Terapia da realidade de William Glasser: um reforço para suas necessidades
Você sente que muitas de suas necessidades mais básicas estão insatisfeitas? Se há algo que almejamos como seres humanos é relacionamentos de qualidade, estar bem consigo mesmo e perceber que temos algum controle sobre nossas vidas. Assim que qualquer um desses pilares falha, surge a insatisfação, um sentimento de vazio e desconforto psicológico, questões que a terapia da realidade de William Glasser aborda.
Essa abordagem é tão interessante quanto prática. É uma técnica que busca melhorar a autossatisfação, dando-nos ferramentas para tomar melhores decisões. A questão é que, via de regra, só quando orientamos nossos passos e escolhas com mais precisão é que encontramos o que nos faz mais felizes.
Quase sempre temos escolhas, e quanto melhor for a escolha que fizermos, melhor estaremos no controle de nossas vidas.
-William Glasser-
Quem foi Willian Glasser?
William Glasser (1925-2013) foi um psiquiatra americano conhecido por desenvolver a teoria da escolha e a terapia da realidade ao longo das décadas de 1950 e 1960. Seu trabalho é reconhecido pela Associação Americana de Psicoterapia (APA) e ele ainda ganhou o prêmio vitalício de mérito do Centro Internacional para o Estudo da Psiquiatria e Psicologia.
Glasser é conhecido, sobretudo, por questionar o uso dos rótulos clínicos clássicos do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ou DSM. Ele rejeitou o uso de psicofármacos na saúde mental e postulou que o bem-estar humano melhora se eles nos oferecerem ferramentas para tomar as decisões certas. Só então satisfaríamos nossas necessidades mais básicas.
Seu livro, Reality Therapy ( 1965), foi um sucesso de vendas por fornecer uma nova perspectiva sobre o pensamento psicológico. Era aquele que defendia a capacidade de escolha para melhorar a nossa existência. Seu trabalho deixou uma marca positiva no campo da saúde mental, negócios e educação.
A teoria da escolha: o que é?
O núcleo central da terapia da realidade de William Glasser gira em torno da teoria da escolha. Consiste em um modelo que parte do paradigma cognitivo e nos diz algo muito simples. Ainda que o que nos rodeia possa nos condicionar, a responsabilidade última quando se trata de ter o controle da vida para melhorá-la é somente nossa.
O autocontrole é a ferramenta adequada para estarmos bem e essa é uma base que devemos atender. Da mesma forma, Glasser apontou que nosso comportamento é impulsionado pelas cinco necessidades básicas a seguir:
- O amor.
- O poder.
- A liberdade.
- A diversão.
- A sobrevivência.
Assim, quando se trata de nos orientarmos para essas dimensões para garantir o bem-estar, devemos sempre fazê-lo de forma realista, assumindo a responsabilidade por nossas ações, pensamentos e emoções.
Terapia da realidade de William Glasser: objetivos e técnicas
O terapeuta Robert E. Wubbolding conduziu uma pesquisa em 2011 para analisar as chaves da terapia da realidade de William Glasser. O objetivo desse modelo clínico é descobrir as necessidades insatisfeitas da pessoa e orientá-las para que, por meio de melhores planos e estratégias, possam ser atendidas.
Isso se consegue ancorando o paciente em sua realidade atual para que, a partir desse ponto de partida mais objetivo, ele possa tomar decisões responsáveis. É assim que eles o orientam em direção aos seus objetivos e, em última instância, ao bem-estar psicológico. Vamos ver agora, quais técnicas são usadas.
A maioria de nós tem necessidades insatisfeitas que nos causam infelicidade. No entanto, se tomássemos novas e melhores decisões, isso mudaria. A terapia da realidade pode nos ajudar nesse sentido.
1. Hábitos de relacionamento
Como estão seus vínculos relacionais no momento atual? Você está feliz com seu parceiro? Você tem problemas familiares? A terapia da realidade dá atenção especial à qualidade dos laços sociais. Constituem um pilar essencial no bem-estar ou, pelo contrário, no nosso desconforto. Para isso, concentra-se na análise dos componentes mencionados abaixo:
Hábitos de conexão:
- Apoio.
- Escuta.
- Motivação.
- Compreensão.
Hábitos de desconexão
- Culpa.
- Reclamação.
2. Percepção da realidade
Cada pessoa filtra a realidade de uma forma, partindo de como se sente e também de suas experiências. Isso é decisivo para entender a origem de muitos desconfortos e infelicidades. O presente modelo terapêutico busca analisar a percepção que o paciente tem sobre cada aspecto que o cerca. Esse é o ponto de partida a partir do qual trabalhar.
3. Análise de propósitos e estilos de controle
Quando se trata de alcançar uma meta ou um propósito, é essencial entender como a pessoa direciona seus esforços para esses objetivos. Alguns assumem que mal têm controle sobre sua realidade. Há muitos que acreditam que as circunstâncias nos determinam e que pouco há a fazer a respeito.
A terapia de Gasser oferece estratégias para que os pacientes assumam um locus de controle interno. Em outras palavras, entender que ele é responsável pela própria vida e, portanto, pode aplicar estratégias em prol do que deseja.
4. O lugar de comparação
A técnica do lugar de comparação visa promover uma ideia no ser humano: o que você quer deve estar próximo do que você tem. Em outras palavras, ser realista e conhecer nossas habilidades. Metas fantasiosas demais levam quase sempre ao fracasso. Em vez disso, as metas que estão em sintonia com as capacidades serão mais bem-sucedidas.
Para quem é a terapia da realidade?
A terapia da realidade é usada em vários ambientes clínicos com eficácia notável. Seu principal benefício é, sem dúvida, fornecer ao paciente recursos para melhorar sua responsabilidade pessoal. Como essa dimensão é a pedra angular de muitas áreas da vida, certamente podemos imaginar suas aplicações.
Por exemplo, em pesquisa realizada na Universidade de Dongshin, na Coreia, foi observada melhora em pessoas com esquizofrenia. Dimensões como autoestima, enfrentamento do estresse e locus de controle interno foram otimizadas. No entanto, vejamos de imediato em que outros cenários essa terapia é útil:
- Vícios.
- Terapia familiar.
- Relacionamentos com problema.
- Melhoria do desempenho escolar.
- Pacientes com transtornos de personalidade.
- Desenvolvimento pessoal e alcance de objetivos de trabalho.
A terapia da realidade de William Glasser demonstrou ser útil em pacientes com esquizofrenia.
Eficácia e aspectos finais
Há um detalhe importante que devemos destacar sobre a terapia da realidade. Essa é uma abordagem que não aceita a existência de diferentes rótulos clínicos para transtornos mentais. Seu autor nunca olhou com bons olhos ao considerar seus pacientes como “pessoas com depressão” ou “pacientes com esquizofrenia”. Ele fugiu de rótulos e fármacos.
Para Glasser, comportamentos são escolhas que podem ser melhoradas no entorno terapêutico. O principal axioma é orientar os pacientes a tomar melhores decisões com base em sua realidade particular.
Da mesma forma, se nos perguntarmos sobre sua eficácia, deve-se notar que é aplicado com sucesso na área de relacionamentos, nas escolas, para desenvolver a responsabilidade nas crianças e, como indicamos, nas pessoas com esquizofrenia. É um modelo terapêutico interessante que trabalha tanto o bem-estar quanto o desenvolvimento pessoal.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Glasser, W. (1999). Teoría de la elección. Editorial Paidós. https://books.google.co.ve/books?id=vJ_VokHc-xIC&printsec=frontcover&hl=es#v=onepage&q&f=false
- Kim, J. (2005). Effectiveness of Reality Therapy Program for Schizophrenic Patients. Journal of Korean Academy of Nursing, 35(8):28. Publicado en línea en marzo de 2017. Consultado el 29 de marzo de 2023. https://synapse.koreamed.org/articles/1063341
- Lynn Fitzgerald A. (2011). Reality Therapy for Marital and Family Systems Counseling. Counseling and Wellness: A Professional Counseling Journal, 2:93. https://core.ac.uk/download/pdf/151422882.pdf
- Wubbolding, R. E. (2011). Reality therapy. American Psychological Association. https://psycnet.apa.org/record/2010-09293-000