incapazes de cuidar de nós mesmos, tudo nos oprime, nos incomoda, nos preocupa, e quase sem sabermos acabamos nos subestimando.

A vida, quando o estresse assume o leme, o mapa e as velas do nosso dia a dia, pode nos levar a destinos insalubres. As consequências podem ser muito graves. Detectar os sintomas de estresse, mudar hábitos e lançar mão de novas abordagens mentais será, sem dúvida, a melhor resposta nesses casos. Também não devemos hesitar em pedir ajuda profissional quando necessário. Como disse Buda, o bem-estar e a saúde são essenciais.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Caspi, A., Sugden, K., Moffitt, T. E., Taylor, A., Craig, I. W., Harrington, H. L., … Poulton, R. (2003). Influence of life stress on depression: Moderation by a polymorphism in the 5-HTT gene. Science, 301(5631), 386–389. https://doi.org/10.1126/science.1083968
- Gold PW. The organization of the stress system and its dysregulation in depressive illness. Mol Psychiatry. 2015 Feb;20(1):32-47.
- Savic I, Perski A, Osika W. MRI Shows that Exhaustion Syndrome Due to Chronic Occupational Stress is Associated with Partially Reversible Cerebral Changes. Cereb Cortex. 2017 Jan 19.
- Adam EK, Quinn ME, Tavernier R, McQuillan MT, Dahlke KA, Gilbert KE. Diurnal cortisol slopes and mental and physical health outcomes: a systematic review and meta-analysis. Psychoneuroendocrinology. 2017 Sep;83:25-41.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.