A terapia cognitivo comportamental

A terapia cognitivo comportamental se baseia na relação entre pensamento, emoção e comportamento para abordar diversos problemas psicológicos. Neste artigo, nos aprofundaremos em suas ideias centrais, destacando os pontos que diferenciam essa corrente de outras teorias da psicologia.
A terapia cognitivo comportamental
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Ao longo dos anos, a psicologia adotou uma série de teorias para compreender e abordar o funcionamento do homem. Cada uma delas possui sua própria aplicação prática baseada em diferentes conceitos teóricos. Há mais de três décadas a terapia cognitivo comportamental se tornou a orientação psicoterapêutica com maior evidência científica de eficácia.

Esse tipo de terapia teve ótimos resultados a partir da sua aplicação em problemáticas das mais diversas. Por isso, constitui uma opção muito eficiente, e além disso também é muito flexível.

É possível obter mudanças significativas em um curto espaço de tempo, e a pluralidade de técnicas que possui dá uma grande margem de manobra para o terapeuta se adaptar ao problema específico da pessoa.

Psicólogo anotando sessão

A origem da terapia cognitivo comportamental

A corrente psicológica dominante variou muito ao longo do tempo, sendo diferente para cada época. Já existiram e existem inúmeras alternativas com focos diferentes.

Duas delas –  o behaviorismo e o cognitivismo – se encontraram para formar, em sua origem, o que chamamos hoje de terapia cognitivo comportamental. Por isso, em primeiro lugar, vamos tentar compreender o que cada uma dessas linhas traz.

Behaviorismo

O behaviorismo concentra seu interesse no comportamental visível. Seu objeto de estudo é apenas o comportamento que o indivíduo emite e que pode ser observado diretamente e medido.

Segundo essa corrente, os comportamentos são respostas a certos estímulos, e aumentam ou diminuem de frequência em função das consequências da sua emissão. Portanto, podemos modificar o comportamento de uma pessoa variando as relações entre estímulo, resposta e consequência.

Por exemplo, a pessoa que tem fobia de cachorros associou em algum momento de sua vida cachorros e o sentimento de medo, e por isso evita o contato com esse animal. Se conseguirmos romper essa associação, os cachorros deixarão de ser um estímulo aversivo e a pessoa deixará de fugir da sua presença.

Por outro lado, se quisermos que uma criança aumente a frequência do consumo de verduras, devemos criar uma consequência positiva toda vez que a criança comer alguma verdura.

Cognitivismo

Essa teoria da psicologia se concentra em estudar a cognição, ou seja, os pensamentos e os processos mentais. Ela se interessa por conhecer o processo que ocorre dentro do ser humano após receber uma informação, como ele a processa e como ele a interpreta.

O fundamento do cognitivismo é que não percebemos a realidade como ela é, mas sim como nós somos. Cada um de nós, com seus próprios processos internos, dá um significado diferente para a realidade que percebe.

Por exemplo, se você liga para um amigo e ele não te responde, você pode pensar que ele não ouviu a chamada. Mas também pode interpretar que ele não quer falar com você porque, na verdade, ele não gosta de você. Os fatos são os mesmos, mas o processo interno é completamente diferente.

Mulheres na terapia

A terapia cognitivo comportamental

A terapia cognitivo comportamental aparece, então, como uma combinação das duas correntes anteriormente apresentadas, relacionando pensamentos e comportamento.

Afirma que existe uma relação intrínseca entre pensamento, emoção e comportamento, e que mudanças em qualquer um dos componentes terão consequências sobre as demais.

Dessa forma, emprega técnicas muito diversificadas com o objetivo de modificar um desses três elementos, sabendo que dessa forma a mudança se estenderá ao ser humano em sua totalidade. Por exemplo:

  • A reestruturação cognitiva é uma técnica que se baseia em ajudar a pessoa a modificar suas crenças ou pensamentos. Para fazê-lo, convida a pessoa a avaliar a veracidade do que pensa e a buscar alternativas de pensamento mais adaptativas. Uma vez que consegue mudar sua forma de interpretar a realidade, muda também a forma como se sente e a forma como age.
  • A exposição é uma técnica dirigida para a modificação do comportamento.  A ideia é incentivar a pessoa a parar de evitar ou fugir daquilo que tem medo e enfrentá-lo. Ao mudar seu comportamento e enfrentar a situação temida, a pessoa comprova que não há perigo e, aos poucos, muda suas crenças e suas emoções em relação a ela.
  • As técnicas de relaxamento são focadas na modificação das emoções. Especificamente, ajudam a pessoa a autorregular suas emoções e seu nível de ativação. Se suas emoções mudam, seus pensamentos se tornam menos catastróficos e seu comportamento deixa de ser um comportamento de fuga para se tornar um comportamento de enfrentamento.

A terapia cognitivo comportamental é uma teoria muito complexa, flexível e eficaz. Em um tempo bastante reduzido, é possível alcançar melhoras muito significativas para uma grande variedade de transtornos e condições.

Além disso, é a orientação psicológica com maior número de evidências experimentais sobre a sua eficácia. No entanto, na hora de procurar uma terapia adequada para você, é aconselhável se informar sobre todas as alternativas disponíveis e escolher o foco com o qual você mais se identifica.


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