Tratamento do transtorno de personalidade limítrofe

Quais são os tratamentos para o transtorno de personalidade limítrofe? Se você quer conhecê-los, este artigo é para você.
Tratamento do transtorno de personalidade limítrofe

Última atualização: 15 novembro, 2020

Você conhece as opções de tratamento para o transtorno de personalidade limítrofe? Este distúrbio se caracteriza por colocar em movimento um repertório de comportamentos não adaptativos em situações que geram frustração e desconforto. Os comportamentos desajustados estão ligados a expectativas muito altas e, quando não atendidos, acabam gerando desconforto.

O pensamento dicotômico também é frequente nesse transtorno, o que condiciona a relação e a percepção de mundo dessas pessoas. Por outro lado, isso explicaria seus comportamentos rígidos e limitaria sua esfera afetiva, laboral e social.

É verdade que pessoas que têm estabilidade emocional podem reagir de maneira inadequada em uma situação que lhes causa desconforto. A diferença entre pessoas com boa estabilidade emocional e pessoas com transtorno de personalidade limítrofe é que as primeiras geralmente sabem o quanto podem “se deixar levar” pela emoção. Enquanto isso, nas segundas, a reatividade ao desconforto costuma ser muito maior, podendo chegar a comportamentos de risco.

Mulher com transtorno de personalidade

Transtorno de personalidade limítrofe

O transtorno de personalidade limítrofe está classificado no grupo B dos transtornos de personalidade do DSM-V. É caracterizado por um padrão de instabilidade emocional que se manifesta nas relações interpessoais, na sua imagem pessoal e afetividade.

A impulsividade é outra característica-chave que se manifesta em plena escalada emocional diante de eventos desagradáveis. A impulsividade, no pior dos casos, pode levar a comportamentos de risco.

O que pode resumir aproximadamente o comportamento das pessoas com transtorno de personalidade limítrofe é que, quando confrontadas com situações que geram emoções desagradáveis, a escalada emocional costuma ser bastante elevada. Essa escalada emocional implicaria uma alta reatividade ao meio ambiente, com o retorno à linha de base mais lento que o normal.

Tratamento do transtorno de personalidade limítrofe

O transtorno de personalidade limítrofe costuma estar associado a outros transtornos (transtornos alimentares, vícios e outros transtornos do controle de impulsos). Portanto, a terapia psicológica é necessária e importante em todo o processo de tratamento do transtorno de personalidade limítrofe.

Os comportamentos não adaptativos associados ao transtorno de personalidade limítrofe são eficazes a curto prazo para aliviar o desconforto, mas não a longo prazo. Nesse sentido, os medicamentos podem ser um complemento a qualquer psicoterapia para o transtorno de personalidade limítrofe, sendo por vezes necessária a hospitalização ou o tratamento específico de transtornos associados.

A seguir, apresentaremos dois tratamentos para o transtorno de personalidade limítrofe.

Terapia Comportamental Dialética

A Terapia Comportamental Dialética foi desenvolvida pela Dra. Marsha Linehan. A terapia comportamental dialética une estratégias comportamentais com estratégias de aceitação e mudança por meio do modelo dialético.

Assim, a dialética é incluída no programa terapêutico para exagerar as conclusões absolutistas do pensamento dicotômico, promovendo a aceitação do desconforto e a mudança de certos padrões disfuncionais de comportamento.

Modos de aplicação do tratamento

A terapia comportamental dialética padrão para o transtorno de personalidade limítrofe é um programa muito abrangente que inclui quatro modos de terapia:

  • Terapia individual: é o formato básico. Um terapeuta é responsável por conduzir as sessões individuais que podem ser uma vez por semana com duração entre 50-60 minutos.
  • Treinamento de habilidades: corresponde à modalidade de terapia em grupo e complementa a terapia individual. O terapeuta deve ser diferente nas duas modalidades. As habilidades que são treinadas no transtorno de personalidade limítrofe seriam habilidades de atenção plena, regulação emocional, tolerância ao desconforto e eficácia interpessoal. As sessões também seriam uma vez por semana, com duração de cerca de 2-3 horas.
  • Generalização de atividades: ajuda o paciente a integrar as habilidades aprendidas em seu contexto natural. Isso é feito por meio de chamadas telefônicas entre as sessões, enquanto a pessoa coloca as suas habilidades para funcionar em situações do dia a dia.
  • Equipes de consulta: como forma de prevenção do burnout nos terapeutas responsáveis ​​pela realização do tratamento. As sessões de supervisão são realizadas semanalmente com toda a equipe.

Da mesma forma, antes de entrar no programa de tratamento, se estabelece o compromisso de frequentar a terapia pelo tempo estimado (normalmente entre 6 meses e 1 ano). O não comparecimento a quatro sessões consecutivas é motivo para a interrupção da terapia até o final do contrato, quando a entrada na terapia é negociada novamente.

Sessão de terapia

Terapia icônica

A terapia icônica nasceu das mãos de Soledad Santiago López no Centro de Assistência San Juan De Dios. Esta terapia funciona através de um modelo integrado que inclui um modelo explicativo sobre a falta de regulação emocional, um modelo terapêutico que inclui as diferentes estratégias a utilizar para trabalhar os comportamentos não adaptativos e os aspectos de vulnerabilidade que aumentam o risco de comportamentos instáveis.

Características da terapia icônica e sua aplicação

A terapia icônica é baseada no tratamento do transtorno de personalidade limítrofe por meio de ícones. Esses ícones são uma forma de verbalizar certos aspectos do comportamento não adaptativo de uma forma não crítica. Da mesma forma, fomenta-se o insight permitindo o treinamento de habilidades, como a tolerância à frustração, e promove estratégias de aceitação. Além disso, atua em outros aspectos como a sensação de vazio, identidade pessoal, autoestima, etc.

A terapia icônica é composta por 32 ícones que o indivíduo pode colocar em uma espécie de mapa que lhe permite se orientar desde a emoção negativa até a estratégia de enfrentamento mais útil. Essa estratégia de enfrentamento, por sua vez, é representada por um ícone.

Quanto à duração, é de aproximadamente 12 semanas e é realizada em conjunto com sessões em grupo, individuais e familiares uma vez por semana.


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